quinta-feira, 24 de abril de 2014

Onde Clio e Calíope se fundem: a metáfora da farinha d’água

Onde Clio e Calíope se fundem: a metáfora da farinha d’água[1]




texto originalmente publicado em:

 BORRALHO, José Henrique de Paula Borralho. Onde Clio e Caliope se fundem: A metáfora da farinha d'água. in: Alberto Pucheu, Flavia Trocoli, Sonia Branco. Teoria literária e suas fronteiras. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2014, 172 p.  pp. 25-40.       

José Henrique de Paula Borralho [2]

A literatura não nasce no vazio, mas no centro de um conjunto de discursos vivos, compartilhando com eles numerosas características; não é por acaso que, ao longo da história, suas fronteiras foram inconstantes. Senti-me atraído por essas formas diversas de expressão, não em detrimento da literatura, mas ao lado dela.
(Todorov, Literatura em Perigo)

Quando a apresentação do Professor Fábio Akcelrud Durão[3], durante o VIII Simpósio de Pós-Graduação em Ciência da Literatura, acerca do axioma da teoria literária enquanto multiplicidade de significados e das possibilidades interpretativas da literatura colocou a teoria literária em risco, um pouco no sentido proposto por Todorov (Literatura em Perigo, 2010), eu me senti contemplado, compartilhado acerca do que penso sobre os rumos de uma epistemologia rica em possibilidades de significações, interpretações, e quanto à proposição da crise da cultura, das teorias, metanarrativas e paradigmas referenciais do pensamento.

Fábio Durão, brilhantemente, a partir das questões da teoria e da crítica literária estadunidense mostrou como no país da América do Norte os manuais sobre teoria já não trazem mais o predicativo “literário”, posto que os condicionantes de uma crítica necessariamente já não dizem respeito às questões perpassadas pelo âmbito da teoria literária, mas de outras áreas próximas e afins. Também evidenciou o quanto a ideia de multiplicidade interpretativa sobre o significado da literatura já se tornou um jogo de auto-referenciação do pensamento, uma espécie de metalinguagem, preocupada na tergiversação do sentido ampliado, não necessariamente com o objeto em questão, e sim, com a própria referenciação da multiplicidade, cada vez mais distanciada de qualquer possiblidade de dizer qualquer coisa sobre qualquer objeto, transformando, portanto, o pensamento numa lógica de automação de sua existência pautada na reprodutibilidade dos múltiplos sentidos interpretativos.

A necessidade de dizer algo novo sobre o que poderia ser “literário” deita raiz numa operação mercadológica, numa lógica em que a espera de supostos neologismos teoréticos pouco ou quase nada ampliam sobre o fenômeno da literatura em si, como se de fato cada vez mais a literatura não expressasse ou dissesse nada sobre qualquer coisa, ainda que existam microfísicas plurissignificativas no campo da teoria literária e da crítica literária.

Qual é o lugar da literatura no mundo? O problema está na ideia de multiplicidade dos sentidos interpretativos da teoria e da crítica que cada vez mais pode ser tomados por axiomas filosóficos, problemáticas históricas, antropológicas, sociológicas, psicanalíticas? Não, a teoria literária cada vez mais se nutre disso e retira daí sua força estioladora de interpretação da linguagem, aumentando sua pletora condição de dizer algo sobre a condição humana. A questão referencial é em que medida a multiplicidade interpretativa da linguagem ao aumentar sua lente e possibilidade de dizer algo sobre a condição humana é ao mesmo tempo decorrência da mudança ontológica do que é humano, ou seja, à medida que pensamos sobre o que é humano muda, mudam também as possibilidades comutativas sobre ele, como também, é o afastamento do que é humano, como se a linguagem criasse um sentido auto-referenciado em que o jogo semiológico passasse a ser mais importante do que aquilo que a linguagem desenvolveu, qual seja, a dizibilidade sobre a existência. Nestes termos a teoria literária é uma possibilidade interpretativa sobre a existência humana e ao mesmo afastamento dela, ainda que a existência seja expressa também em forma de linguagem.  
         
A questão também colocada por Fábio Durão é que esse tipo de lógica cultural desconstrucionista, fragmentada e fragmentária não exime a responsabilidade pela ausência de posturas políticas no campo cultural, afinal, se nada pode ser definido em si, coloca-se em suspeição a validade de uma definição teórica sobre qualquer coisa, em última instância, a impossibilidade conceitual sobre qualquer objeto, a não ser sua própria desconstrução e aliteração reverberada ad náusea.  
  
Este capitulo não é uma redução das possibilidades significativas da teoria literária num esforço de tentar forçá-la ao seu ímpeto inicial, quiçá, de volta a Platão ou mesmo os românticos do século XIX e suas configurações sobre o que era belo, um conceito de literatura ligado à beleza e um instrumento sub-reptício, subjacente, enquanto afirmação da civilidade, de uma noção de cultura no sentido francês do século XVIII, afastando-se da noção germânica no mesmo período. O intuito é mostrar, ao contrário, que a ampliação da multiplicidade interpretativa da teoria literária é em si mesmo um atenuante da crise humanística, dos paradigmas referencias da arte e da literatura, de qualquer possibilidade de definição do que vem a ser o ente, de uma perspectiva contemporânea que não consegue enxergar para onde caminha, posto que a própria noção de humanismo já não deslinda qualquer referente sobre o que somos ou possamos vir a ser.

Neste sentido o contemporâneo é ambíguo, pois se trata de uma câmara escura porque não se sabe situar, no sentido agambeano do termo, ao mesmo tempo em que aposta em si mesmo como não possibilidade de saber o que enxergar.

Pode dizer-se contemporâneo apenas quem não se deixa cegar pelas luzes do século e consegue entrever nessas a parte da sombra, a sua íntima obscuridade. Com isso, todavia, ainda não responderemos a nossa pergunta. Por que conseguir perceber as trevas que provêm da época deveria nos interessar? Não é talvez o escuro uma experiência anônima e, por definição, impenetrável, algo que não está direcionado para nós e não pode, por isso, nos dizer respeito? Ao contrário, o contemporâneo é aquele que percebe o escuro do seu tempo como algo que lhe concerne e não cessa de interpretá-lo, algo que, mais do que toda luz, dirige-se direta e singularmente a ele. Contemporâneo é aquele que recebe em pleno rosto o facho de trevas que provém do seu tempo (AGAMBEN, 2010, p. 64). 
  
Assim, a teoria literária como outros campos, traz consigo uma duplicidade potencial, é viva, alarga as possibilidades significativas de compreensão sobre o vivido e o cognitivo, ao mesmo tempo em que aposta numa falta de definição sobre o que seja sua função como possibilidade de descrição sobre a existência ou as angústias derivadas dela.

A proposta é mostrar que a crise não é apenas da teoria literária, como também das metanarrativas ante a multiplicidade das problemáticas sociais, e do próprio pensamento que se alimenta da crise para legitimar sua referenciação autorreguladora e sustentada, ou seja, numa perspectiva academicista, numa universidade que não é, no dizer de Fábio Durão, nem da cultura, nem da razão, mas sim da excelência produtivista. Como a Universidade não sabe o que dizer da cultura, do Estado, do social, da estética, não lhe resta outra saída a não ser tergiversar sobre a condição micrológica dos múltiplos sentidos indeterminados das multiplicidades. A indeterminação à medida que amplia a possibilidade interpretativa e reflexiva do pensamento se enreda no jogo perigoso de falar de uma cultura ausente, de falar do nada, ainda que o nada não exista, pois à medida que é narrado, passa a existir. 

Qual é então o lugar da literatura? Qual é o lugar da cultura? Não proponho de forma ingênua um retorno às origens, tampouco uma definição clássica de literatura aos moldes do século XVIII, mas a questão é se a fragmentação do ser, a sua total desfiguração não coloca a priore um limite sobre qualquer possiblidade de definição e conceituação sobre o que é literatura e seu papel no mundo, a não ser a da própria auto-desreferenciação. Qual a diferença entre isto e a proposta cética e niilista dos pós-modernos ausentes[4]? À medida que os pós-modernos criticavam o iluminismo, o cientificismo do século XVIII e XIX e prefiguravam a indeterminação do sujeito ou de qualquer coisa, colocavam de fundo o problema também semiológico de qualquer referente em que efetivamente a conjunção entre o significante e o significado mais do que nunca perdia o sentido.

Esta crise epistemológica no campo da teoria e crítica literária há algum tempo se arrasta na história enquanto ciência. Desde a crítica ao romantismo alemão em suas várias vertentes (filosofia, história, literatura) e sua máxima vertente no campo da significação cultural por parte de historiadores como Humboldt e Ranke, passando pela apropriação do método histórico do positivismo a partir do historismo é que muitas possibilidades de síntese em história, definição e conceituação têm sido largamente criticadas.

Há uma comutação das crises das teorias da história e das teorias literárias, posto que ambas se lançam sobre o fundo comum da condição humana; a história enquanto discurso do realizado, da experiência do vivido; a literatura enquanto a fala daquilo que ainda quer viver, e já viveu. A metáfora da farinha d’água é a expressão dessas duas áreas que de formas distintas dizem coisas diferentes sobre a existência porque suas perguntas nascem de formas igualmente distintas sobre aquilo que é comum: necessidade de explicação sobre o que é o ser e suas tergiversações. A história é a farinha ensacada, a literatura é a farinha esparramada.  
 
Neste capitulo não será possível delinear os contornos de toda a problemática teórica do campo epistemológico da história desde o final do século XIX até o início desse milênio, passando pela tumultuada relação entre história e literatura. No entanto, a possibilidade de encaminhamento de proposições para a significação de uma epistemologia propositiva e não apenas desconstrucionista é o que me move no terreno da história e da literatura. A rigor, o que persigo é a poética da farinha d’água que abordarei à frente, o fim da divisão entre história e literatura e vontade de uma ciência holística, integrada, unificada.

A fragmentação na história criou vários problemas tanto quanto ampliou a capacidade de observação do objeto sociológico. Se por um lado lançou questões como novos objetos, novas abordagens, novos problemas, por outro, revelou suas bases frágeis, dando margens a uma crítica mordaz que passou a chamar a história de “modismo”.

Quando os primórdios de escola da cultura na Escócia no século XVIII lançou o olhar sobre a matéria, esboçava-se uma profícua possibilidade de interpretação hermenêutica das sociedades, ampliadas depois pela conjunção filosofia e história a partir de pensadores como Kant, Hegel, Schelling, Fichte, e historiadores como Fustel de Coulanges, Humboldt, Ranke, Michelet, Buckhardt, dentre outros. Com o advento da ciência histórica e apropriação do método de investigação do historismo pela escola metódica francesa, a separação da história da filosofia e da história da literatura trouxe o equívoco conceitual sobre o que seja um problema histórico, muito tempo depois corrigido por Michel de Certeau (“toda operação histórica é em última estância uma questão filosófica”), (CERTEAU, 1982), pelas críticas da epistemologia histórica operada por Foucault (1998, 1999, 2000-a, 2000-b) e pelo bombardeio sobre a possibilidade da história enquanto ciência do tatear os sentidos da existência feita por Roland Barthes (1963), afora os argumentos lítero-históricos de Walter Benjamim (1931).

A ciência histórica se separara dos seus dois grandes arcabouços interpretativos no fim do século para já no início do XX corrigir essa distorção pelo movimento cognominado de Escola dos Annales (1929-1945), liderada por Lucien Febvre e Marc Bloch. A única saída para ultrapassar a pobreza conceitual da história era exatamente romper os paradigmas referencias dessa ciência e se apropriar de problemáticas, temas, conceitos e métodos das outras áreas afins. 

Somente a partir da década de 60 do século XX, já iniciada a escalada vertiginosa da crise das ciências humanas e notadamente da história é que a relação história e literatura tomou novo ímpeto, agora, confluenciada pelos trabalhos da semiologia, semiótica, por um solfejo de aproximação com o formalismo russo, pelas contribuições do cinema, da antropologia e pela escalada crescente da malfada conceituação de pós-modernidade. A crise paradigmática abriu grande precedente para a ampliação dos objetos, temáticas, problemas com a ampliação do seu campo, do deslocamento do sujeito, da crise do Estado e da política, da desconfiança da ciência iluminista que se dirigia para mares dantes nunca navegados: micro-história, history of law, história oral, semiótica, ao mesmo tempo que recebia duras críticas pela falta de definição operativa do novos objetos e metodologias, afora as advindas do marxismo vulgar acusando-a de apolítica, panegírica, supérflua, conservadora, vez que se furtava de sua condição ideológica.

Os trabalhos então surgidos dessa relação quase sempre se deslindavam pela história social da literatura. Literatura como fonte histórica. Literatura então pensada como mais um campo documental de possibilidade, fonte, ainda que esse termo traga tantos inconvenientes ao campo histórico, afinal, nascera no século XIX oriundo da mecânica hidráulica, referente fonte igual a lugar de onde brota a nascente, a água, a verdade. Com o perdão da incongruência conceitual, era uma espécie de licença poética dos historiadores pedindo permissão aos “historiadores de verdade” por trabalharem com uma ferramenta – literatura – sem necessariamente abandonar a história enquanto ciência.

Não que não tenham surgidos trabalhos profícuos dentro da história social da literatura, e, aliás, não cessam de crescer e gerar bons e grandes frutos, mas ainda são tímidas as incursões quanto à investigação da verossimilhança, da poética, do ato criador de um texto, e soçobram análises sobre o sistema literário, autor, obra, público e remissão. A perspectiva do narratário, do texto como sentido em si mesmo ainda geram polêmicas. 

Esta abundância de trabalhos relacionando história e literatura faz parte da indústria historiográfica global e de suas linhas de produção. Como a história virou uma grande vitrine, virou fast food[5], em que se serve de temáticas e problemas como se consome comida, roupa, lazer, trabalhar como temas tradicionalmente ligados à literatura atende aos interesses de uma historiografia que não pode parar, pois imersa numa lógica industrial de produção, necessita apresentar novos modelos, novos detalhes, novas nuances, novas roupagens, ainda que seu conteúdo intrínseco pouco ou quase nada de novo contenha. 
 
Existe uma exploração desmedida das fontes, nem tanto porque apresentam incongruências teórico-metodológicas, e sim, porque dissecado o corpo, não se sente o cheiro de carne, de vida, de gente. É como se a perfumaria, a maquilagem usada para embelezar o cadáver, a sociedade, fosse mais importante do que o sentimento de perda do ente querido, a cultura, a dor, a saudade de um tempo, espaço, de uma experiência vivida.

Existe um efeito dessa historiografia não propositiva que se preocupa muito mais com a perfumaria do que com o sentimento? Sim, nem tanto pela variedade de temas, como já afirmei. Seria inelutável frear qualquer projeto de pesquisa, barrar ou impedir qualquer pesquisador motivado a perscrutar qualquer temática social sobre qualquer ângulo. Não se barra o pensamento. No entanto, o que questiono não é a validade das pesquisas, mas sim se o pesquisador efetivamente compreende o sentido de sua pesquisa e se ele não está apenas preocupado em atender as demandas de uma produção historiográfica crescente em números e não em proposição de sentidos. Portanto, os efeitos dessa historiografia não se referem à variedade de temas, mas ausência de identidade, de relação efetiva entre o pesquisador e seu objeto, como se efetivamente aquilo que estuda não estabelecesse vínculos com ele ou sequer fosse fruto do seu desejo.
   
A linha “história e literatura” segue o mesmo caminho? Sim e não. Sim, à medida que a ligação “e” em história serve para tudo; para a ligação com a antropologia; com a sociologia; com o cinema; com a filosofia, não preocupada na eliminação dos campos conceituais no sentido proposto por Bourdieu (1989), enquanto afirmação dos agentes pautados na relação de força da ciência enquanto espaço de poder e legitimação.

Esta relação implica em dizer que a aproximação da história com outros ramos do conhecimento quando é feita supostamente denotando sua capacidade de “dialogar” com tais áreas, mas sem querer repensar de fato sua epistemologia, sobretudo com a literatura, desdobra-se em dois vórtices; um interno, outro externo. O interno diz respeito às disputas entre as correntes históricas nos espaços de legitimação da ciência, institutos, universidades, conselhos de pesquisas, instituições de fomentos, que observados de um ângulo de um Congresso Nacional da área mais parece um grande supermercado onde pesquisadores colocam num carrinho, compram efetivamente, sem se preocuparem o que se passa na gôndola ao lado, como se de fato não houvesse nenhum vínculo entre eles, como se o supermercado não expusesse o mesmo produto: história. 

Quando a relação história e literatura segue essa lógica não acrescenta muita coisa. É fruto de uma história fast food em que a literatura é produto de alto consumo, de luxo que serve muito mais para a inflamação dos egos, de uma disputa para saber quem apresenta novidades do campo da crítica e teoria literária, mesmo que não se mergulhe nos sentidos propositivos de uma crítica ou teoria. 

O sentido externo serve para a relação de disputa entre campos, para legitimar perante as outras áreas que a história é capaz de se renovar, pois não usa mais a tática Fabiana[6]. De fato a história se renova, se amplia, mas por que não consegue dizer algo novo sobre a condição humana? Detecta o nascedouro da crise humanística, suas consequências, características, sem necessariamente apontar novos caminhos? Então o que está em xeque e no limiar são os modelos referencias de convivência, percepção, de sensibilidade e sociabilidades humanas? É por essa razão então que a teoria literária cada vez deita suas análises sobre as multiplicidades interpretativas da linguagem fugindo da definição do que é humanidade?

Quando a relação entre história e literatura não segue o mesmo caminho dos efeitos de uma historiografia não propositiva? Existe uma variegada e vasta produção na história entrelaçada com a literatura ampliando por demais esses dois campos do saber. Quando ambas entendem que a história é a farinha ensacada porque sua estrutura não comporta um processo tão subjetivo, a história é a preceituação do vivido em sentido da passeidade, do real vivido. Então cabe à literatura, dentre outros discursos “provocá-la”, posto que a vida não é unidimensional, ao mesmo tempo que a história evidencia para a literatura que a concretude da existência por vezes é o resultado do processo subjetivo, já encapsulado nas relações sociais, quer dizer, o somatório das múltiplas subjetividades.  
  
“Os historiadores que repensam as categorias da compreensão histórica têm, de fato, maiores probabilidades de encontrar um grande número de vozes submersas que contestam seu desejo histórico (e metafísico) de um significado unificado e sem ambiguidades” (KRAMER, (2001, p. 139). Ainda assim, as imbricações entre essas duas áreas fogem às determinações da mera vontade de composição, pois na asserção de LaCapra a história nunca pode ser inteiramente separada da literatura ou da filosofia, ou de outras linguagens, ainda que nunca seja idêntica a esses outros discursos.

A relação entre a História e a Literatura não é idêntica porque a pergunta feita por essas duas outras áreas partem de premissas diferentes, mas o resultado de qualquer uma delas recai sobre a condição humana, portanto, as respostas diferentes sobre o que seja humano não deveriam constituir-se como elementos de disputa para saber quem pode ou sabe mais sobre qualquer coisa, e sim, enquanto um quadro compósito de uma sinfonia tocada por instrumentos distintos. Cada pergunta, cada axioma, teoria, conjuga-se numa grande partitura.

O desafio da história é libertar-se dos esquemas reducionistas de interpretação da vida, tal como fazem a literatura e a teoria literária. O desafio da teoria literária é aproximar-se da história percebendo como a complexidade da vida é esquematicamente representada no discurso histórico, da noção de realidade social.

A descrição dos fatos a partir de vestígios do passado presentes em documentos não dão conta nem mesmo da complexidade do próprio fato, quiçá, da sua total complexidade, afinal, como afirmou Dominick LaCapra: “O passado tem suas próprias vozes e estas precisam ser respeitadas” (LaCAPRA, 1983p. 64). A vida constitui-se num mosaico não agrupado. As diferentes teorias em qualquer área têm se constituído num exercício da linguagem, do pensamento em busca de sentidos, de respostas que aplaquem a dúvida sobre a existência.

Nestes últimos tempos, com o processo acelerado de mudança sobre a percepção e a condição humana, com a crise das metanarrativas, com os grandes paradigmas do pensamento, com a fragmentação do social, da política, do tecido social, da perspectiva de abandono de qualquer definição sobre o que seria o melhor projeto de sociedade, o horizonte de indefinição se apresenta como a única alternativa possível para o pensamento.

       A literatura com sua capacidade indefectível de ser anteparo e ao mesmo tempo ressonância das crises humanísticas, possivelmente uma de suas melhores traduções, não deveria ser repositório de uma concepção advogada do niilismo e do solipsismo, separando radicalmente o eu e o mundo: “isto é, de que não existe mundo comum” (Todorov, 2010, p. 44). Se assim o for, a literatura passa a ser a representação da negação, de uma ideia segundo a qual “os homens são tolos e perversos, as destruições e as formas de violência dizem a verdade da condição humana, e a vida é o advento de um desastre” (Todorov, 2010, p. 42). Ainda que utopia, a literatura deveria postular a poeticidade da existência. Ainda que construção discursiva, o belo é melhor que o “não-belo”, o amor do que ódio, a paz melhor que a guerra, a amizade é melhor que a inimizade, um campo verdejante e florido mais belo que uma chaminé de uma fábrica, a esperança melhor que o desespero, a felicidade melhor que a não vida. 

       “A literatura muda porque a história muda em torno dela”, segundo Compagnon (COMPAGNON, 2006, p. 196). As mudanças decorrentes na história das sociedades humanas conspurcaram uma noção de sociedade fragmentada, do abastardamento entre homem-mulher-natureza, da asserção equivocada de que o homem como ser referente poderia colocar a natureza em um microscópio, estudá-la e dissecar seus enigmas, compreender seus mistérios, desvendar o cosmos.

Então, porque em parte a teoria literária que criticava a história por conceber o mundo a partir de estruturas muito bem definidas tem se deixado arrastar por uma visão de mundo com sua ferocidade e condições sociais cada vez mais céticas, por vezes assumindo um discurso prefigurado de negação, acompanhando tão somente o que os discursos científicos, dentre eles o histórico, postulados desde meados do século XX? Não adianta apenas a teoria literária alçar novos voos e fazer novas descobertas, é preciso entender como a compreensão da vida está representada em textos científicos, “e a crítica literária mostrou que a narrativa histórica só pode ser prefigurada num número restrito de estruturas”, (KRAMER, 2001, p. 147). A literatura sempre foi mais livre que qualquer discurso científico.

Uma das saídas da história, além de reverberar o que aconteceu, é começar a apostar no que poderia ter acontecido, no “se”, nos desejos pungentes e latentes do desejo de vida para além do que objetivamente se concretizou. Se cada vez que se “retira um livro da estante para ler, outro livro, desse mesmo livro, permanece lá, para sempre invisível, para sempre ilegível, na asserção do escritor egípcio Edmond Jabés, segundo Pucheu (2010, p. 56); afinal, toda obra escrita é apenas um prelúdio de uma obra ausente”, para cada ação histórica efetivada, outras tantas existiam potencialmente e queriam ser percebidas e sentidas.

Para Roland Barthes: “A história literária só é possível se ela se faz sociológica, se se interessa pelas atividades e pelas instituições, não pelos indivíduos” (BARTHES, 1963, p. 156). “Do outro lado, em oposição à instituição literária, há, no entanto, a criação literária, mas esta não pode ser objeto de nenhuma história”, segundo Compagnon (COMPAGNON, 2006, p. 219). Por que a criação não pode ser objeto de nenhuma história? Porque as estruturas narrativas do discurso científico estão muito bem prefiguradas? É preciso repensar este modelo, e nisto a teoria literária deveria invadir as teorias da história, tomá-las de assalto e evidenciar que a ciência só consegue vasculhar o efetivado, aquilo que pode provar, experienciar e quantificar. A existência está para além disso. A vida é mais. Ela inclusive se insurge a cada dia no desejo contido, numa poesia, numa canção de esperança, nos gritos de insubordinação social, numa revolução, nas ruas, nos campos, em qualquer lugar. 

As sociedades humanas optaram pelo processo de dominação física e simbólica, pela segregação, pela marcha do consumo como paradigma de sociabilidade, pelo capitalismo, pela poluição, por uma ciência que não pulsa a vida, não alia e nem repensa seus paradigmas, não abandona seus postulados, disputa relações de poder.

No entanto, algumas experiências no campo da física e mecânica quântica apontam para um repensar da ciência moderna e dão sinais de força e renovação na epistemologia e no pensamento ocidental. Em artigo publicado no meu blog VERSURA (http://www.versura.blogspot.com), escrevi sobre a relação entre física quântica e o desvelamento de novos mundos, cujo trecho transcrevo abaixo:  


O que a Física Quântica pode oferecer de novo? Que fique claro que existe uma parte da Física Quântica que é física pura, ou seja, detém-se sobre os quantos de energia, portanto, não se apresenta como nenhuma novidade no plano do pensamento, nem é sua pretensão. No entanto, de uma forma nada científica, as teorias de Heisenberg, Max Planck, Einstein e outros foram apropriadas por vários ramos do pensamento correlacionando à ideia, baseada na pergunta sobre para onde teriam ido os elétrons ou porque eles dão saltos, de que teriam ido para o mundo paralelo, ou seja, iniciava-se uma série de especulações acerca da existência de outras formas de energia para além do núcleo do átomo. Foi a porta de entrada para o surgimento de uma nova neuropsicologia, afinal, o pensamento é feito de pulsões elétricas, para o surgimento da física do impossível, para a revisão da história do pensamento ocidental, para insurgência de autores como Fritjof Capra e sua nova compreensão científica dos sistemas vivos. Em suma, parte de teorias como as de Fritjof Capra sustentam que o grande problema se concentra na forma como concebemos a vida, o pensamento, as relações sociais, dicotomizando homem-natureza, desprezando a intuição, a sensibilidade, a espiritualidade, limitando a possibilidade de mudança da realidade a partir da força da evocação de energias boas e transformadoras. Em livros como Ponto de Mutação (1982), Capra afirma que a história da humanidade poderia e pode ser outra se concebermos o real a partir de vários ângulos e perspectivas existenciais e que o sistema cartesiano não poderia ser a matriz e a base de nossa forma de concebermos o mundo. No fundo, o paradigma ocidental tolheu a capacidade ocular de enxergamos outros mundos pela força da cultura. Quem vê é o olho ou a cultura? A cultura baseada em uma matriz meramente materialista minimizou a própria matéria e sua zona de intercessão com os mundos paralelos (BORRALHO, 2011-b).
     
O que a ciência tem feito até agora é mostrar como a entropia, teoria desenvolvido por Ludwig Boltzmann (1844-1906), desencadeia a ação do tempo, liga o relógio do cosmos, mostrando que o tempo não para. A entropia evidencia a desordem. Entropia é desordem; tudo esmorece, tudo morre, tudo perece, posto que não se possa parar a máquina do tempo. Por isso não existe a máquina perfeita, a geladeira perfeita: é a chamada segunda lei da termodinâmica. Um jogo de quebra-cabeça depois de bagunçado, sacudido em sua caixa como estava organizado inicialmente jamais voltará à sua condição inicial. Por isso a angústia de historiadores e literatos: a existência. Ambas sempre lutaram contra a morte, o desaparecimento, contra a desmemoria, o fim, a finitude. A vida é mais!

O que Boltzmann evidenciou foi tão somente como a ação do tempo é irreversível, presa a uma dinâmica da física newtoniana, aos corpos materiais, a relação tempo-espaço. A teoria da história quando evoca sua capacidade sensível de perceber outros tempos, outros espaços, para além da segunda lei da termodinâmica, aproxima-se da literatura enquanto discurso sensitivo, olhar arguto sobre as formas como homens e mulheres se relacionam com os espaços e reelaboram a concepção de tempo. Não há tempo, há tempos; o tempo do amor não é igual ao do labor; da saudade igual ao calendário gregoriano; o da memória igual ao da história enquanto discurso; da imaginação igual ao da realização do imaginado; da lembrança igual ao ato efetivado; da criação ao da escrita; do poema igual ao da poesia. Literatura e história podem, inclusive, equacionar a segunda lei da termodinâmica sinalizando como o sentimento contém elementos de dentro e de fora da entropia ao mesmo tempo, constituindo uma ordem dos sentidos e uma desordem do espaço-tempo. 
               
Clio e Caliope que nasceram como musas andaram juntas por longos períodos até se separarem no século XIX quando a história optou pelo caminho do cientificismo, de uma ciência que prometia desvelar tudo, descobrir tudo, dizer tudo. Prometeu o progresso, a paz, a felicidade. Não cumpriu a promessa, daí o discurso de negação do século XX, da desconstrução, da desrazão, do ceticismo, do solipsismo.

História, literatura ou qualquer ramo do conhecimento não precisa ser ensacado ou esparramado como se o que está esparramado antes não estivesse ensacado e o que está ensacado não pudesse a qualquer momento derramar-se. O “fictício”, os insights em literatura são mais que reais. A noção de representância: vontade de atingir o passado, conceito atribuído por Paul Ricoeur (1983/1985) revela o exato momento em que Clio e Caliope se fundem: história e memória nascidas do mesmo desejo, farinhas do mesmo saco. 

O poeta Ferreira Gullar certa vez bradou: “a vida é uma invenção, se a gente inventa para o bem, ele é boa, se se inventa para o mal, ela é ruim”...!!!
 

 BIBLIOGRAFIA

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[1] Farinha feita a partir da mandioca, prática indígena e que hoje compõe a cesta básica de comunidades do Norte e Nordeste do Brasil, exemplos, Pará e Maranhão. Compõe o regime alimentar dos maranhenses, sobretudo quando misturada à juçara, também conhecida como açaí. Farinha de cor amarelada, granulada.

[2] Professor do Departamento de História e Geografia da Universidade Estadual do Maranhão, Coordenador Operacional do Dinter em Ciências da Literatura entre a UFRJ e a UEMA. E-mail: jh_depaula@yahoo.com.br.

[3] Fábio Akcelrud Durão, Professor do Departamento de Teoria Literária da Unicamp. Ministrou a conferência: Por uma crítica da multiplicidade nos estudos literários, no dia 20 de outubro de 2011, durante o VIII Simpósio de Pós-graduação em Ciência da Literatura, na UFRJ.

[4] Sobre essa questão ver Marshall Berman. Tudo o que é sólido desmancha no ar: aventura da modernidade, 1986. Para ele a pós-modernidade ausente ou negativa é aquela em que não apenas critica o formalismo da ideia de sociedade e ciência do século XVIII e XIX, mas nega qualquer possibilidade de construção de utopias ou ideais, posto que a vida não tenha sentido em si mesma.
   
[5] Termo utilizado por Antonio Celso Ferreira (1995, p. 34), significando acontecimento de digestão imediata.

[6] A tática Fabiana consiste na estratégia utilizada pelos historiadores de se esquivarem das cobranças oriundas de cientistas e literatos quanto ao método e a conceituação de literatura supostamente utilizada por aqueles. Quando os cientistas perguntam aos historiadores qual o método cientifico utilizado por eles, respondem: nós não somos cientistas, somos uma espécie de literatura. Quando os literatos perguntam sobre os postulados de uma teoria literária estes respondem: fazemos uma espécie de ciência singular, segundo Paul Veyne (1988). 

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