tag:blogger.com,1999:blog-58875101981490326692024-03-16T04:48:55.347-07:00VersuraHenrique Borralhohttp://www.blogger.com/profile/13756164647342469985noreply@blogger.comBlogger376125tag:blogger.com,1999:blog-5887510198149032669.post-32474700936264384732024-03-16T04:33:00.000-07:002024-03-16T04:48:20.738-07:00Entrevista com Arton, de Sirius. Parte II<p> </p><p><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16px; text-align: justify;">Entrevista realizada no dia 14 de fevereiro de 2024, às 20:00, com duração de 1': 32'', gravada em um aparelho Motorola one zoom por Patrícia Buarque de Holanda. Entrevista revisada por Davi Toledo. Gratidão à Aline Pinheiro pela revisão gramatical e ortográfica.</span></p><p><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16px; text-align: justify;"><br /></span></p><p style="text-align: center;">TEMAS ABORDADOS</p><p>A) SOBRE OS RESULTADOS DA PRIMEIRA ENTREVISTA;</p><p>B) SOBRE OS EXILADOS DE CAPELA;</p><p>C) BLOQUEIO DOS CHAKRAS;</p><p>D) ALIMENTAÇÃO E O DESPERTAR ESPIRITUAL;</p><p>E) O SIGNIFICADO DO AUMENTO DAS EXPLOSÕES SOLARES;</p><p>F) SOBRE OS "3 DIAS DE ESCURIDÃO";</p><p>G) QUEM É O QUE É O ANTICRISTO?</p><p>H) SOBRE A GRANDE TRIBULAÇÃO</p><p><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Entrevista nº 2</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Início com uma oração do Pai
Nosso, seguida de uma Ave Maria....<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Com
a graça de Deus e de Nossa Senhora, livra-nos de todos os males, neste vasto e
belo mundo de provas e expiações. E hoje, nessa pequenina cúpula do Cristo, livrando-nos
dos perigos, para o cumprimento da ordem, da lei e do amor do Criador. Pois,
nessa construção vamos nos reconhecendo, tentando compreender esse estado
escalonar, que nos impulsiona através do amor, graças a Deus.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Maior
do que Deus, ninguém! Lá em cima quem manda é Deus, aqui embaixo quem reza sou
eu. Em Cristo, tudo eu posso, tudo espero. Maria, Maria, Maria, iluminai a todos
nós. Estrela guia iluminai a todos os enfermos e necessitados. Porque somos a
ordem, a lei e o amor, porque somos Deus manifestado em todos nós, por isso
somos o que somos, hoje e eternamente, graças a Deus.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">(00:00:16)
O “fio” está de volta, para ouvir as conversas deste pobre véio (risos).</span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">_
“<i>Voltei para ouvi-lo, novamente” ...</i> Assim se dá o processo de
aprendizagem, uns aprendendo com os outros, assim é a vida, se construindo e se
reconstruindo constantemente. Se assim não fosse, qual seria o sentido da
vida?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Erguer os olhos aos céus com
saudade dos tempos idos, se lembrando dos tempos vividos, buscando renovar-se e
se esforçando a recuperar aquilo que lhes foi tirado em um tempo, mas qual é a
esperança? Ao de reencontrar o Criador, nesse pequeno multiverso.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O
universo é por si só simbólico, portanto, não existe o acaso. Todo regresso é
consequência de um aprendizado que permitem aos filhos a busca incessante ao
Pai. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">(00:09:36)
</span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A
primeira pergunta é: <b>O Senhor gostou do resultado da primeira entrevista?</b>
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Todo
conhecimento quando é levado as massas tem diversos fatores: contrários,
positivos e neutros. Às vezes faz sentido para uns e pode ser muito desafiador
para outros. Mas, o importante compreender não é o resultado, porque o
resultado ainda não veio, mas ainda chegará. Toda expectativa precisa ser
silenciada, porque a mensagem ainda estar a caminhar, e não a passos largos,
mas em passos firmes, todos são incitados a buscar respostas. Não se pode
pensar no agora, mas nos segundos que antecedem as vossas existências futuras.
Cada um tem suas sombras, seus desafios internos, suas potencialidades. Se disser
que o futuro está a um segundo de vossa existência, talvez isso se torne mais
complexo para a vossa consciência, mas, para aqueles que já estão despertos,
isso é mais compreensível. Então, não crie expectativa de tudo o que está sendo
verbalizado e manifestado. O importante é a busca do semear, porque as consequências
virão, baterão as vossas portas, o semear não se faz somente no agora. Porque várias
vezes se pensa muito no futuro, e o futuro não nos pertence, e sim, a ordem do
universo, ao Criador. É pensar como os passos da formiguinha, um dia após o
outro, no amanhecer, no entardecer e no anoitecer. Porque uns estão imersos somente
nas questões espirituais, outros, voltados unicamente as questões mundanas, e
ainda há aqueles que querem rasgar suas vestes carnais, mas não é isso que os
torna mais espiritualizados. Quando quero eliminar uma sombra sem compreender, eu
anulo aquilo que eu me propus a superar. É preciso trabalhar aquilo que somos.
Quando se realiza um embate consciente, não colocando os instintos acima de
tudo e de todos, mas compreendendo o nosso caminhar e aos poucos se iluminando.
Isso sinaliza aquilo que eu sou existencialmente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">(00:00:15)
Quem são os exilados de Capela?<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Interessante,
porque muitos irmãos que vieram não são oriundos de Capela, e sim, perpassaram
por Capela. Ter perpassado em Capela não determina ser um exilado. Exilado é
aquele que é direcionado de uma forma imposta. Muitos dos que perpassaram por
Capela foram convidados à Terra. Vieram compartilhar muitos dos seus conhecimentos,
estão aprendendo nessa passagem pela Terra, que por estarem presos aos seus
passados, tentam descobrir suas origens e isso pouco importa. A vida se faz
aqui e agora, só existe o presente. É preciso se desvencilhar das amarras do
passado, não com a inteligência, mas se desvencilhar delas com os sentimentos
sublimes. É preciso ter equilíbrio, não basta apenas ter intelecto. Sempre digo
que existem dois tipos de intelectos: o que constrói e o que desconstrói. Qual
é o que descontrói? Aquele que acredita ser supostamente o detentor de toda a
verdade. E o que constrói? Aquele que serve de combustível para seguirmos
viagem e nos desprendendo dos apegos. Para ascender é necessário se desvencilhar
das amarras da vida, dos fardos e daquilo que supostamente se acha detentor. É
preciso se reencontrar consigo mesmo, não daquilo que foi perdido, mas vivendo
no presente aquilo que ressoa ao coração. O viver é agora. É preciso entender
que vocês não são anjos e nem se tornarão. Anjos pertencem a uma outra
hierarquia de seres evolutivos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Exilado
é um termo degradante de uma experiência. Ninguém está aqui como presidiário,
num planeta prisão. Todos vivem suas experiências em busca de suas
transformações e não encarcerado pela própria vida. Se olharmos em outra perspectiva,
veremos que tudo faz sentido, compreenderemos de uma outra forma. Deus está em
todos os lugares, dentro de nós, portanto, ninguém está aqui preso, estão se
transformando, pelo menos deveria aproveitar cada instante, ser grato, amar,
não persistir no erro. Mas, de fato, nessa existência existem limitações, por
isso, não é possível o alcance a todas as respostas. Limitações são uma coisa,
prisão, outra. Devemos compreender a magnanimidade do Criador espalhado por
todo o universo e expandir a consciência. Quem está desperto não se sente
encarcerado, preso à essa realidade. Quem está desperto encontra sentido em
tudo o que vive, encontra respostas, mas não em sua totalidade. Aprisionamento
é o sentir sabedor de tudo, conhecedor de tudo, isso sim é estar preso em um
sepulcro caiado. A verdadeira beleza está nos valores que se adquire na própria
experiência refletindo na verdadeira inteligência que é divina. Conhecimento
sem ação é o verdadeiro aprisionamento limitante da alma. É preciso estender as
mãos e dar aos irmãos o alimento do corpo, da alma, é preciso acolher. Estamos
no mesmo rio da vida. Façamos disso a busca constante pelo supremo Pai Criador
de todos nós.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">(00:30:00)
Abertura do 3º olho<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Para
muitas pessoas existe uma abertura do 3º olho, mas há uma desconexão entre o
inconsciente e o consciente. Isso se dá porque esse processo de abertura
acontece de forma lenta e gradativa. Além do mais, em muitos casos o
aprisionamento ao passado é um impeditivo, porque nem todos estão preparados
para acessar certas informações. E quando isso acontece, ao invés de se avançar,
fica-se impossibilitado de seguir viagem. Quem tem o 3º olho aberto desenvolve
muitas habilidades, estão imersos em processos profundos do seu eu, que muitas
vezes pode gerar dois fatores: um danoso e outro benéfico. O danoso é um
desequilibro da psique, gerando fragmentações do eu podendo gerar delírios
insustentáveis ou, se conseguir estabelecer um certo equilibro se torna um
canal da vida. Qual é a funcionalidade espiritual da abertura do 3º olho?
Clarividência? E o que acontece quando se abre o 3º olho? Será que vocês estão
preparados de fato para ver o que os arrodeiam? O que de fato acontece no mundo
espiritual? Saberão discernir as informações? De onde estão vindo e com que
intenções? Se não conseguem responder essas perguntas, então, não há ainda a
necessidade de abertura. É preciso ter muito cuidado, porque em muitos casos a
tentativa de abertura do 3º olho é provocado por entidades de baixa vibração,
enganosas, danosas, com intenções escusas para confundi-los. É extremamente
excitante, porém, perigoso, alguém se colocar no lugar de ser portador da
verdade, de ter conexões com outras realidades, de “saber de tudo”, de se
mostrar muito “espiritualizado”, alimentando o ego espiritual vaidoso. Existe
sim uma forma fidedigna, racional e até emocional de promover o despertar. Mas,
infelizmente, nem todos estão preparados - ‘muitos são chamados, mas poucos são
escolhidos’. Por isso, digo: não queiram ver o mundo espiritual se não
estiverem minimamente preparados para isso. Tomem cuidado com aquilo que
desejam e cuidem daquilo que possuem e podem. Isso não quer dizer que não
possam buscar, só estou alertando para os perigos. Porque vocês verão coisas
perigosas, situações conflitantes ao vosso ego e ao vosso orgulho. Enxergar
realidades contundentes pode trazer dor e sofrimento. É preciso crescer e se
conectar com responsabilidade, equilíbrio e consciência. Qual seria então a
forma fidedigna? A palavra-chave seria supraconsciência, porque ela dá
sustentação e alicerce. E digo mais, o andar de cima (meramente simbólica, já
que a questão não é espacial e sim dimensional) se chama uno-consciência com o
criador, um aspecto de difícil compreensão a partir da lógica tridimensional.
Isso exige um caráter de construção e desconstrução dos conteúdos absorvidos
diariamente nos corpos espirituais refletidos no todo. Entender o agora depende
muito do grau em que a pessoa se encontra: nível primário, secundário ou
terciário da consciência. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Não
queiram somente através das práticas meditativas atingir o conhecimento, sem o esforço
devido, no sentido real da aprendizagem, porque não é; mas, esse esforço precisa
estar alicerçado no conhecimento experiencial de troca. É preciso esforço, não
apenas vontade para um amadurecimento consciencial, ancoramento. Não pensem
vocês que estão fazendo muito ou pouco em relação ao que se comprometeram antes
do encarnar. Lembrem-se, esse momento é crucial e determinante na humanidade e
há muito o que fazer. Não estou dizendo que o conhecimento não é necessário,
muito pelo contrário, mas, quantas civilizações se perderam, se consumiram
porque se afastaram de suas essências e de sua espiritualidade por conta do
conhecimento?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Eu pergunto: o
conhecimento é tão glorioso assim? Ele é tão importante nesse sentido? Talvez
para uns, mas para a grande maioria, não. Talvez não seja nem o conhecimento a questão
na origem do erro, mas a ineficiência da compreensão. O mundo tridimensional, o
mundo astralino, é apenas um amontoado de múltiplas realidades que os cegam, os
limitam, impedindo-os realmente de vivenciar o real sentido de tudo. É preciso
entender que o esforço é necessário a cada instante. Porque quando há esforço
dessa reconexão, há o desprendimento das irrealidades, aí se atinge o
merecimento. Não há merecimento sem esforço, e o merecimento é seguir viagem
rumo a elevação constante, atingindo e alcançando novos estados dimensionais,
desdobrando-se nos universos e multiversos, compreendendo a magnitude divina em
suas mais várias moradas. É preciso entender que todas às vezes que se vive num
orbe ‘planeta’, isso fica registrado, alojado, não no DNA, mas uma estrutura
etérica. Como funciona isso? Quando há um alinhamento, uma conjunção entre as
glândulas hipófise e epífise, alojadas no cérebro, então, molda-se um registro
originando a iluminação, a clarividência, as lembranças do que se viveu, e isso
torna-se ainda limitante para grande massa humanitária. Quando se atinge de
fato a iluminação, essas duas glândulas formam uma conjunção mais incisiva,
atingindo-se outros níveis, as dimensões começam de fato a serem entendidas,
compreendidas, formando o GNA. O GNA é resultado, consequência dessa conjunção
das duas glândulas. Claro que o GNA afeta o DNA, mas é por isso que os vossos
corpos ainda não foram transformados. A ligação dos filamentos do DNA, toda
modificação na base molecular, se dará após o processo de iluminação, ou seja, a
alteração genética é a consequência, e não origem da iluminação. Quem recebe os
fótons de luz do sol central? Todo o corpo, mas se não houver uma modificação
na estrutura do pensamento, na forma de sentir, no ressoar, não fará muito
sentido vibracional, porque quando essas duas glândulas a partir de um trabalho
interno de mudança, reforma, amor, compaixão, elas começam a modificar o DNA,
então, etereamente se forma-se o GNA, que permite uma estruturação na base
espiritual, revisando todo o processo de aprendizado, abrindo novas percepções,
fazendo com que a alma resplandeça sua configuração, mude, vibre em uma nova frequência,
redimensionando os corpos sutis e dimensionais. Todos os aspectos regenerativos
se intensificarão, permitindo desbloqueios das estruturas subatômicas e dos
modelos de vida vividos até então. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">(00:36:17)
Por que muitas pessoas estão com seus chakras bloqueados, sobretudo o 4º e o
5º? <o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Isso
é verdade. Esses chakras estão relacionados ao despertar da consciência. Não se
desperta de uma forma abrupta, isso não é libertador. Não adianta apenas
desejar o despertar, é preciso vivenciá-lo. Os filhos fazem pequenas leituras, vivem
pequenas experiências, pequenas aventuras e acham que estão libertos para
vivenciar o estado sublime. É limitador para muitos atingir um estágio sublime.
Esses chakras estão bloqueados porque eles fazem parte da programação, das
limitações impostas (estado de controle e dominação). É preciso uma renovação,
um refazimento das grandezas humanas (amor, perdão, fé, vontade), ligadas a
esses chakras. São necessárias limpezas através da mente e do coração, e isso
distingue a chamada separação entre o “joio” e o trigo, o bem e o mal nessa
realidade. Perceba seus desejos e vejam como os desejos estão ligados a
questões instintivas, aos vícios, as drogadições, as programações mentais, aos
padrões de repetições, vejam como as massas são controladas pela ordem que
dominam o planeta. Vocês se sentem escravos de si mesmos e do mundo e é preciso
se desvencilhar de tudo isso. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">(00:40:00)
Sobre a questão da alimentação<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Existem
os 4 níveis de éteres que se ligam ao corpo físico. Esses elementos demonstram
de fato como as pessoas estão e o que estão vivendo. Um desses éteres é o
químico. Ele se manifesta através do processo de excreção e absorção. Percebo estágios
de desequilíbrio nesse éter ligado não apenas ao estômago, mas ao fígado
também. O que o corpo manifesta, desequilibrando primeiramente ao nível
energético, emocional e espiritual. Todo desequilíbrio que o corpo manifesta
primeiramente acontece no plano mental e em muitos casos existe um
aprisionamento visceral (culpa, mágoa, rancor, ódio, apego, frustração, tristeza),
além das questões alimentícias determinadas pelas programações presentes no que
se come e ingere, gerando desequilíbrio na flora intestinal, porta de entrada
para fungos, bactérias, larvas, causando transtornos ao intestino, fígado e
baço, baixando a imunidade e dando vazão em alguns casos a processos
obsessivos. Querem despertar espiritualmente, mas não deixam de comer carne. Não
estou dizendo que vocês se tornem vegetarianos, longe de mim, mas o consumo da
carne gera um processo necrófobo com repercussões energéticas degradantes,
gerando uma podridão na sistemática digestiva, abrindo espaço para disfunções
hepáticas, causando flagelo em todo o organismo, inflamações e ligações
espirituais negativas. Aqueles que querem despertar precisam mudar muitas
coisas, sobretudo as programações alimentares. Além das carnes, deve-se evitar
comidas processadas, enlatadas, industrializadas, muito condimentadas,
embutidas. Todos esses alimentos são invasivos, danificando o corpo, os éteres
e consequentemente bloqueia o espírito. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">(00:47:36)</span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> <b>Qual
o significado do aumento das explosões solares e os seus efeitos? <o:p></o:p></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">As
explosões solares são fatores que afetam todo o sistema solar e não apenas o
planeta Terra. Isso é uma manifestação do Pai Criador, não é algo danoso ou
destruidor como alguns estão interpretando. Todo estado dimensional está
alicerçado em subdivisões e todas as explosões solares quando se intensificam,
propiciam reformulações a nível quântico. Essas explosões estão ligadas à
transição planetária, a estrutura mental, mineral, vegetal, biológica, o
pensamento, as emoções, as sensações estão muito arraigadas nesse planeta há
muito tempo, sedimentadas. Os raios solares possibilitam renovações, alterações
as bases de carbono, inclusive no DNA Humano.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">(00:50:46)
Sobre os 3 dias de escuridão<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Cada
um tem uma forma muito particular de interpretação. Os fatores simbólicos e
interpretativos por si só são indicativos. Os 3 dias são fases, determinações
divinas para que haja o cumprimento da ordem e da Lei na linha do progresso e
evolução humana. E se esse evento for mais para os seres que estão em zonas mais
difíceis do que para o resto da humanidade, embora atinja a todos? E se vocês
foram apenas coadjuvantes e não protagonistas desse processo? Sabe, percebo uma
questão muito egóica, repressora aos eventos, geram formas de coibir e retardar
o vosso despertar através do medo. Quem se acha o dono da verdade se coloca na
condição de intérprete do que vai acontecer, exerce o poder de ser o decifrador
e se sentir especial portador de uma verdade inquestionável. Primeiro lugar,
vocês não são o centro de tudo o que está ocorrendo no mundo, no sistema solar,
no universo. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ao dizer isso pode gerar
uma certa instabilidade, porque vocês acham que tudo gira em torno da
humanidade, mas não é assim. Esses 3 dias são fatores da Transição Planetária.
É mais um elemento disruptivo, como outros que estão ocorrendo simultaneamente,
como as explosões solares. Vocês estão imersos na fase transicional e esse
evento é mais um processo natural que ocorre em toda e qualquer transição, não
é exclusiva da Terra, e proporcionará um afastamento, um distanciamento
dimensional, que não é uma questão somente física, mas da própria consciência
universal. Existe uma cadeia de eventos dimensionais. Vocês estão na 5ª, 4ª ou
3ª dimensão? <i>– “3ª, respondi”.</i><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E
o que determina alguém estar na 3ª, 4ª, 5ª ou 6ª dimensão? É a inteligência?
Conhecimento? É o desprendimento. Eu acho interessante quando vocês consideram
alguém “ignorante”. Ignorante não é o que não sabe das informações, apenas não possuem
entendimento, ele está no seu processo e ainda não teve oportunidades.
Diferentemente daquele que entra em contato com o conhecimento, e ao vivenciar,
não muda seus padrões mesmo tendo conhecimento. Então, esses 3 dias de
escuridão será um evento aberto e cada um irá interpretar a partir de sua
perspectiva dimensional. Quem estiver na 3ª dimensão enxergará única e tão
somente caos, só perceberá dor e sofrimento. Quem estiver na 4ª, a abertura do
mundo espiritual possibilitará estender as mãos para quem estiver sofrendo, e
quem estiver na 5ª, além da abertura do mundo espiritual, terá a compreensão de
como as dimensões se sobrepõem, coexistem, verá e entenderá o sentido do Cristo
da redenção, da mudança, do fim de um ciclo e nascimento de outro. Deixará de
ver e as provações como expurgo e enxergará enquanto transformação. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Nem
todos estão preparados para isso, nem tudo pode ser dito, nem tudo pode ser
lançado ao tempo e ao vento. O que estou dizendo aqui não é toda a verdade,
porque cada dimensão possui subdimensões e em cada uma tem um nível de
entendimento, de interpretações variadas, às vezes conflituosas. Porque cada um
dentro de sua realidade, do seu contexto, de sua conduta, de seus interesses e dilemas.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Uns
dirão que serão 3 dias de escuridão, que entidades <a name="_Int_UbvxBwDl">umbralinas</a>
aparecerão e levarão para zonas de sofrimento, outros dirão que o planeta
Hercólubus, para alguns, <a name="_Int_DewxyNWW">Nibiru</a>, através do seu
campo gravitacional levará a população carregando as almas para planetas de
mais baixa dimensão, levando consigo animais selvagens. O que isso significa?
Que são meras interpretações. Cada um vai vivenciar de sua forma. Ai, eu
pergunto: qual a interpretação verdadeira? Qual dessas é realmente o real sentido
divino? Todas, porque no mundo dimensional tridimensional é possível vivenciar
todas elas a partir de como se enxerga, se sente o mundo. Por isso as
discussões, conflitos e disputas. Independentemente das interpretações o
importante é não persistir no erro, independentemente das interpretações o que
está de fato em jogo são as transformações. O que está em jogo é despir-se das
crenças, dos dogmas religiosos, para aqueles que estão preparados de fato para
isso, para um processo de entendimento mais profundo, seguindo sua viagem, porque
Cristo está para todos em seu exercício de amar a Deus e uns aos outros, eis aí
o grande mandamento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Por
isso, tão pouco importa as vossas origens, de onde vieram, o que de fato
importa é o que estão fazendo nesta existência. Se vocês estão encarnados aqui
e agora, saibam que há coisas a serem reparadas. O que vocês sentem? Quais são
as vossas dores na partida de um ente querido? A falta de conhecimento? Ou, as
limitações se fazem em outros níveis? Estão dispostos a compreender os irmãos?
A olhar para eles? Em cada situação vivida existe um fator de libertação, para
além das perguntas e respostas. Quando se lê um livro, ali contém uma realidade
dimensional com seus sentidos, mas quando se busca muito sentido de tudo,
perde-se o sentido da busca. Por isso, é preciso olhar para si em busca desse
sentido, onde se encontra todo o traçado da vida, todas as limitações e
incompreensões. Quando se faz o processo de reconexão consigo mesmo, percebe-se
como tudo está interligado, tudo faz sentido, nada está solto, desconexo e perdido.
Quando todos os elementos estão unidos, percebe-se a dimensão do viver em
Cristo realmente. Nunca se esqueçam: Cristo está por todos nós. Não existe
expurgo, e sim, transformação. É preciso se transformar. Nós somos uma pequena
esfera de luz ligada ao Pai Celeste. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">(00:
58:48) Quem é ou o que é o anticristo? <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O
anticristo é uma bandeira hasteada predeterminada e que perpassa eras e eras de
forças contrárias ao Cristo com um único propósito de, não somente levá-los ao
erro, mas aprisioná-los em vontades e desejos, como, por exemplo, o domínio dos
chakras inferiores (do raiz, 1º ao 3º), como uma programação de entidades
regressivas e do governo oculto, tudo no sentido de impedir a redenção, afastar
de Deus. Veja, chakras inferiores, ligados as necessidades materiais, as
questões de sobrevivência, desejos; chakras superiores, a partir do 4º (plexo
solar), ligados aos sentimentos, amor. Quando alguém induz o outro ao erro é um
sintoma da obscuridade, preso as suas características. O anticristo é uma programação
orquestrada por seres que estão em zonas sombrias, mais densas, com diversos
instrumentos e mecanismos com o intuito de não permitir o acesso à luz divina. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">(01:01:25)
Já começou a grande tribulação?<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Depende
do que vocês interpretam com a grande tribulação, mas, para usar um termo de
vocês, posso assegurar que o caldo vai entornar. Esse processo durará por um
tempo, até a década de 40 deste século. Tribulação é limpeza e há muito o que
ser limpo e transmutado. O ponto determinante será a fome, a escassez de modo
geral. É claro que como toda profecia ela pode ser atenuada, reduzida,
aumentada, isso depende do aprendizado da humanidade. Se aprenderam e mudarem
seus caminhos, não há necessidade de prolongamento do aprendizado. E novamente,
isso não é punitivo, é pedagógico. Olha o que fizeram com o planeta? Como vão
parar essa sanha predatória e devastadora? Claro que nem todos sentirão da
mesma forma. Quanto mais preso à 3ª dimensão, mais egoístas, insensíveis,
piores os efeitos. O que determina o nível de sofrimento é o apego, a baixa
vibração, a falta de vínculo e nexo ao próximo. Haverá desencarne coletivo, as
chamadas reparações. Eu não digo isso para assustá-los, nem para causar medo ou
pânico, baixando as vossas vibrações, mas explicando que isso está dentro do
processo transicional, é necessário, pois nem todos ressoaram com as novas
frequências advindas do sol central de <a name="_Int_oWRTkmMV">Alcyon</a>, a
fonte crística. Isso não é nenhuma punição, muito pelo contrário. Se não for
assim, vocês não serão transladados (“arrebatados”) para outras orbes. Isso de
fato já ocorre, nunca deixou de acontecer, sempre irá ocorrer, porque é um
dinamismo divino.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Maior
do que Deus, ninguém! Lá em cima quem manda é Deus, aqui embaixo quem reza sou
eu. Em Cristo Jesus tudo eu posso, tudo espero. Maria, iluminai a todo nós. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>Henrique Borralhohttp://www.blogger.com/profile/13756164647342469985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5887510198149032669.post-87455274621912511012024-02-22T14:02:00.000-08:002024-02-22T14:02:38.421-08:00O PRIMEIRO PEDAÇO <p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Olhos fitos nele. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Aquela cantiga que muitos pais não gostam de ouvir,
sobretudo em se tratando do aniversário da filha adolescente completando 16
anos: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">com quem será, com quem será que
Lucía vai casar? Vai depender, vai depender se o Pedro vai querer”,</i>
acompanhado de sorrisos e sátiras de amigos e parentes ao perceberem meu rosto
tenso, disfarçado de despojamento e languidez. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Minha filha começa o discurso.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Direciona- se à mãe.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Ufa! Que alívio, pensei eu. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Não será para aquele garoto de olhos verdes por quem ela
está apaixonada, o primeiro pedaço pode ser para a mãe, a irmã Milene, ou sua
grande amiga Duda, que veio de Cuiabá, exclusivamente, para sua festa de
aniversário. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Mas para ele, definitivamente, não! Dizia eu entredentes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Com lágrimas nos olhos e voz embargada, Lucía volta- se para
mim e entrega o primeiro pedaço, lágrimas descem do meu rosto, realmente não
esperava. Todos me olham, querem me ouvir. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Encho o peito de ar, paro por uns instantes e olho para
todos, inclusive para a mãe de Pedro que acabara de conhecer, e grito: Pedro!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Levei as duas mãos até as orelhas e fiz uma grande careta.
Gargalhadas mil.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>Henrique Borralhohttp://www.blogger.com/profile/13756164647342469985noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5887510198149032669.post-17736590588034134912024-02-01T03:17:00.000-08:002024-03-16T04:33:52.265-07:00Entrevista com Arton, de Sirius. Parte I<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 107%; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">ENTREVISTA COM ARTON, DE SIRIUS, POR
INTERMÉDIO DO ESPÍRITO IRMÃO BENEDITO, TRANSMITIDA PELO MÉDIUM DAVI TOLEDO</span></b><o:p></o:p></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 107%; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><o:p></o:p></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 107%; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">À GUISA DE EXPLICAÇÃO METODOLÓGICA</span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 107%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">No dia 14 de janeiro de 2024, nas
dependências da casa do Médium Davi Toledo, realizou-se a 1.ª de uma série de
entrevistas com Arton, que se autodenominou de origem siriana, da estrela
Sirius. Toda ela foi mediada pelo irmão Benedito, um preto velho, pelas razões
que explanarei agora. Segundo o médium Davi Toledo, em conversa pós entrevista,
o contato com o irmão Benedito se deu anos atrás. Para Arton, a conexão com
Davi Toledo, via irmão Benedito, está relacionada as diferenças vibracionais de
Sirius, em 9.ª dimensão e a Terra, em 3.ª, ou seja, o processo de conexão é
muito sutil, seres de outras dimensões mais elevadas precisam baixar sua
frequência para uma conexão mais direta. O segundo motivo deu-se em virtude das
histórias entrelaçadas entre o irmão Benedito e o médium Davi Toledo, remonta
ao século XVII, aproximadamente em 1641, no atual Estado de Pernambuco. Por fim, a
visão do médium, as percepções, dentre outros fatores. Se à época do contato
tivesse se dirigido a ele enquanto um ser de Sirius, toda comunicação não
aconteceria de uma forma clara em sua consciência. Isso é muito recorrente em
várias experiências mediúnicas, espirituais, transcendentais, etc. Por isso,
existem classificações entre as comunicações mediúnicas: canalizações,
intuições, clarividência, Psicofonia, irradiação, dentre outros fatores.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">A entrevista ao todo durou 1’: 27”:
43h, gravada em um aparelho Motorola one zoom por Patrícia Buarque de Holanda. A transcrição literal possui 26
laudas; a editada, esta apresentada, apenas 11 laudas. A gravação foi ouvida 4
vezes e as partes inaudíveis foram suprimidas. Toda a parte que se relacionava
à história do entrevistado foi suprimida, retirada, porque não interessa, não
diz respeito ao objetivo da entrevista, se tratava de questões subjetivas.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Adotei a metodologia da história
oral com intervenções entre a fala e a transcrição, não apenas com perguntas,
mas como modificações pontuais na entrevista para facilitar o entendimento do
leitor em certas questões. No entanto, o sentido irrestrito da entrevista foi
mantido. Além disso, optei pela revisão gramatical feita por Aline Pinheiro, minha imensa gratidão. Por fim, toda a entrevista
editada foi enviada ao médium Davi Toledo para autorização ou não de sua
publicação.</span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">A entrevista foi dividida em blocos
temáticos, a saber:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 107%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">01: MISSÃO DE ALMA;</span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 107%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">02: SOBRE O CAOS NO MUNDO;</span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 107%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">03: SOBRE A RODA DE SAMSARA,
REENCARNAÇÕES;</span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 107%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">04: PLANOS DA CONSCIÊNCIA E
PREOCUPAÇÕES</span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 107%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">05: EXPANSÃO DA SUPRACONSCIÊNCIA;</span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 107%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">06: RECONEXÕES E FILAMENTOS DO DNA;</span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 107%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">07: TRÊS FASES DO DESPERTAR;</span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 107%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">08: DESPERTAR O OUTRO;</span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 107%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">09: AS LIGAÇÕES INTERESTELARES E A
VOLTA DO CRISTO;</span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 107%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">10: AGRADECIMENTO AO CRIADOR;</span><o:p></o:p></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">ADVERTÊNCIA</span></b><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Essa entrevista não se pretende ser
a verdade absoluta do transcorrer espiritual. O próprio Arton deixou claro: -
“Sou apenas um viajante das estrelas”. A cada um compete tirar suas próprias
conclusões a partir do que acredita, pensa, segue, busca. Se ressoar com os
corações e trouxer algum benefício, terá cumprido sua função. </span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Qual foi o critério de validade e
atestação que me levou a publicar a entrevista? As informações precisas sobre
minha pessoa que somente eu sabia, bem como de minhas reencarnações (que eu já
sabia por outros meios), que não foram publicizadas por se tratar de minha
trajetória pessoal. Essa entrevista foi apenas a terceira vez que tive contato
com médium Davi Toledo e por não ter acesso absolutamente em nada da minha vida
pessoal.</span><o:p></o:p></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">ENTREVISTA</span></b><o:p></o:p></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">PARTE 1</span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Primeiramente, quero agradecer a
presença dos irmãos que estão aqui conosco. Eu sempre digo: é vital estar na
presença do Cristo, na egrégora do nosso Criador, que nos dá gozo e vigora
nossa alma e que nos dá forças nesse mundo de provas e expiações. Graças a
Deus! Que o Cristo nos fortaleça nessa jornada da vida e que todos recebam a
graça! </span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Que os filhos consigam primeiro
absorver as informações, acionando ao espírito, deixando de lado o alvoroço e
retrabalhar-se, naquilo que vocês entendem por “sabedoria” como um exercício
dialogado que compõe a atmosfera, entendendo as complexidades, mas, sobretudo,
as simplicidades das coisas de uma forma sincera que alcance os corações, e
isso é o mais importante. Porque vejo que existem irmãos com o intelecto muito
elevado, mas que não alcançam a compreensão espiritual. É preciso uma mescla
entre o estado emocional e o racional. Há um embate que não diz respeito às
culturas, que se trata de uma linguagem sutil, que não é o latim, e sim mais
profunda, a linguagem própria do universo, e isso é mais importante. Saber
alcançar isso, mesmo que seja de forma subliminar. Forma essa que atinja o
espírito, não apenas a consciência terrena. Então, há uma grande faceta desse
processo, porque são camadas, e é preciso um certo esforço dentro da chamada
“sapiência”, internalizando-a. Esse alcance precisa ser dimensional, porque
aquele que não está desperto será levado a semear em outras consciências, e,
por conseguinte<u>,</u> levado a outros sistemas, de forma gradativa e até
mesmo passional.</span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">(00:06:57) Pergunta: O que é uma
missão de alma?</span><o:p></o:p></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Existe esse estigma acerca do que
seja uma missão de alma. Eu não vejo como missão, eu vejo como tarefeiros do
Cristo, porque a palavra “missão” traz uma complexidade muito extensa, uma
responsabilidade além das fronteiras conhecidas, traz a ideia de que se quer
abraçar tudo e a todos ao mesmo tempo. O que é preciso entender que existe uma
“rede”, uma conexão entre todos nós. Todos são chamados para a composição da
Ordem, da Lei e do Amor, e assim, não se trata bem de uma missão, mas de
pequenas tarefas. Até porque a “missão” se estende não apenas a essa
existência, mas em outras simultaneamente. Um exemplo disso diz respeito às
questões religiosas como um veículo de propagação das massas querendo abraçar a
todos. Se as pessoas puderem se sentir parte de um todo, se puderem alcançar
uma única pessoa, um filho querido, enquanto irmãos celestes, já cumpriu sua
tarefa, pois, despertou e possibilitou ao outro o despertar de alma. Agora, se
as pessoas quiserem ou se acham missionários, tudo bem. </span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">As “missões” não são apenas deste
plano, se desdobram continuamente em vários orbes. Os filhos estão
constantemente em busca de vossas origens, querem entender por que estão aqui,
uma espécie de busca incessante. Esse filho que serviu de intermédio para essa
canalização, por exemplo, é de origem draconiana, e agora está aqui nesse plano
em sua nova faceta. Eu, por exemplo, sou siriano, dessa forma há uma conjunção
entre as consciências, porque existe uma mescla, ramificações de um processo de
miscigenação, porque existem fatores significativos como os filamentos do DNA
que foram desligados. Nesse ano que passou, em 16 dezembro de 2023, se iniciou
um processo de reajuste em que todos os núcleos dessa malha que nos prende,
está se renovando e se tornando cada vez mais sutil, por conta do aumento da
energia do Cristo, da consciência Crística. Por exemplo, muitos acessam
informações apenas desse plano, quando, na verdade por conta do estigma, da
cultura, do preconceito, das perseguições, também recebem informações de outros
planos dimensionais, transvestidos de uma roupagem terrena, porque o médium
também criva as informações, processa, elabora e reelabora e dá uma conotação,
uma roupagem arquetípica a partir de suas percepções e tomadas de decisões.
Muitos médiuns acabam assumindo determinadas posturas, até porque em certos
aspectos foca-se muito a questão da “reforma”, como se a reforma se desse
apenas no plano da matéria. Existe muita desinformação sobre o que acontece no
plano espiritual sobre os corpos sutis, sobre as transmissões, canalizações,
mensagens, visões, profecias, psicofonia, etc. Os espíritos de luz estão
encarregados em transmitir as informações. Se o médium, espiritualista,
religioso, o que quer que seja, está convencido de que a mensagem veio de tal
plano, espírito, entidade, essa percepção é respeitada. Mas, há diferença entre
o estado emocional, sensações, razão, ego espiritual, dentre outros fatores. Estar
somente na emoção não basta, é preciso sentir o sentimento que está acima das
emoções.</span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">(00:12: 14) Sobre o “caos no mundo”.</span><o:p></o:p></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Por conta dessa Transição
Planetária, muitos estão em busca de uma nova roupagem e por vezes distorcem as
comunicações, por isso, esse suposto caos que está acontecendo no mundo. Nem
tudo aquilo que é caos de fato é, há o elemento divino em todas as mudanças que
é o aprendizado. Não precisaria ser assim, mas as pessoas, muitas delas, só
despertam quando algo muito impactante acontece. Muitas das vezes um caos não
faz sentido aos nossos olhos. Para os que estão despertos o “caos” tem outra
perspectiva, outra angulatura. A ideia do caos é fazer com que as pessoas
despertem de seu estado de incapacidade de reconhecimento consciencial, é
necessário haver movimentações para isso. As movimentações são para que os
filhos sintam a vida de uma forma totalmente plena, assim se internaliza a real
busca. A terceira dimensão que os filhos estão imersos e vivendo agora, período
de provas e expiações, é a dimensão da densidade, onde tudo é mais difícil,
dual, tudo é encarado por partes, não pelo todo, é o reino do egoísmo, do
materialismo, do ódio, das vinganças, das guerras, fome, das reencarnações
compulsórias, da morte por doenças, da brevidade da existência corporal. Nas
dimensões acima muitas coisas não existem. As dimensões correspondem aos graus
evolutivos que os irmãos se encontram. O “caos” também está diretamente
relacionado com o inconsciente coletivo. Se as pessoas mudassem seus
pensamentos e formas de viver e sentir a vida, se reconectassem com o Cristo
tudo mudaria, mas a persistência em permanecer num estado vibratório denso
afeta a magnosfera da Terra.</span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">(00:13:16) Sobre a roda de Samsara,
reencarnações. </span><o:p></o:p></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Essa é uma pergunta muito profunda.
Essa questão que vocês chamam de Roda de Samsara, esse ciclo vicioso de
reconstituição, de reconhecer-se, de se buscar sempre ancorado. A pessoa que
está fora da roda de Samsara é aquela que tem condições de reconhecer as suas
personalidades. As pessoas conhecem suas personalidades? E, quando eu falo de
personalidades, estou me referindo às vossas existências. O que existe são
dobras consciências, que os trazem até presente momento. As pessoas não são
seres individualizados, nunca foram. A capacidade de personificação é para que
haja um pequeno registro, uma pequena movimentação de algumas partículas para
que isso reverbere em outras trajetórias, porque enquanto se está aqui existem
outros tarefeiros de nós existindo paralelamente em outras dimensões. A dobra
consciencial significa a capacidade de sobreposição de consciências em
infinitas personas. Por exemplo, aquilo que uma pessoa revive na Atlântida. As
pessoas não são só o que eles pensam ser, são um conglomerado de consciências
que se sintonizam levando-os a se reconhecer em outras existências. Não
necessariamente nessa alma que a vossa existência está ancorada, mas ela
abrange outros níveis evolutivos. Uma pessoa pode estar aqui, mas parte da sua
consciência pode estar alicerçada em outro orbe. Eu sei que é difícil
compreender, tudo o que está registrado no subconsciente está também alicerçado
na supraconsciência. E, quando se está na supraconsciência, as pessoas não são
apenas uma, mais várias. Essa dobra consciencial, essa sobreposição de
consciência vai se intensificando, porque vai se adquirindo composições,
ganhando amplitude, não como apego, mas enquanto expansão crística. Por
exemplo, aquilo que uma pessoa vivenciou na Atlântida não é a mesma consciência
do agora, e sim, uma sobreposição, conectada ao inconsciente e também ao
subconsciente que traz uma reflexão para esse momento agora. Assim também como
uma pessoa pode alicerçar um momento vivido no período da Lemúria (civilização
existente antes da Atlântida que estava na 5.ª dimensão antes do descenso da
Terra). Essas dobras consciências dão condições e, sobretudo, capacidades
intelectuais de reconhecer-se. Mas, não é fácil, é preciso aprumar, alinhar-se.
É preciso que haja uma clareza dessas consciências para que não fiquem, como eu
diria, desgarradas. Por que é preciso isso? Porque enquanto se fica preso na
zona do subconsciente, ela fica se abastecendo do nível consciencial a uma
situação, a uma circunstância, mesmo que não se lembre, e assim, fica-se
amarrado, não se atinge a supraconsciência, que é o estágio onde se alcança a
fonte, também compreendida enquanto Deus. Por que é preciso saber disso? Para
se preparar para as revelações que virão, senão, quando forem reveladas haverá
um choque, uma ruptura nas consciências, muita dor, sofrimento e revolta.</span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">(00:22:48) Pergunta: É preciso desgarrar-se
dessa consciência que em algum nível nos leva a certas circunstâncias,
situações que nos aprisionam a um passado, então, certas preocupações são em
vão? <o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">As preocupações são coisas pequenas,
porque elas não agregam muita coisa, elas não levam ao chamado despertar da
consciência, muito pelo contrário, nos afastam do despertar. As situações que
nos levam as preocupações são como uma espécie de pontilhado de uma roupagem,
mas sinalizam como nossa estrutura emocional e pensamentos funcionam. </span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">(00:24:11) O que é a expansão da
supraconsciência?</span></b><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Ela não se dá apenas pelo intelecto.
Viver no intelecto é estar preso num looping incessante, revendo cenas e
situações, impedindo que outros canais acessem as consciências, dificultando a
comunicação, entendimento e até as mensagens. Esse estado somente do intelecto
não permite, estaciona a ligação entre a consciência e a supraconsciência para
que o subconsciente dê as condições hábeis ao nível cognitivo para uma
sustentação dessas informações. É preciso uma coerência, uma ligação entre
razão e os valores entre o que está dentro e o que está “fora” de nós. O termo
que me ocorre agora é “transdução” ao nível consciencial. Para se atingir a
supraconsciência é preciso se desconectar de um passado que carrega dor e
culpa. É preciso se alicerçar naquilo que renova o espírito. Supraconsciência é
alcançar a concepção de quem somos na originalidade, para além da ilusão
terrena e da consciência tridimensional.</span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">(00:26:47) É por isso então que
ainda não foi feita a reconexão dos filamentos de nosso DNA? </span></b><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Exato. Os filamentos de nosso DNA
estão conectados ao estado de consciência e supraconsciência. Por exemplo,
quando não há o reconhecimento das personas, dificulta o acesso à 5.ª dimensão
(dimensão em que o maniqueísmo, a dualidade desaparece, primeira fora da zona
de provas e expiações, da regeneração). Eu explico. As personas estão atreladas
às 3.ª e 4.ª dimensões de forma danosa. A 3.ª dimensão está atrelada a essa
existência somente. Para ir para a 5.ª dimensão é necessária uma quebra dessa
malha, porque a consciência da 3.ª e 4.ª dimensão estão entrelaçadas nos
eventos que hoje acontecem na superfície da Terra, o chamado “caos”, como
terremotos, tsunamis, vulcões, secas, enchentes, etc. Os eventos são uma
espécie de desmagnetização, eles acionam quebras de memórias coletivas,
memórias energéticas presas à Terra. E isso não tem nada de aversivo, danoso ou
mesmo ação de um criador punitivo e se faz necessário que eventos ocorram com
mais intensidade em certas regiões devido as densidades de tal lugar. Esses
eventos são catalisadores, propulsionadores para novos cenários. Por exemplo, a
queda da Atlântida está relacionada a isso. Naquele período vivia-se a 3.ª, 4.ª
e 5.ª dimensão paralelamente, havia correlações dimensionais. Quando a
vibração, o estado moral, a degeneração tomaram conta daquela civilização, isso
originou o seu declínio que culminou no grande terremoto que deu origem ao
grande tsunami afundando as ilhas. Muitos irmãos sentem saudades da 5.ª
dimensão vivida na época da Atlântida, ainda que não se lembrem conscientemente
disso e muitos carregam a culpa pela queda da Atlântida prendendo-se a roda de
Samsara até os dias atuais.</span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">(00:30:24) Eu li que existem três
fases do despertar da consciência: o despertar, a ascensão em si e a
iluminação. Confere?</span></b><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Isso é um processo. O despertar está
para todos os irmãos, mas agora poucos se encontram nessa fase vibracional,
poucos estão despertos. O despertar está alicerçado em várias estruturas.
Primeiramente, é preciso entender que despertar não depende apenas de
conhecimento de livros, mas conhecimento da vida sustentado por vários
entendimentos. Outra questão: o restabelecimento emocional é um fator
libertador da atmosfera mais densa, para que se construa aos poucos esses
estados mais puros. Por quê? Porque existem faixas, zonas dimensionais densas.
Tudo é múltiplo, como já disse, não existe apenas uma consciência, mas existem
várias consciências, então, o estado emocional interfere significativamente no
processo. Os distúrbios emocionais interferem negativamente nas chamadas
identidades experienciais. Por isso, muitos não conseguem acessar a 5.ª
dimensão, porque não há um reconhecimento de tais personalidades. Quando se
reconhece as personalidades, se limpa, equipara todas as existências, assim, tendo
o combustível necessário para o despertar. Quando se realiza de uma forma
abrupta, se gera uma fissura na consciência, por vezes desfazendo-a, vivendo
uma espécie de luto, gerando um estado pernicioso, gerando uma persona que toma
a frente do estado psicológico. Para se atingir a ascensão espiritual, depende
da vontade de cada um, das escolhas que cada um faz em vossas vidas. O criador
respeita o nosso livre-arbítrio. Todas às vezes que se acessa uma persona com
sentimentos ruins, ela fica negativa e carregada de distúrbios emocionais. A
alma fica áspera, carregada, sombria e não fica translúcida, fazendo com que a
pessoa fique ancorada nas lembranças dessa existência. Por exemplo, a sensação
de não ter feito algo que deveria, mesmo que não se lembre nessa consciência,
traz consigo uma sensação de dor, culpa, uma melancolia e casos não explicados.
Quando há abertura nas dobras conscienciais é possível se ver nelas (ainda que
exista a benção do esquecimento). Por isso, é tão difícil se trabalhar com as ramas,
porque quando há uma vinculação com os fatos, com os acontecimentos isso traz
dor, culpa, ficando-se aprisionado nesta malha. É possível estar-se em
consciência numa circunstância, por conta da ancestralidade de ligação de uma
rama, mas não necessariamente em veste corpórea. Por isso, é importante o
equilíbrio ancestral (aquilo que também é entendido enquanto “maldição
hereditária”). É preciso ter cuidado com a certeza, confirmações de certas
reencarnações, porque quando há a dobra de consciencial, abertura das ramas se
mostram, há um entrelaçamento e as consciências se entrecruzam gerando uma
espécie de afinidade. Por isso, alguém pode sentir que foi tal consciência em
uma determinada reencarnação, quando de fato isso não ocorreu, o que houve foi
uma ligação muito forte, uma aproximação com certa época ou situações que se
estendem ao longo das existências. Quando se atinge a pentadimensionalidade,
5.ª dimensão, a consciência se expande, deixando-se de lado as vinculações
estreitas com as personas, assumindo papéis simultâneos em outras realidades,
uma espécie de <a name="_Int_CteOv5sO">eu</a>-múltiplo, podendo-se estar em
vários lugares ao mesmo tempo, sem perder a noção da conexão entre todos esses
eus. Estou manifesto em várias dimensões, coisa dessa forma não acontece na 3.ª
dimensão, em que se vive o domínio dos sentidos (olfato, audição, visão,
paladar e tato) é determinante, assumindo as características da personalidade e
construção do ego. A malha encarnatória sustenta todas as outras vivências
atemporais, e é possível acessá-las. Tudo aquilo que se foi manifestado um dia
está lá registrado. Esse processo não é definitivo, quando se supera a roda de
samsara, o plano da reparação se extingue, deixa-se de fazer sentido, já
cumpriu sua tarefa no plano do aprendizado, do perdão, do exercício do amor e
da caridade. A lição foi apreendida, a existência continua em busca de outros
aprendizados, não mais de reparações. Porque querer reparar é uma coisa,
conseguir é outra, estar pronto é outra. Nem todos conseguem fazer sua
reparação, acumulando mais carmas para as próximas vidas e, por isso, está-se
nesse atual momento do mundo, “muitos são chamados, mas poucos escolhidos”, já
disse o mestre. Querer é importante, mas somente isso não basta. Estamos na
última hora, o momento é agora ou se perderá a maior de todas as oportunidades
regenerativas, porque um ciclo irá se encerrar (a porta da graça irá se
fechar). Não se encerra a chance de se regenerar, mas isso se dará em outras
circunstâncias, em outro orbe de regeneração. O momento das filosofias, das
reflexões, foram momentos mais, digamos, apaziguadores. Agora é hora da ação,
de pôr em prática tudo o que se aprendeu, não há tempo a se perder. É preciso
deixar o passado para trás, ainda que uma consciência se ligue a ele. É preciso
se reconhecer enquanto extensão a outra pessoa, mesmo tendo a ligação com algum
passado. Somente quando se encerra todo esse ciclo, que se dará um salto,
quando houver o alinhamento de todas as personas se dará o chamado salto
quântico no DNA, os filamentos se alinharão, se recuperará partes de si
desligadas, conectando-se à fonte, também chamada de Deus. Enquanto não houver
a total reparação não há a conexão de todos os filamentos do DNA, onde estão
armazenadas todas as informações sobre sua origem, que por sua vez se conecta
ao espírito. Só o perdoar não basta, o perdão é apenas o primeiro passo, são
necessárias reparações profundas. Reparar as sombras na reconstrução do bem se
constitui um ato de semeadura, indica que a lição estabelecida de fato
apreendida, porque o bem foi praticado. Não adianta apenas entender, é preciso
fazer (a fé sem obras é morta). O fator terapêutico é importante, ele é
sustentador, mas é preciso o despertar da consciência, o despertar do chamado
de cada um, cada um conforme suas obras, suas características, suas aptidões,
seus dons e habilidades, seu chamado. Aquele que se coloca à disposição em
praticar o bem, a cumprir sua tarefa, recebe apoio do plano espiritual, mesmo
com todas as barreiras, dificuldades, empecilhos, batalhas no plano astral,
porque quando se sai de um estágio para o outro, quando um planeta e sua
população estão próximos de um salto quântico, muitas forças contrárias se
levantam, o “caos” emerge com toda a força, e são necessários os ajustes, a
limpeza e reparações. É preciso que cada um leve adiante sua tarefa. Por
exemplo, se alguém fala sobre o governo oculto, as falácias, as tramas contra a
humanidade, continue em caridade, não olhe para atrás. Se alguém explora o que
acontece nas dimensões astrais, as batalhas espirituais desde a queda para a
3.ª dimensão, faça. Cada um siga o seu chamado interior.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">(01:01:02) NÃO ADIANTA QUERER
DESPERTAR O OUTRO DE FORMA ABRUPTA</span></b><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Todo aquele que tentar despertar o
outro de forma abrupta sofrerá consequências na sua personalidade. Isso gera
desequilíbrio pelo desrespeito ao processo evolutivo. O criador respeita o
livre-arbítrio de cada um. Isso gera uma espécie de fixação no nível psíquico,
o que atrasa o seu próprio processo evolutivo. A nossa função primaria é
curarmo-nos, para depois tentarmos ajudar o próximo. Senão, isso gera um
digladio, inclusive moral, isso no fundo, mostra um reflexo do estágio que a
pessoa se encontra, nesse processo incessante de tentar despertar o outro sem
entender a si mesmo, afinal, todo mundo está em sua própria jornada, possui as
ferramentas necessárias para a sua evolução e para o seu caminhar. Não basta
apenas alcançar a pentadimensionalidade (5.ª dimensão), porque ela é também uma
etapa da escala consciencial. Se evolui para ser melhor, para o auto auxílio e
auxílios contínuos, de forma gradativa para a reconexão com a fonte, que é
Criador.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">(01:07:40) As ligações
interestelares/ A volta do Cristo.</span></b><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">As ligações interestelares sempre
existiram de uma forma muito sutil, discreta, com exceção dos seres
regressivos, muito antes da Atlântida, a invasão dos dos Arcontes e do Sol Negro.
No entanto, os seres interestelares evoluídos moralmente, são apenas auxiliadores
do Cristo, o importante é o trabalho que <a name="_Int_G0xek5t9">cada um
precisa</a> realizar, por isso, que se fala em auxílio e não intervenção. Eles
já fizeram suas ascensões, a humanidade precisa fazer a sua. E, ao fazerem o
trabalho de ajuda a humanidade eles também evoluem, cumprem o exercício da
prática do bem, do chamado de Cristo, porque nada é estático, tudo se move o
todo tempo, a dinâmica do universo é a mudança constante. É preciso se tornar
cada vez mais sutil para entender a dinâmica do universo, a função de cada um,
como as coisas funcionam, como a história da Terra foi gestada. É preciso ter
consciência que ninguém é melhor do que ninguém, seres evoluídos não se colocam
nessa condição, auxiliar não significa ser melhor, e sim, compreender o
processo de cada civilização em seu orbe. O sentido do conhecimento é propagar
informações de auxílio ao próximo. É preciso uma reforma transformadora, porque
muitos se perdem pelo caminho. Por exemplo, muitos irmãos em desdobramento
astral se corrompem, buscam lugarejos e situações que não edificam, por vezes
corrompendo suas consciências e se escravizando, por isso é preciso esforços,
compreensão nas conexões mais elevadas. Há uma diferença entre necessidade, que
é individual e o real compromisso. Esse ano é de ação, de comprometimento com o
divino. Já há muitas informações, é chegada a hora de pôr em prática tudo o que
se conquistou. A fraternidade, a caridade, o amor são as chaves-mestras para o
reencontro consigo mesmo e reparações vividas em outrora. Atingir a supraconsciência
é uma forma de quebrar as barreiras que corrompem as relações humanas. Não
existe o outro sem o eu, estamos interconectados. Existem níveis e níveis de
ajuda no plano espiritual, ninguém está só. Uns tarefeiros, outros em resgate,
em auxílio e reparação constante. É preciso superar as angústias existenciais,
e isso é possível reconhecendo a si e no exercício de caridade. Tudo se dará
com a energia crística e tudo isso significa o reencontro com o Criador.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">(01:21:08) AGRADECIMENTO AO CRIADOR</span></b><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Eu agradeço ao Criador por essa
oportunidade. Quando quiseres conversar, me coloco a disposição, sobretudo
nessas questões que parecem mais teóricas, porque é preciso de ajuda mútua.
Quando os filhos falam em questão regenerativa, os vejo em processo regenerador,
de transformações, com capacidades de autoconhecerem. Quando isso se
estabelecer, o processo de cura se dará, Graças a Deus. Percebo que os filhos
estão muito racionais, e além das informações, é preciso discernimento,
equilíbrio, esclarecimento para não ficar somente nesses extratos conscientes e
subconscientes, para não haver incoerências aos campos astrais, para saírem do
looping, repetindo os mesmos processos como se fossem verdadeiros. É preciso
ponderação e estados reflexivos. Não para que haja discordância pura e simples,
mas uma reelaboração, uma espécie de habilidade construtiva, diária para o
processo do despertar, abraçando as informações e analisando se elas fazem
sentido a alma, o sentido da verdade em si, uma verdade que seja planetária, e
não somente situacional, de interesses específicos, até para superação dos
desníveis informacionais, não para fracionar, mas para decodificar aquilo que
seja de importância humanitária, porque existe um bombardeio de informações. É
necessário crivo, discernimento, para que se possa saber como agir, como
interpretar, para o preenchimento de lacunas e soluções, de uma forma digna
para o vosso espírito. Tudo isso, para que ressoe para uma reformulação ao
vosso espírito. Graças a Deus!</span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>Henrique Borralhohttp://www.blogger.com/profile/13756164647342469985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5887510198149032669.post-88164754149412470292024-01-16T16:07:00.000-08:002024-01-17T02:34:10.557-08:00Tadeu: primo-amigo-irmão<p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;">No dia 14 de janeiro último, fez a sua passagem para o outro
plano, João Tadeu de Paula Bicalho – João Tadeu, para mim, simplesmente, Tadeu, o meu mais longevo amigo, 42 anos de amizade. Nascemos no mesmo ano, 1974, ele
mais velho do que eu quatro meses, e sempre que o dia 27 de agosto de cada ano se
avizinhava, brincava: </span><i style="font-size: 12pt;"> – “</i><i style="font-size: 12pt;">É mais
velho que eu</i><span style="font-size: 12pt;">”. Foi uma das poucas pessoas que, ao longo de 49 anos,
jamais deixou de me parabenizar pelo meu aniversário.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Primo legitimo, filho dos tios Zeneide e Bicalho, conheci-o
de forma um tanto estranha, esgueirando-se entre as pernas de minha tia, assustado,
ali, com a nova situação, pois acabara de chegar do Rio de Janeiro, cidade onde
nascera, motivo de pilhéria comigo. Sempre me dizia brincando: - <i>Nasci em
Laranjeiras, no Rio, e tu, em Codó</i>”... risos. Na minha casa, chegou a morar durante alguns
meses, até se mudar. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Foi a minha tia que escolheu para ele a mesma escola que eu
frequentava: Instituto Educacional Freitas Figueredo, na Cohab, bairro em que cresci. Todos os dias quando saímos do Freitas, como chamávamos a escola, íamos rezar na Igreja Católica de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na Cohab, local onde será realizado a missa de 7º dia. Na mesma sala, estudamos a 3ª série do ensino fundamental, a única disputa
entre nós em toda a nossa amizade, por melhores notas; depois, na 5ª, além do 1º
ano do antigo ensino médio, já no Colégio Almirante Tamandaré. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Na infância, Tadeu me influenciou no universo dos quadrinhos,
mundo Marvel, DC Comics. Sempre foi um leitor voraz, curioso, atento. Foi
também a minha referência primeira em cinema, filmes de ação, ficção científica
e, sobretudo, de terror, já que foi ele a me apresentar, por exemplo, Carry, a
estranha; Fred Crugger, A Hora do Pesadelo; Sexta-feira 13; O Exorcista. O
único filme de terror que eu o apresentei, já adulto – e, para ele, o melhor – foi
o francês L’intérieur (2007). Sem dúvida, o meu primo era o que se poderia
chamar, hoje, de um nerd. A minha única habilidade, a qual constituía um
diferencial em relação a ele, era o futebol, o qual nunca gostou, de fato.
Mesmo em bairros distantes, quando possível, víamo-nos e conversávamos sobre
absolutamente tudo, tudo aquilo que estava no horizonte de dois adolescentes em
bairros periféricos de São Luís. Como, de fato, era muito astuto e curioso,
exercia em mim a vontade de, repetida e reiteradamente, sondar novos assuntos,
e eu me abismava com o fato de ele, mesmo tão jovem, dispor de um leque de
abrangência de interesses tão diversificados.
<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Um belo dia, ele me surpreendeu ao contar que havia se
convertido à Igreja do Evangelho Quadrangular. Levou-me para assistir a um
culto e não tardou muito para também me congregar no mesmo templo, Rua Raimundo
Correa, Monte Castelo. Depois, migrou para o do João Paulo, no qual se
transformou em Presidente da Mocidade, eu, diácono e vice-Presidente de
Mocidade.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Enquanto evangélicos, fundamos o Grupo Centelha, juntamente
com Adilson, entre outros, na Escola Almirante Tamandaré, onde fizemos o ensino
médio em contabilidade, jamais exercendo o ofício. Também adentramos o
movimento estudantil. Ele não se demorou muito; já eu ingressei, depois, na
militância acadêmica, quando cursava História na UFMA e nas trincheiras de PT,
embora nunca tenha me filiado oficialmente. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">O nosso único distanciamento, e que em nada arrefeceu a nossa
ligação anímico-fraterna, foram nos anos de faculdade. Como dito, eu ingressei
na UFMA, onde cursei História; ele, Letras, na UEMA. Da UFMA, fui para São Paulo, cidade de Assis,
cursar o mestrado e, quando morei na capital com a minha irmã Nel, Tadeu nos
visitava, com constância. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Amadurecemos juntos. Desde a tenra idade, inscrevemo-nos, um
no outro, como confidentes. Há coisas dele que só eu sabia, e vice-versa.
Quando entrei em depressão, em 2012, o meu primo-irmão foi absurdamente
essencial na minha vida, amparando-me, irrestritamente, em todos os momentos. Igualmente,
estive, do seu lado, em situações delicadas. Lembro-me de uma ocasião em que
eu, à época espírita – dessa vez, fui eu a levá-lo para outra religião, a qual frequentou
comigo durante um tempo, no caso, o centro espírita Paulo de Tarso, na Maioba,
estrada de Ribamar – no apartamento em que morava, alugado de meu amigo Frank,
no Parque dos Nobres, ouvi a voz da minha tia falecida Zeneide, que assim me alertou:
- “<i>Zeca (como eu sou chamado na
família), agora que sabes que a morte não existe, é apenas uma passagem,
peço-te que envies uma mensagem a Tadeu. Diga que estou deveras preocupada com
o que ele está passando!”.</i> Prometi que o faria. Liguei e combinamos um
encontro no bar do Léo, no Vinhais. Assim que ele chegou, pedimos uma cerveja e,
de imediato, falei-lhe: - <i>Não
precisas acreditar em mim e absorva somente o que te faz sentido. Tia Zeneide
entrou em contato comigo e pediu que eu lhe transmitisse que está deveras
preocupada com o que está passando contigo. Queres falar sobre</i>”? Ele
afastou o copo de cerveja, abaixou a cabeça, chorou copiosamente durante um bom
tempo. Depois, enxugou as lágrimas e disse: - “<i>Eu nunca te escondi nada, mas
sobre isso eu não quero falar, tudo bem?”</i> Respeitei, assenti e passamos a
divagar sobre outros assuntos. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Sempre desconfiei que a nossa ligação não era dessa
encarnação. Já não era mais espírita, quando em tratamento terapêutico de
hipnose regressiva, em 2014, experienciei uma situação deveras emblemática. Em
tal sessão, eu estava na Europa do século XVII, voltando para a minha casa, no
caso, uma cabana... Ao sair dessa consulta, tive a vontade súbita de correr até
o Tadeu para contar o que havia transcorrido. Mal comecei a relatar, e ele,
transtornado, pediu para que eu não falasse mais nada. Silêncio… Narrei somente
até a cena da cabana, e ele descreveu, exata e literalmente, o que somente eu e
o médico e hipnólogo sabíamos. Assim complementou o relato: - “<i>Tu</i> <i>estavas voltando para a tua casa,
uma cabana, (descreveu-a) perto de um pequeno lago, depois de cruzar um bosque,
passar por uma ponte de madeira e chegar a uma pequena aldeia onde uma mulher
estava sendo apedrejada e morta</i>”... Fiquei pasmo, atônito, sem saber o que
dizer porque fora exatamente isso que havia sido passado na sessão. Ele
concluiu: - <i>“A mulher sendo apedrejada era eu. Eu tenho esse sonho recorrente há anos
e nunca contei a ninguém. Tu és a primeira pessoa a saber disso”. <o:p></o:p></i></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Tadeu era um tipo raro de amigo: fiel, honesto, companheiro
e, igualmente, chato, reservado, de personalidade muito forte, exclusivista,
restritivo, irreverente, iconoclasta, embora transparente até alma – daí nunca ter
declinado de uma virtude de difícil aceitação: o chamado “sincericídio”, o que
tornava-o uma pessoa de poucos amigos, por vezes, visto, até, como antipática. E
eu era uma das poucas pessoas que dispunha de passe livre para visitá-lo em sua
casa sem avisar. Ele deixava isso bem claro. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Ao longo de 42 anos de amizade, é-me muito difícil descrever a profundidade dessa irmandade. Foi a
única pessoa com a qual eu conversei sobre “absolutamente tudo”, e sem
reservas: Jesus, religiosidade, espiritualidade, ufologia, Bíblia, mundos paralelos, extraterrestres,
entrelaçamento quântico, Cabala, física quântica, astrologia, telepatia,
teletransporte, telesinese, chakras, literatura, música, filmes, séries, política,
relacionamentos, amizades, sonhos, dinheiro, frustrações, ressentimentos, etc. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Ainda no campo inaugural, a minha primeira viagem
internacional foi com ele e com o Borba, o seu companheiro à época, e Lúcia, a minha
então esposa. Fomos para Buenos Aires e Montevideo. Indescritível. No meu casamento foi ele a apanhar o buquê de flores. Advogado,
professor de Inglês – por sinal, exímio e fluente –, pois, nessa viagem,
podemos desfrutar de sua interlocução em situações em que o idioma espanhol não
se fazia possível. Dono de uma inteligência rara e de um humor ácido, era de
tiradas velocíssimas em situações irônicas, o que, invariavelmente, levava-nos
a gargalhadas da mais incontidas. Estar ao lado dele era a certeza de boas
risadas, mas também de pequenos estresses, suscitados por um bom e metódico
virginiano. Reservado, discreto, coerente com as suas convicções, dedicava-se a
embates em torno dos seus ideais, o que acabava por agregar pessoas, que, por
gostarem dele, não renunciavam da sua companhia. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Quando a sua cachorra Dalila teve de ser sacrificada, em 20
de agosto de 2023 – por coincidência, o aniversário de sua mãe –, Tadeu parou de
comer, tamanha a consternação. E de tristeza se isolou. Foi ficando cada vez
mais fraco até ser acometido de uma insuficiência respiratória e falecer. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Em um momento-limite, dos mais agudos e dramáticos, Eu fui a
última pessoa próxima a vê-lo na UTI. E ele me fez um pedido, o qual não atendi. Foi este o seu clamor: - “<i>Me</i> <i>tira daqui, quero morrer em casa”.</i> Eu disse: - “<i>Não vais lutar pela vida e vai entregar
o jogo</i>? <i>Vai desistir, mesmo?”</i> E me fitando, olhando-me seriamente,
como sempre: - “<i>Não tem mais jeito,
eu estou muito fraco e não vou aguentar</i>”.
Comuniquei a Socorro, que cuidou dele nos últimos meses, irmã dele e
minha de minha criação, a Homell, irmão dele e, do mesmo modo, meu de criação, solicitando
que se despedissem, pois sabia que não voltaria. E, assim, tentaram vê-lo no
dia 14 de janeiro, na UTI, às 11 da manhã. Tarde demais, tinha acabado de
partir, pouco antes das visitas. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Pois eu vi partir um primo-irmão-amigo. Uma sensação estranha
e de difícil elaboração, mas não pela ideia de morte, a qual não me assusta nem
um pouco, aliás, na UTI quando me pediu para que eu o tirasse de lá, eu lhe
indaguei: - “<i>Já preparaste teu espirito</i>”? Ele respondeu: - “<i>Já, estou
pronto</i>”. Um dos grandes temas que atravessaram as nossas conversas, ao
longo de 42 anos, desenrolava-se, naquele momento, de forma muito serena. A
estranheza, contudo, fica por conta da falta maiúscula que ele fará, Falávamo-nos quase toda
semana por Whatsapp, com instigantes trocas de reels e de vídeos engraçados,
seguidos de “kkkkkkkkkkkkkk. Era quase
um ritual. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Quase sempre que saía da UEMA, Campus Central, no São Cristóvão,
passava por sua casa, no IPEM São Cristóvão. Atualizávamo-nos das novidades,
tomávamos um café, e eu seguia, nutrido de sua inteligência e afeto, rumo à minha
casa. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Em 27 de agosto deste ano, pela primeira vez, não enviarei
mensagem de aniversário, sem a esperada zombaria por ele estar mais velho que
eu. Aliás, seria uma data especial, uma efeméride, faríamos 50 anos de idade. Quando
eu o fizer, em 10 de novembro, será diferente. Impossível não me lembrar dele ouvindo,
em sua playlist, Peter Cetera, que tanto adorava, além de Elton John e Phil
Collins, e, ainda, colocar uma máscara, seja a trazida por mim para ele de
Veneza, seja a de Cabo Verde, que adorava igualmente. Agradeço a Deus, criador
do Universo, pela oportunidade de ter estado com ele nessa jornada – para mim, indubitavelmente,
mais do que uma sorte, uma honra, mas, sim, uma dádiva. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Este texto-homenagem de mim se deslinda como uma forma de
agradecimento ao Universo por sua existência. A maneira que encontro de
expressar, minimamente, a tentativa de significação de sua indelével presença para
em minha vida, e tentar processar essa perda empírica, é escrevendo,
reelaborando. Trata-se de uma forma de prosseguir com os nossos diálogos,
porque o nosso contato não cessará. Encerrou-se, tão somente, nesse plano
físico, mas continua na indelével dimensão astral. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Pois o Tadeu, agora, terá a oportunidade de me contar como é
do outro lado do véu, como vem passando, vivendo, aprendendo, por onde tem
andado, bem como de suas reveladoras descobertas. Amigos-irmãos como ele não
abandonam os seus, e não será dessa vez. Passamos 42 anos tentando desvelar o
que separa a matéria do espírito. Como sempre foi precoce em tudo, mais uma vez
ele irá descobrir primeiro. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Hoje, pela manhã, acordei e, de súbito, quis compor esta crônica.
Um aroma agradável de rosa preencheu todo o quarto, um cheiro inconfundível.
Era ele. Sim, e já fazendo contato. Está aqui no que sinto e pressinto.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">A ti, meu primo-amigo-irmão, que eu tanto amo, um até breve.
Até breve não, vou ficar neste plano por mais uns 40 anos, não pretendo partir
agora… risos. No entanto, como no mundo espiritual o tempo é outro, está inscrito
na 3ª dimensão de modo muito distinto do nosso tempo-relógio-calendário, daqui,
aproveita e tira as tuas conclusões a partir de nossas conversas e me conta se
o que sentíamos e sabíamos era fantasia, delírio, intuição, imaginação, ou já, em
algum nível, a forma mais aguda e iluminada de percepção. </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;">Minha gratidão à Luciana Barreto pela revisão e intervenção no texto </span></p><p></p>Henrique Borralhohttp://www.blogger.com/profile/13756164647342469985noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5887510198149032669.post-85951727133778223432023-08-23T02:42:00.002-07:002023-08-23T02:42:50.288-07:00Encontro das águas com 8 mãos<p> Pororoca</p><p><br /></p><p>Por Ria dourada e Mar agitado</p><p><br /></p><p>Eu, rio, tu, mar,</p><p>encontro impossível</p><p>mas Deus fez chegar</p><p>entre vai e vem do mar</p><p>o rio está a te esperar,</p><p>na calmaria do tempo</p><p>na hora de te encontrar,</p><p>vem mar, </p><p>nesse encontro capaz de nos misturar,</p><p>transformar sal em doce,</p><p>para o eterno rio(a)mar.</p><p>Recebe as águas onde desagua rios de mar amar,</p><p>vem com força e encontra a resistência leve das águas de rio,</p><p>o mar salgado, </p><p>o rio doce, </p><p>água agridoce,</p><p>o mar impetuoso morrendo nos doces lábios de rio</p><p>se confundindo, </p><p>virando um só,</p><p>eu, agora também rio, </p><p>rio por não saber mais quem sou,</p><p>choro, </p><p>não é tristeza, </p><p>é alegria por se perder em tuas águas,</p><p>e já que lágrimas são salgadas</p><p>ao chorar não sabe se ainda é,</p><p>pois então seremos eternamente uma só água de um rio(a)amar . </p><p><br /></p><p>O Medo</p><p>Khalil Gibran </p><p> </p><p>Diz-se que antes de entrar no mar</p><p>um rio treme de medo.</p><p>Ele olha para o caminho que percorreu,</p><p>dos picos das montanhas,</p><p>A estrada longa e sinuosa que atravessa florestas e aldeias.</p><p>E na frente dele,</p><p>ele vê um oceano tão vasto</p><p>que entrar só pode significar</p><p>desaparecer para sempre.</p><p>Mas não há outro caminho.</p><p>O rio não pode retornar.</p><p>Ninguém pode voltar.</p><p>Voltar é impossível na existência.</p><p>O rio precisa correr o risco</p><p>indo para o oceano</p><p>porque só então o medo desaparecerá,</p><p>porque é aí que o rio vai saber</p><p>que não se trata de desaparecer no oceano,</p><p>mas para se tornar o oceano.</p><p><br /></p><p>Com Khalil Gibran, Ria Dourada, Mar agitado, sem esquecer de Guimarães Rosa</p><p>Flávio Lazzarin</p><p><br /></p><p>Em vez de se deixar levar pelo rio</p><p>obrigados a perder o medo </p><p>de se tornar oceano</p><p>Em vez de esperar </p><p>pela piedosa pororoca</p><p>que nos salgue bem adentro</p><p>nos conhecidos mapas do nosso eu</p><p>antes da implacável correnteza nos levar à foz</p><p>buscamos a terceira margem</p><p>a que contesta o fluxo</p><p>que enfrenta o rio</p><p>o tempo </p><p>o destino</p><p>o fim </p><p>e as suas metáforas</p><p>a margem que extrapola</p><p>a margem dos poetas, dos rebeldes, dos inconformados.</p><p><br /></p><p>Agosto 2023</p>Henrique Borralhohttp://www.blogger.com/profile/13756164647342469985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5887510198149032669.post-43559294114373495952023-08-11T16:42:00.012-07:002023-08-13T02:01:44.908-07:00POROROCA<p>Por Ria dourada e Mar agitado</p><p><br /></p><p>Eu, rio, tu, mar,</p><p>encontro impossível</p><p>mas Deus fez chegar</p><p>entre vai e vem do mar</p><p>o rio está a te esperar,</p><p>na calmaria do tempo</p><p>na hora de te encontrar,</p><p>vem mar, </p><p>nesse encontro capaz de nos misturar,</p><p>transformar sal em doce,</p><p>para o eterno rio(a)mar </p><p>~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~</p><p>~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~</p><p>Recebe as águas onde desagua rios de mar amar,</p><p>vem com força e encontra a resistência leve das águas de rio,</p><p>o mar salgado, </p><p>o rio doce, </p><p>água agridoce,</p><p>o mar impetuoso morrendo nos doces lábios de rio</p><p>se confundindo, </p><p>virando um só,</p><p>eu, agora também rio, </p><p>rio por não saber mais quem sou,</p><p>choro, </p><p>não é tristeza, </p><p>é alegria por se perder em tuas águas,</p><p>e já que lágrimas são salgadas</p><p>ao chorar não sabe se ainda é,</p><p>pois então seremos eternamente uma só água de um rio(a)amar . </p>Henrique Borralhohttp://www.blogger.com/profile/13756164647342469985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5887510198149032669.post-52993281919212500922023-06-24T09:06:00.012-07:002023-07-02T05:27:05.554-07:00William Autumn sem o bolso da camisa <p> (Continuação do conto: no bolso da camisa, de 14 de fevereiro de 2017) versura.blogspot.com/2017/02/no-bolso-da-camisa.html</p><p><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt; line-height: 107%;">O que teria acontecido a William
Autumn, professor de Filosofia da Linguagem da Universidade de Vancouver, após
o seu sumiço diante do palco perante uma plateia lotada? Se preparara para uma
grande conferência acerca do significado da existência a partir da filosofia da
linguagem quando, ao pedir à plateia que fechasse os olhos, após alguns
instantes, desaparece do palco. Fez de volta o trajeto a pé da Universidade
para sua casa. Caminhou lentamente, como de costume, com seu blazer azul claro,
camisa azul turquesa, calça de linho cinza, cinto marrom e sapatos pretos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt; line-height: 107%;">No trajeto de volta
indagou ser aquela mais uma conferência, como tantas outras e que não mudaria
nada a percepção das pessoas sobre a vida. Mas, como o subconsciente é
sorrateiro, algo passou despercebido no momento em que</span><span class="MsoCommentReference"><span style="font-size: 8pt; line-height: 107%;"><span style="mso-special-character: comment;"> </span></span></span><span style="color: black; font-size: 13.5pt; line-height: 107%;"> pediu que a plateia fechasse os olhos, ele não. Mirou
fixamente nos seus alunos que o assistiam entusiasticamente e, como um espelho,
se lembrou de sua adolescência e sua fase já enquanto estudante de filosofia.
Se deu conta de que todo esforço empreendido em ser um grande estudante de humanas
era uma resposta ao abandono maternal, quando, ao ingressar com entusiasmo </span><span style="color: black; font-size: 13.5pt; line-height: 107%;">na Universidade, foi até a casa de sua mãe, que nunca lhe
teve grande proximidade, para comunicar a ela do feito de ingresso à carreira
acadêmica e ouviu um sonoro: “_ eu pensei que viesses me comunicar que serias
um futuro advogado, engenheiro, mas um estudante de filosofia? Para que serve
mesmo?”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt; line-height: 107%;">Ao olhar detidamente a
plateia, se deu conta de que todo esforço empreendido ao longo da carreira
acadêmica era uma resposta inconsciente aos desejos dos outros, a uma
necessidade de agradar, de ser aceito, no caso, pela via intelectual. E tudo
isso passou num átimo de segundo. Fora enganado a vida toda por uma persona,
uma máscara, e isso era duro demais para um professor de Filosofia da Linguagem
cujo interesse maior era exatamente a existência. Era como se a “existência” o
tivesse pregado uma peça: ao falar dela, falseou os sintomas subterfúgicos. E o
que é pior? Seus alunos eram-lhe reflexos. Se sentiu um impostor, um
embusteiro, antiverdadeiro por não ter tido a coragem de enfrentar tal
falseamento. Não conseguira mais seguir em frente. Aproveitou enquanto a plateia
fechara os olhos para, lentamente, sem aviso, deixar o palco, assim,
sorrateiramente, silenciosamente, sem aviso, porém, sem medo da repercussão,
pela primeira vez na vida.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt; line-height: 107%;">No trajeto de volta para
casa, ainda que relativamente perto das cercanias da Universidade, pensara não
ser esse o único motivo do abandono da conferência e tal trajeto que antes
causava-lhe fruidez, tranquilidade pela beleza do bosque que adorna o campus,
as ruas floridas, os cafés, as gentes sentadas na grama, lendo livros, <a style="mso-comment-date: 20230623T1848; mso-comment-done: yes; mso-comment-reference: WON_3;">muitos inclusive de sua autoria</a></span><span style="color: black; font-size: 13.5pt; line-height: 107%;">, dessa vez lhe pesara os pés como chumbo. Como reage a isso?
O Professor de filosofia não se vê envaidecido? Agora pouco se importa com
essas minúcias. O tempo não passava, o trajeto de repente se tornou uma
tormenta, pesaroso, como se não quisesse chegar em casa, porque a casa não
seria o fim dessa reflexão, por isso, começou a andar e dar voltas no
quarteirão.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt; line-height: 107%;">A recente descoberta o
embarcaria ainda em outras descobertas que só se dera conta à medida que
pensava com os pés, como Sêneca. <a style="mso-comment-date: 20230623T1852; mso-comment-done: yes; mso-comment-reference: WON_4;">A resposta intelectual
enquanto estudante a sua mãe ausente era sequência, ou melhor, consequência de
outro acobertamento: a de que todo</a></span><span class="MsoCommentReference"><span style="font-size: 8pt; line-height: 107%;"><span style="mso-special-character: comment;"> </span></span></span><span style="color: black; font-size: 13.5pt; line-height: 107%;">esforço empreendido em ser um bom estudante, retirou-lhe da
vida boemia costumeira aos jovens universitários. Seu inconsciente sub-repticiamente</span><span class="MsoCommentReference"><span style="font-size: 8pt; line-height: 107%;"><span style="mso-special-character: comment;"> </span></span></span><span style="color: black; font-size: 13.5pt; line-height: 107%;">o impeliu a estudar, a se destacar perante a humilhação de sua
mãe como forma de compensação, mas não lhe previu que tal obstinação lhe
custaria outra sublimação: “viver” e ser livre. Seu empenho acadêmico lhe
retirou noitadas com os amigos, paqueras, flertes, boites, festas, como de
costume dos jovens, mesmo sendo ele vistoso, a bem da verdade, muito bonito,
embora tímido. A timidez no fundo é vaidade, receio em ser rejeitado, por isso,
uma defesa, uma antecipação a qualquer rejeição. Ele se indagou, mas, de onde
vinha a timidez? Certamente da falta de acolhimento maternal, da segurança que
os pais transmitem aos filhos, como também de suas memórias apagadas da
adolescência. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt; line-height: 107%;">Corpo franzino, pele
esquálida, nada se assemelhava ao bonito jovem daquele
tempo da Universidade. Durante a infância e a adolescência sentia-se estranho, esquisito, retraído. Seus
interesses não se confundiam com os de seus colegas de rua, com exceção de
Sebastian, que sempre preferia ficar no telhado de sua casa olhando o céu a brincar
de futebol na rua. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt; line-height: 107%;">Se lembrou que nas
brincadeiras em que de olhos vendados as moças
escolhiam uma respectiva fruta correspondente ao ato do beijo, quer na
bochecha, quer na boca, nunca fora escolhida a maçã, pois estava correlacionado
a ele, ou seja, jamais recebeu beijos nos lábios de suas possíveis namoradas </span><span style="color: black; font-size: 13.5pt; line-height: 107%;">da rua. E isso era mais uma dura constatação: os seus relacionamentos ao longo da vida refletiam carências como busca por beleza, mulheres exuberantes, vistosas, uma espécie de espelhamento de suas carências internas, uma necessidade fremente de aceitação, de validação social, tudo como forma de compensação pela rejeição na adolescência e pelo excesso de timidez. Se deu conta de que havia uma padrão em seus relacionamentos: quase todas as mulheres com quem se envolveu ao longo da vida tinham os mesmos perfis, características muito semelhantes, traços arquetípicos em comum. O inconsciente é nove mais forte que o consciente. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt; line-height: 107%;">A timidez da adolescência
prolongou-se a fase adulta, já na Universidade, que, enquanto resposta a sua
mãe, sublimou uma fase importante da existência: outras descobertas. Foi aí
então que William Autumn começou a chorar. Sua atuação de professor não era
apenas uma resposta a sua genitora, como também uma tentativa de recuperação da
fase acadêmica dedicada quase que exclusivamente aos estudos. As leituras
seriam uma espécie de bônus, compensação, barganha, respeitabilidade pela fase
de “invisibilidade” que vivera enquanto estudante. Ser visto pelos seus alunos
era uma questão também de aceitação. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt; line-height: 107%;">O longo trajeto, embora
curto, enfim acabara. Sentou-se em sua cadeira, frente à escrivaninha, redigiu
uma carta de demissão à Universidade de Vancouver, escolheu um velho romance
que comprara há muitos anos, embora ainda plastificado, e começou a ler sem se
preocupar com o futuro. Estava se curando de seu passado.</span><o:p></o:p></p>
<div style="mso-element: comment-list;"><!--[if !supportAnnotations]-->
<br /><div style="mso-element: comment;"><div class="msocomtxt" id="_com_6" language="JavaScript">
<!--[if !supportAnnotations]--></div>
<!--[endif]--></div>
</div>Henrique Borralhohttp://www.blogger.com/profile/13756164647342469985noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5887510198149032669.post-86506419360563109682023-05-28T08:43:00.008-07:002023-05-29T03:59:41.741-07:00Excesso de passado ou gravidez de futuro?<p> </p><p><span style="font-size: 16px; text-align: center;"><br /></span></p><p></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;"><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: text1;">Um dos
grandes problemas de fazer análise em qualquer tempo, apesar de a atividade
intelectual de prognóstico ser relativamente recente, remete a uma época em que
a Modernidade compeliu a embaralhar o passado e causar perplexidade quanto ao
futuro impreciso, cada vez mais fluído. Isso se relaciona aos tempos
emblemáticos que vivemos, que além de serem mais velozes, às vezes são
retroativos, confusos e de difícil previsão.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: text1;">Após a
pandemia, o mundo entrou em descompasso e nunca mais voltou a ser o que era.
Até aí, nada de novo. Desde meados do século XIX, a Europa, em especial, passou
por intensas revoluções ao longo do século XX, levando Eric Hobsbawn a nomear
esse período como "a era dos extremos". Sendo assim, a pandemia funcionou
como um intervalo entre dois momentos? Um colapso do sistema de saúde
ambulatorial, testado ao limite pela indústria farmacêutica e sua fábrica de
vírus, a lógica de controle de bilhões de vidas, por um lado, e, por outro, o
esgotamento de um modelo de existência baseado no trinômio
capital-industrialização-política. Isso levou Giorgio Agamben, duramente
criticado por referenciar a política de recolhimento e reclusão como elemento
impeditivo da disseminação do vírus COVID-19, a considerar esse controle como
neofascista, pois impede exatamente a livre circulação de pessoas, deixando aos
estados a decisão sobre a vida. Para ele, a vida política se realiza nas ruas.
Se ninguém vai às ruas, onde poderia ocorrer a execução da política, incluindo
a discussão sobre as formas de democratização das informações? Para o filósofo,
o extremo controle do estado sobre a livre circulação das pessoas assemelha-se
ao controle neofascista da vida pública por meio do discurso, da promoção do
medo, do pânico, do terror e da manipulação das informações.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: text1;">Após a
pandemia, houve e ainda há outro elemento sorrateiro extremamente legitimador
da concepção política: as lutas sociais pela conquista e manutenção de direitos
sociais integralmente legítimos, mas que esbarram no avanço agressivo do capital
em todos os setores, inclusive com a aceleração da implantação da inteligência
artificial (IA) em vários aspectos da vida, desde o industrial até o
educacional. No entanto, é importante ressaltar que a escola, em sua concepção
moderna, foi pensada sob uma perspectiva laboral-industrial, como apontado por
Vilém Flusser, deixando de ser um local de prazer (<i>École</i>) para se tornar uma
ausência de prazer (<i>Ascole</i>). A escola moderna foi projetada para treinar a
classe trabalhadora de acordo com os ditames industriais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: text1;">O
contraponto entre a luta pela manutenção de direitos sociais e uma concepção de
vida gestada nos últimos 110 anos, com o avanço do capital solapando exatamente
um modelo de vida, criou uma fissura entre os analistas, tema deste ensaio, em
relação a qualquer prognóstico futuro. De um lado, há os pessimistas; de outro,
os otimistas. O problema de estar ao lado dos otimistas reside no receio de ser
associado ao alinhamento com o grande capital, ou seja, à ideia de que qualquer
mudança, mesmo que seja positiva em relação ao futuro, não elimina a existência
do capital e os graves danos que ele vem causando ao planeta em sua integralidade imanente enquanto natureza </span><span style="font-size: 12pt; text-indent: 36pt;">a bilhões de
seres humanos, excluídos do processo de consumação da produção, que se baseia
cada vez mais na acumulação do capital volátil e dos não-humanos - muitos já extintos e outros milhares em vias de extinção .</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: text1;">A
grande questão é que, de fato, estamos presenciando o colapso de um modelo de
vida burguês, ou seja, um antigo modelo de vida burguês, uma concepção
enraizada na confiança na reflexibilidade do Estado como garantidor de práticas
sociais. Isso ocorre em meio à insegurança jurídica, cada vez mais atravessada
por rearranjos interpretativos oriundos da interação entre capital e Estado, na
redução de postos de trabalho, na reestruturação das condições de trabalho, na
precarização das condições de vida e na transformação das cidades em grandes
laboratórios experimentais da lógica industrial-tecnológica-informativa, entre outras questões.<o:p></o:p></span></p>
<div style="border: 1pt none rgb(217, 217, 227); mso-border-alt: none #D9D9E3 0cm; mso-element: para-border-div; padding: 0cm;">
<p class="MsoNormal" style="border: none; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; mso-border-alt: none #D9D9E3 0cm; mso-border-between: 0cm none #D9D9E3; mso-padding-alt: 0cm 0cm 0cm 0cm; mso-padding-between: 0cm; padding: 0cm; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: text1;">O desânimo em relação a certas lutas para se apegar a um mundo antigo que
está desaparecendo pode, de certa forma, indicar uma imprecisão na perspectiva
do que está por vir, assumindo todos os riscos inerentes a qualquer
prognóstico. Parece evidente que o mundo está em constante decomposição, assim
como ocorreu em diversas épocas: pós-Revolução Francesa, revoluções burguesas
do século XIX, Primeira e Segunda Guerras Mundiais, movimentos contraculturais
das décadas de 60 e 70 do século XX, movimento feminista, movimento negro,
lutas e identidades pós-coloniais, entre outros. A questão de se apegar a um
antigo modelo de vida não se trata apenas de segurança, mas sim da incerteza em
relação ao futuro.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: text1;">O que
se anuncia nos próximos três anos, de 2024 a 2026, está muito distante de
qualquer experiência vivida anteriormente. Todos os prenúncios estão
acontecendo aqui e agora, evidenciados pelas formas de apego e resistência às
mudanças, tais como o neofascismo em várias partes do mundo, aumento do
feminicídio, aumento da pedofilia, do racismo e do desmatamento das florestas e extinção de biomas, ataques a grupos indígenas, povos originários e quilombolas, avanço do
agronegócio contaminando solo e lençóis freáticos, um verdadeiro ecocídio (para usar uma expressão de David Kopenawa), aumento da violência de
maneira geral e concentração de renda global nas mãos de apenas 10% da
população, além do crescimento populacional em países mais pobres. Todos esses
eventos indicam que essas mesmas formas violentas são resistências às mudanças
inevitáveis, e nada irá detê-las. Não se trata de uma questão enigmática nem
óbvia, mas sim de algo factível, e existem alguns sinais claros disso.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: text1;">Pessoas
ao redor do mundo marcham contra a homofobia LGBTQIAP+, alimentos processados e
transgênicos, o avanço do agronegócio, questionam os modelos educacionais e a
concepção de vida burguesa baseada na acumulação predatória. Elas também
protestam contra as formas de acesso à informação, o padrão de vida centrado no
consumo, relações afetivas tóxicas, padrões familiares autoimpostos, trabalhos
improdutivos que geram pulsões de morte e a necropolítica. Além disso,
manifestam-se contra a contaminação da água, tanto doce quanto salgada, e a
acumulação de lixo plástico nos oceanos, que mata animais marinhos. Lutam por
uma saúde não privatizada, contra o racismo e a associação entre o grande
capital e os meios de comunicação. Descobrem a lógica da prostituição dos
Estados subservientes aos interesses do grande capital e reagem, ainda que
subjetivamente, enfrentando o aumento das depressões, síndromes de Burnout e a
busca por validação nas redes sociais, revelando um esgotamento gestado por uma
concepção antiprazer que se assemelha à própria vida. A busca por receber
muitos likes nas redes sociais assemelha-se à noção grega de imortalidade ou à
necessidade dos "15 minutos de fama" propagada pelo estilo de vida estadunidense, diante da impossibilidade de acesso à grande mídia ou de atender
nossas necessidades em uma sociedade cada vez mais competitiva. É claro que
isso não se trata de uma unanimidade, caso contrário o mundo seria diferente.
No entanto, é exatamente a existência da divisão entre grupos e não apenas
entre classes, com diferentes concepções de mundo, que intensifica a aceleração
das mudanças. Aqueles que resistem a essas mudanças estão se tornando e serão
cada vez mais minorias.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: text1;">Estamos
diante de uma mudança de paradigma tão profunda que colocará o mundo em um novo
patamar. Após a concepção aristotélica de ciência e pensamento, uma nova forma
de abordar o logos (λόγος) começou a emergir, dando consistência ao que o mundo
moderno chamou de "racionalidade". Isso excluiu outras experiências e
perspectivas fora do contexto europeu, estigmatizando vivências e significados
que não se encaixavam nessa lógica, consolidando assim a colonialidade do
poder. Conforme Walter Mignolo afirma, não há modernidade sem colonialidade,
que se manifesta em todas as esferas da existência.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: text1;">O que
se anuncia é o fim da colonialidade, não apenas em sua manifestação moderna e
europeizante, mas também da colonialidade existencial que reprimiu a plenitude
da potencialidade humana em todas as suas dimensões. A luta dos povos indígenas
e originários pela defesa de suas terras e modos de vida sinaliza não apenas a
preservação dos biomas, mas também a essência da relação entre homem, mulher e
natureza, criticada pelo paradigma do progresso e da evolução. A busca pela
emancipação feminina aponta para o fim do patriarcado, que sustenta a lógica
machista, e reflete na dominação do trabalho e na supremacia econômica
masculina. A luta contra o racismo, cada vez mais necessária, além de destacar
a origem da divisão por cor através da escravidão, demonstra como o trabalho imposto
aos africanos e aos povos indígenas foi utilizado para justificar o preconceito
e impor uma segregação baseada em critérios religiosos, geográficos, culturais
e, acima de tudo, étnicos. A crítica e a suposta superioridade das experiências
existenciais sobre as sociedades consideradas pejorativamente como
"tradicionais" devido às suas práticas espiritualistas criaram uma
divisão entre ciência-racionalidade, de um lado, e
sensibilidade-intuição-espiritualidade, de outro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: text1;">Longe,
muito longe da arrogância ocidental ao considerar as práticas espiritualistas
de povos originários, tradicionais e sociedades asiáticas, africanas e
oceânicas como meramente folclóricas, mitológicas ou religiosas, não se
compreendeu que tais práticas não eram atrasadas, mas sim percepções sensíveis
de que a lógica do progresso implicava o abandono de uma essencialidade humana,
com todos os riscos que essa concepção carrega. A racionalidade moderna
fragmentou a integralidade holística do ser humano, privilegiando certos
aspectos de nossa sensorialidade e estimulando determinadas áreas neurais,
resultando em mutilação e afastamento cada vez maior das experiências das sociedades
antigas, simplesmente por serem consideradas ideologicamente ultrapassadas.
Isso foi um estratagema ao criar uma oposição entre passado e presente, e pior
ainda, ao retratar a escolha como sendo entre passado e futuro, como se fosse
inquestionável qualquer crítica ao nosso modelo de vida atual, e como se fosse
inevitável resistir ao futuro sem uma mudança drástica e indispensável no modo
de vida contemporâneo, que está alcançando limites insustentáveis.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: text1;">Ainda
que certas opções consideradas "utópicas" sejam nossos horizontes,
elas não se resumem a questões meramente semânticas ou hermenêuticas. São
resultado de longas experiências humanas testadas e comprovadas, demonstrando
que a paz é melhor que a guerra, o amor é melhor que o ódio, a fraternidade é
melhor que a inimizade, a colaboração é melhor que a disputa, a liberdade é
melhor que a prisão, a saúde é melhor que a doença, a preservação da natureza é
melhor que a poluição e a harmonia é melhor que a desarmonia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: text1;">O
planeta Terra, conhecido por diversos nomes e seus princípios energéticos como Tiamat, Gaia, Pacha Camac,
Abya Ayala, Sham, Urantia, está gestando um futuro brilhante, pois o modelo
existencial atual se esgotou. Esse modelo não conseguiu trazer a paz prometida
pelo iluminismo e, a cada dia, vemos seus recursos se esgotarem, colocando em
risco a vida humana.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: text1;">Uma das
muitas imagens prejudiciais propagadas por um tipo de racionalidade que opôs
dedução e intuição foi a noção entrópica e autorreferenciada de que a vida
humana está desconectada do cosmos, como se fosse uma entidade autônoma em si
mesma. Essa concepção é moderna, os antigos não acreditavam nisso. No entanto,
nada poderia ser mais irreal, ilusório, ideológico e estratégico do ponto de
vista da manutenção da lógica do poder e da exploração econômica. Ao afirmar
que não existe uma correlação entre a Terra e o universo, reforçou-se o
paradigma da imutabilidade e da crença de que outro modelo existencial é
impossível. Também foi reforçada a ideia de que não temos poder em nós mesmos,
de que as plantas, os animais e os minerais não estão integrados ao nosso
corpo, e que somos unidades desconectadas de tudo, que não existe a unimultiplicidade, para usar uma expressão do cantor e compositor Tom Zé.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: text1;">Mas não
é apenas o planeta que está grávido de um novo futuro, o universo também está,
pois essa é a sua dinâmica: a mudança. A aspiração e os desejos por mudanças
não são meras projeções humanas, são conexões sensitivas.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: text1;">A
divisão do mundo entre aqueles que desejam um mundo mais equânime e menos
injusto, e aqueles que lutam pela perpetuação do status quo, define a postura
daqueles que anteciparam o surgimento de um novo mundo, os otimistas, e
daqueles que apostaram no "quanto pior, melhor". Para esses últimos,
a história será implacável.</span><span style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Georgia; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></p><span style="font-size: 16px; text-align: center;"></span><p></p>Henrique Borralhohttp://www.blogger.com/profile/13756164647342469985noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-5887510198149032669.post-70300714699033635502023-05-22T13:59:00.000-07:002023-05-22T13:59:16.253-07:00Pintando o céu<p>Deus/Deusa com seus dedos delicados</p><p>esparge tinta branca sobre uma tela azul</p><p>deixando ao lado uma porção de tinta amarela fosforescente </p><p>completando sua policromia.</p><p><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: 0.9375rem; white-space: pre-wrap;">Os gregos antigos </span></span><span style="font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">não</span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: 0.9375rem; white-space: pre-wrap;"> tinham nomenclatura para a cor azul, </span></span></p><p><span style="font-family: inherit; font-size: 0.9375rem; white-space: pre-wrap;">não a distinguiam do verde. </span></p><p><span style="color: var(--primary-text); font-family: inherit; font-size: 0.9375rem; white-space: pre-wrap;">Eles conheciam a esperança, </span></p><p><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: 0.9375rem; white-space: pre-wrap;">mas desconheciam o </span></span><span style="font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">céu</span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: 0.9375rem; white-space: pre-wrap;">, </span></span></p><p><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: 0.9375rem; white-space: pre-wrap;">seus deuses habitavam o Olimpo, </span></span></p><p><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: 0.9375rem; white-space: pre-wrap;">e eu hábito o </span></span><span style="font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">espaço</span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: 0.9375rem; white-space: pre-wrap;"> infinito.</span></span></p><div style="font-family: inherit;"><div class="x1n2onr6" id=":r28:" style="font-family: inherit; position: relative;"><div class="x1n2onr6" style="font-family: inherit; position: relative;"><a class="x1i10hfl x1qjc9v5 xjbqb8w xjqpnuy xa49m3k xqeqjp1 x2hbi6w x13fuv20 xu3j5b3 x1q0q8m5 x26u7qi x972fbf xcfux6l x1qhh985 xm0m39n x9f619 x1ypdohk xdl72j9 x2lah0s xe8uvvx xdj266r x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x2lwn1j xeuugli xexx8yu x4uap5 x18d9i69 xkhd6sd x1n2onr6 x16tdsg8 x1hl2dhg xggy1nq x1ja2u2z x1t137rt x1o1ewxj x3x9cwd x1e5q0jg x13rtm0m x1q0g3np x87ps6o x1lku1pv x1a2a7pz x1lliihq x1pdlv7q" href="https://www.facebook.com/photo/?fbid=10231352843710146&set=a.2263243266388&__cft__[0]=AZVdS8BC2YEV3om3wNsyTWOZDx5pzW67GLMpB-Svz6-8FSK26sW-ocbv6gBWKABbMDnTJn08cJVMAsWSG2BQvSrlrDPaxfFHugeNGUFZbb0MimH5CD77npQnrBH7CYjIOrd8va-_9Qz-1SIW_S-dSyESrpGh8LcEqHIzvl8c18RCN3i-4XvFE9DvXXYeWt7qSns&__tn__=EH-R" role="link" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; 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height: 0px; overflow: hidden; padding-top: 500px; position: relative;"><div class="x10l6tqk x13vifvy" style="font-family: inherit; height: 500px; left: 0px; position: absolute; top: 0px; width: 500px;"><img alt="Pode ser uma imagem de pássaro, crepúsculo, nuvem, horizonte e moinho de vento" class="x1ey2m1c xds687c x5yr21d x10l6tqk x17qophe x13vifvy xh8yej3 xl1xv1r" height="526" referrerpolicy="origin-when-cross-origin" src="https://scontent.fslz5-1.fna.fbcdn.net/v/t39.30808-6/348609379_6226641114083080_3820364459539914352_n.jpg?stp=dst-jpg_p526x296&_nc_cat=103&ccb=1-7&_nc_sid=730e14&_nc_eui2=AeGav8sjEsfsrGR_k9iGK9Cp_4XIl1OHkVD_hciXU4eRUA18tcwuALUlVJpRlsTP9YY&_nc_ohc=E0p23ubSVHQAX-CCvQM&_nc_ht=scontent.fslz5-1.fna&oh=00_AfAV4Gb927RMuhUUxCwW5mWqv2Vjgq7OkyB12wKziv4mww&oe=647156DF" style="border: 0px; height: 500px; inset: 0px; object-fit: cover; position: absolute; width: 500px;" width="526" /></div></div></div></div><div class="xua58t2 xzg4506 x1ey2m1c xds687c x47corl x10l6tqk x17qophe x13vifvy" style="border-bottom: 1px solid var(--media-inner-border); border-top: 1px solid var(--media-inner-border); font-family: inherit; inset: 0px; pointer-events: none; position: absolute;"></div><div class="x1o1ewxj x3x9cwd x1e5q0jg x13rtm0m x1ey2m1c xds687c xg01cxk x47corl x10l6tqk x17qophe x13vifvy x1ebt8du x19991ni x1dhq9h" data-visualcompletion="ignore" style="border-radius: inherit; font-family: inherit; inset: 0px; opacity: 0; pointer-events: none; position: absolute; transition-duration: var(--fds-duration-extra-extra-short-out); transition-property: opacity; transition-timing-function: var(--fds-animation-fade-out);"></div></a></div><div class="x6ikm8r x10wlt62" style="font-family: inherit; overflow: hidden;"></div></div></div><div class="x8gbvx8 xdppsyt x1n2xptk x78zum5 x1q0g3np x1qughib xz9dl7a xn6708d xsag5q8 xpkgp8e" style="border-bottom: 1px solid var(--divider); border-top: 1px solid var(--divider); display: flex; flex-direction: row; font-family: inherit; padding: 12px 12px 12px 14px; place-content: flex-start space-between;"><div class="x6s0dn4 x78zum5 x1nhvcw1" style="align-items: center; 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height: inherit; max-height: inherit; max-width: inherit; min-height: inherit; min-width: inherit; place-content: inherit; width: inherit;"><a aria-label="Anunciar" class="x1i10hfl xjbqb8w x6umtig x1b1mbwd xaqea5y xav7gou x1ypdohk xe8uvvx xdj266r x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r xexx8yu x4uap5 x18d9i69 xkhd6sd x16tdsg8 x1hl2dhg xggy1nq x1o1ewxj x3x9cwd x1e5q0jg x13rtm0m x87ps6o x1lku1pv x1a2a7pz x9f619 x3nfvp2 xdt5ytf xl56j7k x1n2onr6 xh8yej3" href="https://www.facebook.com/ad_center/create/boostpost/?entry_point=www_profile_plus_timeline&page_id=110096452065883&target_id=10231352843870150&__cft__[0]=AZVdS8BC2YEV3om3wNsyTWOZDx5pzW67GLMpB-Svz6-8FSK26sW-ocbv6gBWKABbMDnTJn08cJVMAsWSG2BQvSrlrDPaxfFHugeNGUFZbb0MimH5CD77npQnrBH7CYjIOrd8va-_9Qz-1SIW_S-dSyESrpGh8LcEqHIzvl8c18RCN3i-4XvFE9DvXXYeWt7qSns&__tn__=*W-R" role="link" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; border-color: initial; border-radius: inherit; border-style: initial; border-width: 0px; box-sizing: border-box; color: #385898; cursor: pointer; display: inline-flex; flex-direction: column; font-family: inherit; justify-content: center; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; position: relative; text-align: inherit; text-decoration-line: none; touch-action: manipulation; user-select: none; width: 92.7812px;" tabindex="0"><div class="x1n2onr6 x1ja2u2z x78zum5 x2lah0s xl56j7k x6s0dn4 xozqiw3 x1q0g3np xi112ho x17zwfj4 x585lrc x1403ito x972fbf xcfux6l x1qhh985 xm0m39n x9f619 xn6708d x1ye3gou xtvsq51 x1fq8qgq" style="align-items: center; border-bottom-left-radius: var(--button-corner-radius); border-bottom-right-radius: var(--button-corner-radius); border-top-left-radius: var(--button-corner-radius); border-top-right-radius: var(--button-corner-radius); border-width: 0px; box-sizing: border-box; display: flex; flex-flow: row nowrap; flex-shrink: 0; font-family: inherit; height: var(--button-height-large); justify-content: center; padding-left: 12px; padding-right: 12px; position: relative; z-index: 0;"><div class="x6s0dn4 x78zum5 xl56j7k x1608yet xljgi0e x1e0frkt" style="align-items: center; display: flex; font-family: inherit; justify-content: center; margin-left: calc(-1*var(--button-inner-icon-spacing-medium)); margin-right: calc(-1*var(--button-inner-icon-spacing-medium)); width: calc(100% + 6px);"><div class="x9f619 x1n2onr6 x1ja2u2z x193iq5w xeuugli x6s0dn4 x78zum5 x2lah0s x1fbi1t2 xl8fo4v" style="align-items: center; box-sizing: border-box; display: flex; flex-shrink: 0; font-family: inherit; margin-left: var(--button-inner-icon-spacing-medium); margin-right: var(--button-inner-icon-spacing-medium); max-width: 100%; min-width: 0px; position: relative; z-index: 0;"><span class="x193iq5w xeuugli x13faqbe x1vvkbs x1xmvt09 x1lliihq x1s928wv xhkezso x1gmr53x x1cpjm7i x1fgarty x1943h6x xudqn12 x3x7a5m x1lkfr7t x1lbecb7 x1s688f xtk6v10" dir="auto" style="color: var(--primary-button-text); display: block; font-family: inherit; font-size: 1.0625rem; font-weight: 600; line-height: 1.1765; max-width: 100%; min-width: 0px; overflow-wrap: break-word; word-break: break-word;"><span class="x1lliihq x6ikm8r x10wlt62 x1n2onr6 xlyipyv xuxw1ft x1j85h84" style="display: block; font-family: inherit; overflow: hidden; padding-bottom: 1px; position: relative; text-overflow: ellipsis; white-space: nowrap;"><br /></span></span></div></div><div class="x1o1ewxj x3x9cwd x1e5q0jg x13rtm0m x1ey2m1c xds687c xg01cxk x47corl x10l6tqk x17qophe x13vifvy x1ebt8du x19991ni x1dhq9h" data-visualcompletion="ignore" style="border-radius: inherit; font-family: inherit; inset: 0px; opacity: 0; pointer-events: none; position: absolute; transition-duration: var(--fds-duration-extra-extra-short-out); transition-property: opacity; transition-timing-function: var(--fds-animation-fade-out);"></div></div></a></span></div></div><div style="font-family: inherit;"><div class="x168nmei x13lgxp2 x30kzoy x9jhf4c x6ikm8r x10wlt62" data-visualcompletion="ignore-dynamic" style="border-radius: 0px 0px 8px 8px; font-family: inherit; overflow: hidden;"><div style="font-family: inherit;"><div style="font-family: inherit;"><div style="font-family: inherit;"><div class="x1n2onr6" style="font-family: inherit; position: relative;"><div class="x6s0dn4 xi81zsa x78zum5 x6prxxf x13a6bvl xvq8zen xdj266r xktsk01 xat24cr x1d52u69 x889kno x4uap5 x1a8lsjc xkhd6sd xdppsyt" style="align-items: center; border-bottom: 1px solid var(--divider); color: var(--secondary-text); display: flex; font-family: inherit; font-size: 0.9375rem; justify-content: flex-end; line-height: 1.3333; margin: 0px 16px; padding: 10px 0px;"><div class="x6s0dn4 x78zum5 x1iyjqo2 x6ikm8r x10wlt62" style="align-items: center; background-color: white; color: #65676b; display: flex; flex-grow: 1; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; overflow: hidden;"><span aria-label="Veja quem reagiu a isso" class="x1ja2u2z" role="toolbar" style="font-family: inherit; z-index: 0;"><span class="x6s0dn4 x78zum5 x1e558r4" id=":r2a:" style="align-items: center; display: flex; font-family: inherit; padding-left: 4px;"><span class="x6zyg47 x1xm1mqw xpn8fn3 xtct9fg x13zp6kq x1mcfq15 xrosliz x1wb7cse x13fuv20 xu3j5b3 x1q0q8m5 x26u7qi xamhcws xol2nv xlxy82 x19p7ews xmix8c7 x139jcc6 x1n2onr6 x1xp8n7a xhtitgo" style="border-bottom-color: var(--card-background); border-left-color: var(--card-background); border-radius: 11px; border-right-color: var(--card-background); border-style: solid; border-top-color: var(--card-background); border-width: 2px; font-family: inherit; height: 18px; margin-left: -4px; position: relative; width: 18px; z-index: 2;"><span class="x12myldv x1udsgas xrc8dwe xxxhv2y x1rg5ohu xmix8c7 x1xp8n7a" style="border-radius: 9px; display: inline-block; font-family: inherit; height: 18px; width: 18px;"></span></span></span></span></div><div class="x9f619 x1n2onr6 x1ja2u2z x78zum5 x2lah0s x1qughib x1qjc9v5 xozqiw3 x1q0g3np xykv574 xbmpl8g x4cne27 xifccgj" style="align-items: stretch; background-color: white; box-sizing: border-box; color: #65676b; display: flex; flex-flow: row nowrap; flex-shrink: 0; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; justify-content: space-between; margin: -6px; position: relative; z-index: 0;"></div></div></div></div></div></div></div></div>Henrique Borralhohttp://www.blogger.com/profile/13756164647342469985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5887510198149032669.post-41917313633426961312023-02-21T05:04:00.005-08:002023-02-21T05:04:42.395-08:00sobre as ondas<p>Viver é com tentar pegar ondas, </p><p>no começo as marolas, a arrebentação, a onda grande a sua frente, o difícil equilíbrio de se manter em pé, a queda, o rescaldo. </p><p>É preciso aprender a ficar submerso.</p><p>Ficar imerso de novo, começar um novo ciclo, </p><p>se levantar de novo, entender o movimento das ondas, </p><p>ter jogo de cintura, </p><p>não brigar com as ondas, fruir com elas, não são adversarias, </p><p>são uma forca da natureza e da vida, como os antigos reis havaianos a compreendiam, </p><p>não é esporte, </p><p>não é competição, é interação, </p><p>não há um vencedor, não há o que vencer, </p><p>é sobre deixar seguir, não resistir, </p><p>saber esperar a onda certa, </p><p>olhar para o horizonte, </p><p>a sincronia entre céu, sol, mar, onda, corpo, movimento. </p><p>Surfar é uma metáfora da vida: há ondas que são suas, há outras que não. </p><p>E ao chegar à beira mar começa um novo ciclo, </p><p>tudo de novo, </p><p>pois como as ondas, a vida não para, sempre ali, constante, rítmica, sinuosa, ciclotimica, selvagem, majestosa, imprevisível, surpreendente, pois cada onda é única, singular, indefectível, plena em si mesma</p>Henrique Borralhohttp://www.blogger.com/profile/13756164647342469985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5887510198149032669.post-4843036603521166892023-02-15T03:56:00.004-08:002023-02-15T03:56:58.008-08:00A so no (ro) ridade do nome<p> Para minha filha Lucía</p><p class="MsoNormal">A <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>so no (ro) ridade
do nome<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">O nome vem da música e da imagem em movimento,<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">uma geração inteira de catalães e espanholas carregam teu
nome,<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Joan Manuel Serrat e Julio Medem te eternizaram. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Uma multidão cantou tua canção e te viu nas telas e se encantaram
por ti.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Do nome vem a luz,<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">da luz vem a força,<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">da força a impetuosidade, a teimosia, a sagacidade,<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">a perspicácia, a dúvida, a luta feminista, a esperteza.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Como uma típica aquariana és sempre do contra: tenaz,<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">ousada, irreverente, marcante, falante, andante, errante, do
mundo.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">O mundo não te cabe, como não cabe qualquer tentativa de
enquadramento.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Com discernimento buscas o que queres, o que te apraz,
refaz, atrai, sempre loquaz.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">És minha primeira rebenta, cujo nome nasceu nas minhas caminhadas,
porque como Sêneca eu penso com os pés e nisso carregas o teu ímpeto: o de
verter o mundo pondo o céu no chão. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">A sonoridade do nome traz a marca de uma autenticidade, que
te acompanha por onde passas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">O acento no I e não no U te diferencia o da tua mãe, e esse
acento te assenta no único lugar que te cabe: dentro de ti.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Hoje, é teu aniversário, e assim como tua irmã te agradeço
por ter me escolhido como pai. E nisso também reside meu grande presente: o
aniversário é teu, mas a dádiva de ter na minha vida é minha. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Hoje, tu debutas, e às vezes parece que carregas o peso de
cinco lustros.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Feliz aniversário, filhota, Lucia, com acento agudo no I. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Te amo infinitamente<span style="mso-spacerun: yes;">
</span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></p>Henrique Borralhohttp://www.blogger.com/profile/13756164647342469985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5887510198149032669.post-50741395851524492322023-02-06T12:12:00.001-08:002023-02-06T12:12:05.337-08:00Mil Helenas<p>Para a minha filha Milene </p><p><br /></p><p><br /></p><p>Com a força de mil helenas</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">e a docilidade de uma borborema,<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">tem no sorriso suave e alma leve<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">como quem anda deslizando sobre o chão de estrelas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">A presença marcante de gestos delicados<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">na petiz num corpo já de mulher.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">A sagacidade do raciocínio num tiro curto<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">como quem corta o vento nos gestos ondulados de suas
madeixas de graúna,<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">é minha petiz, um dos meus brilhos da manhã,<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">que me acalanta a alma e me dá refrigério <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">como nos beijos que dou de bom dia ao se espreguiçar
querendo não acordar,<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">o tempo não é teu aliado, é curto demais para um sono não
reparadouro.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">É minha Milene, minha filha tão amada, minha segunda
rebenta,<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">um dos meus arroubos de felicidade, uma das razões de meu
viver.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Me escolheste como pai antes de vir, e nisso esta meu grande
presente:<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">hoje é teu aniversário, mas foi a vida que me brindou com a
maior honra que como teu pai eu poderia ter.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></p>Henrique Borralhohttp://www.blogger.com/profile/13756164647342469985noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5887510198149032669.post-67501957774783855172022-09-16T13:41:00.001-07:002022-09-16T13:41:56.653-07:00A luz continua passando<p> POR ONDE A LUZ PASSA</p><p>ATRAVESSA OS POROS </p><p>CINDINDO O CORPO À PROCURA DO ABISMO,</p><p>E QUANDO ENCONTRA APORIAS</p><p>SE FUNDE COM O ESPIRITO.</p><p>POR ONDE ELA PASSA PROVOCA DOR,</p><p>NÃO É BELO A MARCA QUE DEIXA</p><p>E BEM RUBRO A DESTILAÇÃO DO TORPOR</p><p>POR ONDE VAI PASSANDO NÃO DEIXA NADA DO LUGAR</p><p>VAI REVOLVENDO AS QUIMERAS, DESTRUINDO SONHOS E ILUSÕES,</p><p>VAI REMEXENDO O PASSADO, EXCITANDO A MEMÓRIA</p><p>NÃO PARA VIVIFICÁ-LA, </p><p>PARA DEBOCHAR DELA, SIM </p><p>DIZENDO QUE O INSTANTE FUGIDIO DA LEMBRANÇA</p><p>NÃO É A ESPERANÇA DE UMA RELEMBRANÇA</p><p>É A MORTE DAQUILO QUE SE ESPERA</p><p>POIS QUE A MORTE NÃO É UMA SENTENÇA</p><p>É A PRESENÇA DE UMA NOVA ESPERA. </p><p>POR ONDE VAI PASSANDO,</p><p>VAI DEVASSANDO AS COISAS DO SEU LUGAR,</p><p>RECOLOCANDO TUDO EM NOVAS PRATELEIRAS</p><p>PORQUE AS ESTANTES NÃO SÃO ENFEITES,</p><p>SÃO REPOSITÓRIOS TEMPORÁRIOS DO QUE NÃO SERVE MAIS</p><p>PARA QUE OUTRAS COISAS OCUPEM SEU NOVO LAR.</p><p>POR ONDE PASSA VAI FUSTIGANDO COMO UM CÃO BRANINDO À PROCURA DE COMIDA,</p><p>OU DE PORCO ESPINHO À SUA CAÇA, BURILANDO E DERRUBANDO POR ONDE PASSA</p><p>FURANDO COM SUA PELE CAUSANDO UM MAL ESTAR.</p><p>ESSA LUZ TRAZ DESCONFORTO, ÀS VEZES CONSOLO</p><p>PORQUE ENSINA QUE É PRECISO CAMINHAR.</p><p>NÃO É LUGAR DE PARADA QUE APLACA O CANSAÇO DE NÃO SABER A HORA E O LUGAR DE SE CONFORMAR</p><p>NÃO EXISTE CONFORMAÇÃO, SOMENTE COMPORTAÇÃO: DE NOVOS LUGARES, SITUAÇÕES, AMORES, DORES, CONSOLOS, CHOROS, RISOS, CORPOS, DENTES, LÁGRIMAS, EXPECTATIVAS, FRANJAS, CORES, SABORES, ODORES, HORRORES.</p><p>NÃO ADIANTE SE ESCONDER DA LUZ, ELA SE ENFIA EM QUALQUER BURACO, FAZ UM ALGAZARRA, REVOLVE TUDO, MOSTRA TUDO, ATÉ AQUILO QUE MAIS QUEREMOS ESCONDER. </p><p>ALIÁS, É POR ISSO QUE ELA NOS ATRAVESSA: PORQUE AQUILO QUE MAIS ESCONDEMOS É O QUE MAIS NÃO QUEREMOS SABER. </p><p> </p>Henrique Borralhohttp://www.blogger.com/profile/13756164647342469985noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5887510198149032669.post-31005554184612085762021-11-13T11:47:00.001-08:002021-11-13T11:47:19.947-08:00O grau zero da existência<p> </p><p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">No <span style="color: black; mso-themecolor: text1;">início, <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">ainda que não
haja início,<span style="color: black; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">o nada,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: black; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">o</span><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"> nada
inexiste, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">o entre a
vontade e a potência: o eubiótico da criação.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Criação-existência-forma.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">A forma de corpo,
o corpo do sentido, o sentido da sensação. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Sensação da percepção,
vontade - expressão.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">O hiato
entre a potência e a expressão - o pensamento, <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">o pensamento
- linguagem, linguagem da fala. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">A fala do falante
ouvinte do amante. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">A existência
vagando, exprimindo, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">descendo aos
recônditos da alma <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">até onde não
é possível descer mais. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Esqueceu do
começo, se é que houve um começo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Descendo mais
e mais até esquecer-se de si mesmo, <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">até não se
caber mais, <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">até não se
reconhecer mais, até não mais “existir”, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">a nadificação
se fazendo sentir. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Múltiplas formas
suprindo o nada; <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">encetando desejos
de vazio; <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">escondendo sua
face para não se ver no espelho;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">se tornando ora
um narciso às avessas, ora mil medusas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Bradando contra
a criação, contra si, desejando não existir, e ao desejar percebeu existindo, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">criando ilusões,
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">se vestindo de
ego, <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">mentindo para
si, <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">para os
outros, <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">trajando roupas
que não lhe cabia, <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">mentindo para
si de novo, <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">continuou se
iludindo, <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">desejou de
novo não existir. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Exagerou no
batom, se borrando, limpando rosto, ficando nua, <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">não gostou
do seu corpo, se vestiu de lua.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Se banhou de
mar, marejou,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Bradou contra
as águas, esbravejou.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Trabalhou demais,
cansou.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Pensou em demasia<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Viveu em
agonia<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Controlou o
fluxo<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Cortou o
pulso<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Chorou de
soluço.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Imitou Deus,
gerou vida,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Sentiu-se
embevecida. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Parou de
lutar, desistiu de insistir,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Atingiu o grau
zero da existência,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">O ponto onde
só existe o nada, que é tudo;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">sem forma,
sem medo, sem passado, nem futuro,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">nem ontem,
nem amanhã, nem cavalo preto fugindo a galope,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Sem marcha,
sem rima, sem acorde,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">de volta ao
começo, <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">ao som
inicial,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">perceptível,
inexprimível, inconfundível,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">ao sopro
primeiro, ao instante entre vontade e potência,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">antes da
linguagem, de tudo, de volta para casa, sem forma, sem nada,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">sem tempo,
sem espera, sem esperança, sem expectativa, apenas sendo, existindo<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">sentindo sem
fala, pleno de si, <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">de volta ao início,
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">se é que
houve um início<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">onde havia o
nada,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">o nada inexiste.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>Henrique Borralhohttp://www.blogger.com/profile/13756164647342469985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5887510198149032669.post-89692666481697624102021-11-10T05:55:00.002-08:002021-11-10T05:55:23.142-08:00Pensando com os pés<p> </p><p class="MsoNormal">Os pés pisam em areias molhadas deixando marcas. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">As ondas apagam.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Marcas são feitas de caminhar.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Areias molhadas absorvem o peso do corpo, impulsionando
novos passos e ondas num moto <i>continuum</i> apagam.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">É ciclotímico o movimento de caminhar e apagar,<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">pisadas são afagadas pela suavidade marcada pelas águas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Por que caminhar se as marcas são de apagar?<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Caminhar é andarilhar, pensar com os pés como Sêneca.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Tudo que é deixado nas areias as águas levam, lavam, arrastam,
apagam, sorvem, embebem, dissolvem, resolvem, revolvem.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">As águas molham a terra beijando-a com suas finas mãos
delicadas, umedecendo-a, esfriando-a do sol tórrido queimando sua tez acinzentada.
<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Pegadas são marcas revolvidas pela força das ondas da praia,
num movimento sinuoso de ir e voltar, avançar e recuar,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>não são rochas sempiternas. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Areias não são pedras, são maleáveis, abarcam e aceitam as
marcas deixadas na sua epiderme e por serem frágeis, apagam as pegadas. <o:p></o:p></p>Henrique Borralhohttp://www.blogger.com/profile/13756164647342469985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5887510198149032669.post-49712542607740006522021-11-10T05:54:00.001-08:002021-11-10T05:54:23.524-08:00A Praia de cada estação<p><span style="background-color: white; color: #262626; font-family: -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">Velas ao vento</span><br style="background-color: white; color: #262626; font-family: -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #262626; font-family: -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">Casco n'água</span><br style="background-color: white; color: #262626; font-family: -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #262626; font-family: -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">As ancas caídas com o peso da lida,</span><br style="background-color: white; color: #262626; font-family: -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #262626; font-family: -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">o olhar para o horizonte para mares singrar,</span><br style="background-color: white; color: #262626; font-family: -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #262626; font-family: -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">A praia cada vez mais distante,</span><br style="background-color: white; color: #262626; font-family: -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #262626; font-family: -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">Novas terras a aportar.</span><br style="background-color: white; color: #262626; font-family: -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #262626; font-family: -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">O porto de saída não é o de chegada,</span><br style="background-color: white; color: #262626; font-family: -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #262626; font-family: -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">As águas turbulentas levam a navegar,</span><br style="background-color: white; color: #262626; font-family: -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #262626; font-family: -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">para o alto, avante,</span><br style="background-color: white; color: #262626; font-family: -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #262626; font-family: -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">Mar, maré, barco, o vento, proa, sal, rede,</span><br style="background-color: white; color: #262626; font-family: -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #262626; font-family: -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">Canoa, camboa,</span><br style="background-color: white; color: #262626; font-family: -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #262626; font-family: -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">Sol a pinar.</span></p>Henrique Borralhohttp://www.blogger.com/profile/13756164647342469985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5887510198149032669.post-41897408057760471492021-08-05T01:52:00.021-07:002021-08-06T02:25:52.567-07:00Uma década do Versura <p> </p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Assim se passaram 10 anos... ou não! A forma como narramos
necessariamente não é uma compilação de fatos verídicos, e sim, possivelmente verossímeis,
eis uma das facetas do escritor ou da escrita, já que a escrita tem vida
própria.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">O ano era 2011, o mês era agosto, o da estreia em formato de <i>blog</i>.
A ideia nasceu no início do referido ano quando então meus alunos de Teorias da
História da UEMA (Universidade Estadual do Maranhão) suscitaram a ideia de transportar as reflexões das minhas aulas
realizadas na universidade para uma plataforma da <i>web</i> que possibilitasse
o compartilhamento com maior público. Propuseram-me uma abordagem mais
sintética, simplificada, mitigada, menos acadêmica. No início, relutei. Não me
sentia capaz de uma espécie de comunicação em ambiente virtual. Não, por acaso,
foi exatamente esse título do primeiro <i>post </i>há exatos 10 anos. Pronto.
Estava gestado o Versura em formato de <i>blog.</i><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Pensei em outros nomes, até que me veio o conceito de “versura”,
apropriada do filólogo e filósofo italiano Giorgio Agamben. O conceito de versura
está disposto em duas obras do autor, a saber: <i>categorias italianas</i> e <i>a
ideia da prosa</i>: Versura do Enjambement. O <i>Enjambement</i> “exibe uma não
coincidência e uma desconexão entre o elemento métrico e o elemento sintático,
entre o ritmo sonoro e o sentido, como se, contrariamente a um preconceito
muito generalizado, que vê nela o lugar de um encontro, de uma perfeita
consonância entre o som e o sentido, a poesia vivesse, pelo contrário, apenas
de sua íntima discórdia”, segundo o próprio Agamben. Ele escreve isso em <i>Ideia
da Prosa</i>. Já em <i>categorias italianas</i>, ele afirma: “a consciência da
importância dessa oposição da segmentação métrica à semântica levou alguns
estudiosos a enunciar a tese (por mim compartilhada) segundo a qual a possibilidade
do enjabement constitui o único critério que permite distinguir a poesia da
prosa. Pois que é o enjambement senão a oposição entre um limite métrico e um
limite sintático, uma pausa prosódica e uma pausa semântica? Deve ser dito
poético, portanto, o discurso em que essa oposição é possível, ao menos
virtualmente, e prosaico, aquele em que ela não pode acontecer”.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">O filósofo italiano foi me apresentado pelo poeta e meu amigo, Alberto
Pucheu (Professor de Teoria Literária da Universidade Federal do Rio de Janeiro), em 2010, quando de suas aulas no Centro Histórico de São Luís para o
DINTER (Doutorado interinstitucional) em Letras, entre UFRJ e UEMA, em que eu era o coordenador operacional. Depois
disso, reapropriei o conceito de Versura do Enjabement para o de "desdobramento
da palavra e a possibilidade de uma escrita indistinta entre a poesia e a prosa
em seus mais diferentes gêneros, ou uma tentativa de não distinção entre os
gêneros prosaicos". Mas não só, também entre temáticas, interpretações,
traduções, tradições, estilos, narrativas, temporalidades, sustentado em
conceitos como o da teoria da complexidade, tendo como expoente Edgar Morin; de
narratário e imaginação pública, de Josefina Ludmer, concepções holísticas,
como as de Pierre Weil, ideias decoloniais, como as de Frantz Fanon, Achille
Mbembe, Davi Kopenawa, Walter Mignolo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Desta feita, ambiente virtual, ciência, política, cultura, literatura
(poemas, contos, crônicas, ensaios, narrativas de viagens, diários), física quântica,
educação, música, psicanálise, arquitetura, cidades, existencialismo, teatro,
cinema, sociologia, história, filosofia, antropologia, feminismo, racismo, homenagens,
cultura popular, doenças, indigenismo, economia, culinária, futebol, ecologia,
preconceitos, neurociência, teorias conspiratórias, ufologia, transição
planetária, espiritualismo, estão distribuídos em 358 <i>posts</i>, alguns
deles em parceria. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Certa vez, Leandro Freitas perguntou-me se o Versura era um preâmbulo ou o prelúdio de
um movimento literário ou artístico, e a minha resposta foi: não é nem um nem
outro. Não tenho capacidade para propor ou mesmo fazer um movimento estético. A
ideia do Versura mais se aproxima de uma concepção holística em que a interdisciplinaridade,
as relações diegéticas entre diversas áreas do conhecimento confluem, num
movimento atravessado por reflexões distintas, sem hierarquias de qualquer
área, epistemologias, num jogo sintagmático da linguagem, em que vários autores
estejam e são citados. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Num mundo dominado pela especialização, pela divisão internacional do
trabalho em que até a área acadêmica foi dominada pelas lógicas do
reprodutivismo científico capitalista, e pela necessidade de comunicabilidade nos
anos 2010 em que se começava a experimentar a emergência das mídias sociais, a
ideia de um <i>blog,</i> hoje, <i>cringe</i>, para usar um neologismo ultra contemporâneo,
parecia adequado. Ainda não havia a efervescência do <i>instagram</i>, <i>twitter</i>,
<i>youtube</i>, <i>tik tok,</i> etc. O mundo já era veloz, mas menos veloz que os dias
de hoje. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Os textos curtos, em formato de ensaios, foram outro desafio. Adaptar
uma linguagem acadêmica para um público não especializado foi o combustível que
me alimentou durante muito tempo, a tal ponto que os anos iniciais foram
frenéticos, quase um texto por dia. A fonte não secou, a obrigação de escrever
diariamente, sim. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Além do mais, percebi que escrever diariamente constitui, além de uma
necessidade, uma virtude e um defeito. Uma virtude pela exposição de ideias,
sentimentos, desejos de ilação com o mundo. Um defeito: expor-se deixa de ser
virtuosidade para ser vício de dizer ou de ter de dizer, mesmo quando não se
quer, ou não se tem nada a dizer. Como frisou Blanchot: “se escrevo é porque
não sei, se soubesse, não diria”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Ainda assim, o exercício diário me proporcionou grandes descobertas,
dentre elas, a literatura. O <i>blog</i> foi o primeiro exercício poético, de
contos, crônicas e de ensaios e rendeu grandes frutos, tais como duas obras
transpostas para livros impressos: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Versura,
poemas, contos e crônicas</i> (2014); <i>Versura: ensaios</i> (2017), ambos
vencedores do edital FAPEMA (Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento
Científico do Maranhão) - Apoio à publicação de obras. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Também, tive o imenso prazer e alegria de ver o <i>blog</i> sendo objeto
de um projeto de extensão, aplicado no município de Alcântara-Maranhão, como
exercício de leitura, produção textual, escritura poética e prosaica entre os
alunos da escola de<span style="background: white;"> Ensino Médio do Instituto
Federal (IF_Ma) Campus - Alcântara e do Centro de Ensino Integral Aquiles Batista
Vieira, da Rede Estadual de Ensino, em 2018, sob a coordenação da Profª Adriana
Franco de Souza Rocha</span>. Eu nunca me vi como escritor, e ver alunos
recitando meus poemas, encenando peças das minhas crônicas e até fazendo
músicas com as histórias foi uma das grandes satisfações e alegrias que tive na
vida até o presente momento. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Mas nada disso foi possível sozinho. Além dos meus alunos como grandes
incentivadores, divulgadores, reprodutores, contei com o apoio de amigos,
familiares, parceiros, dentre eles: César Borralho, Claudio Zannonni, Marcelo
Cheche, Ana Cristina Teodoro, Patrícia Luzio, Marcos Muniz, Augusto Venturoso,
Tonny Araújo, Veronica Coutinho, Thays Barbosa, José Antonio Basto, Luiz
Fernando Pinheiro, Ingrid Campelo, Jeanne Sousa da Silva, Marcos Rogério
Feitosa de Araújo, Jackson Ronnie Sá Silva, Adonay Ramos Moreira, De Moraes, Álvaro
Moreira e Lucía Tugeiro de Paula Borralho, minha filha mais velha em seu
primeiro poema, à época com apenas 07 anos. Todos eles publicaram textos, aos
quais agradeço e sou muito grato pela parceria, além dos seguidores de vários
lugares, não só do Maranhão, Brasil e de vários lugares do mundo, mesmo sendo
escrito em língua portuguesa-brasileira e sem olvidar dos revisores, tais como: César
Borralho, Patrícia Luzio, Liana Márcia, Claunisio Amorim Carvalho, Maristela<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Andrade, Dulce Maurilia. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Questões pessoais me fizeram frear a escrita, e, quando por vezes tive
intento de voltar em pleno vapor, o mundo já estava muito diferente, digo, mais
diferente ainda: dominado por linguagens cifradas, memes, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fake news</i>, <i>whatsapp</i>, num alarido aturdido, de difícil
legibilidade. Isso não é vitimismo, nem justificativa, é recolhimento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Tenho ainda em mente o projeto da publicação do último livro da trilogia:
<i>Versura – transição planetária,</i> sem data para lançamento. Transição
planetária é um conceito polissêmico e interpretado de diferentes formas; desde
a astronomia, passando pelos Vedas (<i>apunishads)</i>, Brahmanis, algumas
sociedades africanas, pelo judaísmo, pelos cristianismos esotéricos e seculares,
pelos maias, pelos indígenas hopis dos Estados Unidos, pelos incas, astecas,
pelo espiritismo e diferentes esoterismos, dentre outras leituras, tradições e práticas
espiritualistas. </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Para mim, transição planetária é o processo endógeno pelo qual
o cosmos, em que os planetas (orbes) estão imersos, passa, mudando
continuamente sua estrutura de funcionamento, ampliando-se, esticando-se,
emulando novas possibilidades reinventivas de si mesmo, trazendo consigo todos
os aspectos e elementos derivados dele, ou seja, tudo o que emana do cosmo muda
porque é constituído de mudança contínua. O sol muda, as luas, os planetas, os
buracos negros, as galáxias, os sistemas solares, cometas, satélites, meteoros,
as estrelas, etc. E como a existência da vida é derivada dela, porque só existe
em virtude de tais astros, sofre ação em seus sistemas biológicos,
unicelulares, celulares, nos DNA's, partículas, átomos etc. A relação que a vida
estabelece com essas componentes desenvolve a consciência, que se faz a partir
da experiência entificada nas relações sociais, nas linguagens, no pensamento,
na cultura, na história. Como somos dominados pelos 05 sentidos (visão,
audição, paladar, tato e olfato) e como desenvolvemos a linguagem sígnica de
tudo o que “existe”, taxionomizando, dando nomes, sentidos e interpretações,
nos tornamos a medida de todas as coisas. Mas acredito piamente que, para além
dos limites de nossos 05 sentidos, há muito mais o que se descobrir e
compreender, e dentre esses enigmas estão o sentido da vida, de onde viemos,
por que existimos, o que somos, o que estamos fazendo, quais sentidos
atribuímos à vida. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">A transição planetária também consiste na mudança de paradigmas: da 3ª (terceira) dimensão para a 5ª (quinta). A terceira dimensão é o reino, o domínio dos 5 (cinco) sentidos humanos, por isso mesmo a prevalência de um tipo de racionalidade, de racionalismo, do dualismo, do maniqueísmo, das hierarquias de conhecimento, de experiências fragmentadas, da noção de separação entre homem-mulher-natureza, ainda que o conceito de natureza seja ocidental. Na terceira dimensão, por processos históricos, deu-se a supremacia do patriarcalismo, a ascensão do machismo, da misoginia, da perseguição ao sagrado feminino, das práticas colonialistas, da exploração desenfreada dos recursos naturais do planeta, da subjugação de outros povos, enfim, de toda ordem de separação, exclusão, separação. Ja na 5ª dimensão prevalecessem as práticas integradoras de todo tipo de conhecimento, da fusão entre intuição e dedução, racionalismo e sensitismo, da superação do maniqueísmo, da emergência de novos conhecimentos, muitos deles esquecidos e ou perseguidos, da expansão da consciência para além da materialidade (até mesmo da compreensão sobre a materialidade), do surgimento de novas práticas alimentares, de economia, da superação da pobreza e da exploração dos povos, do fim das culturas opressoras, e sobretudo, da assunção de um nova concepção de amor, em todos os sentidos. Esse é um processo em construção, uma tarefa árdua e difícil, porém, urgente e necessária </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;">Como acredito que os planetas não são fixos, mas moradas transitórias
para experiências existenciais, que a vida é contínua, eterna, que o corpo
perece, a anima, não, também traduzido por "espírito", "alma", etc, a aprendizagem
da alma é eterna, contínua, passa por graus de elevação e consciência, bem como
as animas dos planetas. Sim. Creio que o corpo da Terra, também conhecido por
Urantia, Sham, entre outros nomes, é parte materializada do espírito dela, que
os gregos antigos chamavam de Gaia; os indígenas mesoamericanos de Abya Ayala; os incas
de Pachacamac, entre outras tradições e traduções em outras culturas.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Os maias, antes de desaparecem, previram, há 800 anos, que em 21 de
dezembro de 2012, solstício de inverno, a Terra mudaria de patamar, sofreria
uma grande mudança, encontraria seu “fim”. Os apressados logo desdenharam
quando o mundo, em 22 de dezembro, “continuou o mesmo”, e não entenderam o
silogismo dos textos e o sentido oculto deste enigma: não se tratava do fim do
mundo, mas do fim de um mundo e o nascimento de outro, da mesma forma que
várias tradições religiosas profetizaram, tal como fim do mundo e a volta de
Cristo para os cristãos. Para os apunishads, essa data “coincide” com o fim da
Kali Yuga (idade da escuridão), após o sistema solar se aproximar mais uma vez
do cinturão de fótons de Alcyon, recebendo uma quantidade de energia maior que
qualquer outro período, ainda que tal aproximação sempre aconteça a cada 2333 anos. Porém, dessa última vez, tal aproximação marca os 25.920 anos do fim de
um ciclo e o nascimento da Raia Yuga, idade da luz ou, como preferem os
esotéricos, o retorno da consciência crística (volta de Jesus - Sananda), ou
ainda, como preferem os espíritas, o fim da Terra enquanto planeta de expiação
e provas para ser um planeta de regeneração.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Embora tudo desmorone, a luz venceu, e as coisas irão “piorar” até
que o despertar de uma consciência mais elevada global emerja. Ao que estamos
assistindo são os solfejos de um mundo ainda dividido e que continuará por um
tempo, ao passo que uma nova forma de pensamento surge, mesmo que
silenciosamente. Velhos hábitos estão morrendo, velhas práticas, formas de
vida, padrões alimentares, vibracionais, conhecimentos, educação, saúde, climas,
vegetação, mundo animal, apesar dos donos do mundo insistirem em suas práticas
predatórias de convivência e exploração planetária, e agora, interplanetária. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Nesses 10 anos, não apenas o mundo mudou, eu também, e o Versura foi e
tem sido um fiel confidente, um fiel parceiro e aliado. Foi testemunha de
momentos dramáticos da vida política global e brasileira, por vezes, tentando
tatear o mundo às cegas. Sua escrita é crítica, mas esperançosa, como diria
Gramsci: “otimismo da vontade, pessimismo da razão”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Neste dia em que completa 10 anos, vejo-o com uma criança cambaleante, à
procura de seus significados, de seu lugar, mas com a esperança redobrada.
Hoje, o horizonte está mais claro do que no dia em que nasceu. Não se trata de
ter encontrado as respostas finais, mas de modular as mesmas perguntas. Hoje,
há menos angústia nesse <i>post </i>comemorativo do que no primeiro. Isso não
significa que a busca se encerrou, e sim, que há a clareza de que não existe
chegada, o processo é contínuo, o importante é seguir, do jeito que se pode, na
velocidade que se pode, respeitando as paradas, caindo e se levantando,
enxugando as lágrimas, errando, se perdoando e perdoando os outros, sorrindo, vibrando, vivendo. </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">O planeta Terra, neste exato momento,
está girando em torno do seu eixo e em volta do sol numa velocidade frenética e
numa espiral ascendente. Tudo se move. O incriado, também conhecido como "Deus",
“Fonte”, "Micah", "Iaweh", "Deus Pai-Mãe", dentre outras designações, sempre existiu,
nunca precisou da linguagem para se auto explicar, apenas é. As criaturas, todos
e todas os que derivam dele, nem sempre existiram, mas para serem existirão,
por isso, precisam da linguagem e reflexões para se compreenderem e cocriarem
com o incriado. Cada vez que um novo sentido é constituído, aumenta a
capacidade de entendimento sobre tudo o que existe. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Parabéns, Versura!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>Henrique Borralhohttp://www.blogger.com/profile/13756164647342469985noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-5887510198149032669.post-53775854756381567402020-10-24T09:40:00.008-07:002021-10-22T05:25:34.711-07:00DAS DORES DO PARTO<blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px;"><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px;"><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px;"><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px;"><p style="text-align: right;"> </p></blockquote></blockquote></blockquote></blockquote><p> <span style="font-size: large;">De Henrique Borralho </span></p><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px;"><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px;"><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px;"><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px;"><p style="text-align: right;"><span style="font-size: large; text-align: right;">Para Paulina Chiziane</span></p></blockquote></blockquote></blockquote></blockquote>
<p align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span style="line-height: 107%;"><o:p><span style="font-size: large;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">Dos nossos ventres nascem as vidas e as dores da morte.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">Quando geramos meninas, sentimos os agouros das más sortes de sermos abusadas e maltratadas pelas buscas aos mesmos ventres de onde nascem nossas proles
de não consortes.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">As dores das mortes revelam as faces dos estupros, dos coitos forçados, <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">das penetrações pelos gozos unilaterais escorrendo sangue e sêmen de
membros viris <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">contra as dobras de nossos úteros fortes.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Do prazer da vida de gerarmos em nós outras
vidas, sentimos as desgraças de ver escorrer pelas lágrimas a lancinante
condição de sabermos que sexo será:<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: large;">se menina, possivelmente serão caçadas,
abusadas, maltratadas pelos anos de guerra, independentemente da cor do
agressor, de sua bandeira ou ideologia, pois a violência não tem pátria, não
tem raça, só tem afasia;</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: large;">se menino, choraremos a dor do recrutamento e
sua morte pela baioneta de seu adversário, ou pelas balas guardadas em seus
alforjes, pela espada desembainhada a cortar sua cabeça como quem jorra sangria.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;">Mas pelo menos nunca sentirá o desgosto de ser estuprado. </span><span style="line-height: 107%;">[E sua vida será menos violada]</span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">Os anos de guerra agudizaram a nossa triste sina: a de não sermos
enxergadas pelas lentes de nossas retinas. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">Que triste condição essa de ser mulher nesta terra de carnificina!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">Somos retiradas do solo de nossos ancestrais onde semeamos as sementes
da nutrivida. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">Os homens bestializados nos veem carne, <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">a mais barata carne, <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">nem posso a rigor dizer do mercado, <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">pois mercado tem preço e não temos preço, somos posses em suas vindimas.
<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">E nem adivinham os nossos desejos, <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">segredos, <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">nem conhecem nossos corpos, </span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">nem mesmo nossos sexos. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">Buscam incessante, achando que assim nos possuem, <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">sem saberem que penetrar sem nos fazer gozar e sem nossa entrega
fortuita é como ordenhar uma vaca sem saber por onde o leite sai.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">Assim são os homens ignóbeis desta terra de guerra! <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">Indóceis perversos, moribundos, maltrapilhos e desalmados, cujo prazer
em matar, pilhar, torturar é consoante ao gozo em ouvir os gemidos de seus
adversários murmurando em seus ais. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">E as mulheres do sul já se esqueceram de quem são, assumindo
características do colonizador, se comprazendo em seres submissas, como se suas
vidas se atrelassem aos sectos machistas.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">Esqueceram que seus corpos são sagrados, são como as terras de
Monomotapa, de Changamire, de Makombe, de Kupula, de onde nós viemos, de onde
partimos e cujo desvelo de suas sinuosidades são como nossos seios, </span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">montanhas a
escalar; <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">como nossas barrigas, depressões a deslizar; <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">nossos sexos, labirintos a desvendar;<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>nossas pernas, colossos a nos
sustentar; <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">nossas nádegas, véus a nos retirar; <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">nossos lábios, mel a saborear;<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>nossas línguas, torvilhos a
sugar;<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>nossas almas, </span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">espíritos a voar
para onde querem, </span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">porque daquilo que se passa nos íntimos de nós mulheres só
desvenda quem não tem pensamentos simplistas.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">Agora, as guerras já cessaram e eis as novas mulheres frutos desses
coitos dilacerados.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">É hora do grito bardo não consumado, <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">de tirar as nossas mordaças aplacadas nos lábios atados, <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">de soltar a voz neste espaço ocupado, mas não por nós, senão pelos
mesmos que no passado nos tiraram dos nossos lares de nossos ancestrais, usurparam
nossos ventres sagrados ora mutilados.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">Avante mulheres!!! <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">Chegou o nosso tempo! <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">É tempo de empunhar a bandeira de nossas vontades, de reassumir a nossa
condição que outrora nos pertencia, </span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">ocultada pela marcha indolente e
sanguinolenta da dominação opressiva. </span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">Gritemos para que as novas gerações
jamais passem pelo que passamos, </span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">jamais sintam a opressão de terem seus ventres
violados e marcados como gado no abatedouro com membros cortados. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">Que as futuras mulheres jamais tenham medo de gerar vida, </span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">que não enxerguem
o volume da barriga crescer com a paúra de não saberem que sexo será. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">NÃO, hoje nem somos obrigadas a gerar nada daquilo que não quisermos, </span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">mas se enfim decidirem fazer, </span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">que dos seus ventres não sintam a angústia de dar
à vida a dor da morte, </span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">para que suas meninas nunca sintam os agouros da má
sorte,</span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">de gerarem proles em seus ventres de não consortes. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><o:p><span style="font-size: large;"> </span></o:p></span></p>Henrique Borralhohttp://www.blogger.com/profile/13756164647342469985noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5887510198149032669.post-78603231079620908712020-10-20T12:39:00.007-07:002020-10-21T05:58:24.254-07:00O SER DAS MONTANHAS<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">As montanhas de Plateau de Beille, nos Pirineus, são lugares aprazíveís
para atividades diversas como lazer e prática de esportes, sobretudo para quem
aprecia o tour de France. Desde tempos remotos, elas são refúgios daqueles que
buscam paz de espírito, respostas às suas questões internas e, hodiernamente,
escapar das vicissitudes do mundo capital, do frenesi das cidades com suas
luzes sedutoras, com o barulho dos carros, ofuscando as vozes pela vida
agitada. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">Philipe Condorcet, sempre que pode, apruma seu equipamento de ciclismo e
sobe as montanhas, não apenas para se preparar para o tour de France, bem como
para respirar novos ares e alcançar o objetivo de um dia subir ao ponto mais
alto da mais alta montanha de Plateau de Beille. Subir as montanhas constitui
um desafio constante, um objetivo e uma meta. A cada pedalada era como se as
horas rodassem para trás, sorvendo o tempo, roubando um pouco dele e se transpondo
a uma atmosfera em que a medição dos minutos não fazia muito sentido.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">Depois de tirar uns dias de folga, rumou ao Plateau. Retirou sua
bicicleta do carro estacionado na estação de esqui, lançou mão da jaqueta para
temperatura mais amena, afinal, estava no meio do outono, quando as folhas
secas caem com suas cores acinzentadas, seus tons pastéis, revolvendo-se no
chão, levadas pelos ventos da estação, se transformando em solo, adubo, aptas a
se transformar em lama, e serem revolvidas.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">Quando contornou uma curva, andando, solitariamente, e apreciando a
paisagem, avistou ao longe um carro tombado. Dois rapazes com força hercúlea, solenemente,
tentaram desvirá-lo. Philipe Condorcet de soslaio até tentou ignorar a cena
como se tudo se resolvesse sem sua ajuda, em vão. A consciência salvacionista o
acusara de desumanidade, ao passo que seu ego sobressaia, gritando por fazer
algo que o redimisse de sua vida comezinha e autorreferenciada. Estacionou a
bicicleta e saiu correndo a prestar socorro. Aproximou-se e perguntou se
precisavam de ajuda. Os jovens ignoraram-no completamente, como se lá não
estivesse. Ainda assim, somou suas forças a dos rapazes e, com muito ímpeto,
conseguiram desvirar o veículo. Depois do feito, perceberam que os vidros
dianteiros estavam quebrados. O silêncio reinou, só entrecortado pelo uivo dos
ventos. Não falavam nada. Após tal façanha, Philipe Condorcet sentou-se de tão
cansado e só então percebeu que estava despido da cintura para baixo, somente
com uma jaqueta a cobrir suas espáduas. A seminudez, além de não ser notada,
não era motivo de constrangimento aos rapazes, pois eles continuavam a ignorar a sua presença<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">Como se recostou próximo dos pneus traseiros, ouviu um sussurro, uma
espécie de frêmito muito baixo. Era uma mulher ferida com duas crianças de colo,
também parcialmente feridas. Conseguiram retirá-las, mas achou estranha a falta
de preocupação dos rapazes com os possíveis ferimentos da mulher e das
crianças, bem como a ausência de pedido de socorro médico. Mesmo despido, insistiu
que alguém procurasse ajuda, mas ninguém se importava. Diante da insistência para
que um dos rapazes as levassem ao hospital da região, um deles o agrediu com
palavras ríspidas, perguntando afinal o que queria e o que fazia ali. Foi embora,
mas percebeu que um deles o acompanhava, à medida em que se aproximava de sua
bicicleta, como se quisesse se certificar de que não voltaria, ou, se de fato
seria essa mesma a atitude a deixar a mulher e as crianças naquelas condições. Incomodado
com a situação, virou-se, no intuito de agredi-lo. A reação foi a mesma do
observador indômito. Quando, enfim, se encontraram frente a frente,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>esbravejou que seu único desejo era ajudar
aquela senhora e suas filhas. Então, o mais nervoso, gesticulando como quem galharda,
pediu para que parasse de falar e fizesse alguma coisa. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">Quando ambos voltaram ao local do acidente, a mulher e as crianças
estavam já recuperadas, mesmo diante de tamanho trauma. Havia se formado uma
pequena aglomeração e todos que lá estavam, alegremente, comentavam que tanto
Philipe Condorcet quanto o mais indômito dos rapazes havia, enfim, feito as
pazes, como se já se conhecessem. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">Foi, então, que Philipe percebeu, na pequena aglomeração, uma mulher a
lhe observar candidamente. Com passos lentos, tentava perceber sua silhueta, os
traços do seu rosto, em meio aos braços e pernas das pessoas a turvarem sua
visão, completamente obnubilada. Como um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">déjà
vu</i>, sentia que conhecia aquele rosto de algum lugar, mesmo sem identificar
de quem se tratava. Somente quando não havia ninguém entre eles, percebeu que
se tratava de sua mãe, já falecida. Seu rosto resplandecia, seu sorriso era cândido,
como quem, pós-morte, apascentara seu espírito atormentado por uma vida de
angústia. Transmitia paz. Olhou para os lados e se deu conta de que somente ele
a via, mais ninguém. Absolutamente, ninguém percebera sua presença, como se ali
não estivesse. Coçou seus olhos, sua boca seca aumentava a glote à procura de
água, seu coração disparou, suas mãos ficaram gélidas e pensou estar louco. Ela
continuava a olhá-lo com mais ternura à medida em que se aproximava. Quando,
enfim, estavam frente a frente, ela lhe disse: - Filho, a minha preocupação não
é o que falam de ti, mas o que pensas de ti mesmo! Condorcet abaixou a cabeça,
como quem reconhecia internamente o sentido da mensagem. Quando levantou o
rosto, sua mãe não estava mais lá.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">Lentamente, caminhou em direção à bicicleta. Já estava vestido da
cintura para baixo. Começou a pedalar, refletindo sobre o sentido disso tudo e,
até mesmo, se estava alucinado, se havia sofrido algum acidente e batido a
cabeça e não se lembrara. Pedalou por horas, quando avistou a montanha mais
alta do Plateau de Beille, exatamente, aquela que sempre desejara subir, desde
a mais tenra infância. Saiu da estrada e rumou por um caminho de terra até o
sopé da montanha. Não tinha equipamento adequado para a subida, sobretudo,
roupa para o frio. Olhou a estrada ao longe, avistou o cume da montanha, fechou
os olhos, respirou fundo e começou a subida. À medida em que subia, as dores
nas pernas, o cansaço, os detritos de pedra que ofuscavam sua vista e a
distância a ser percorrida lhe pesavam como quem carregasse o mundo nas costas.
Tudo compelia para sua desistência. Recobrava seu fôlego e continuava sua
escalada. Suas mãos sangravam de tanto esforço fixando-se nas frestas das pedras,
mas nada o fazia parar. Depois de horas de tal escalada, avistou um <i>plateau</i> bem próximo do ponto mais alto e
lá havia uma pessoa em posição de lotus, de costas para onde se encontrava,
avistando uma outra parte da cadeia montanhosa. Ele se perguntou como alguém
poderia estar ali e o que fazia. Quando enfim alcançou o <i>plateau,</i> caminhou lentamente até a pessoa. Era um homem. Seus
passos lentos, sobre os detritos do solo arenoso eram abafados pelo uivo dos
ventos. O silencio só era interrompido pela onomatopeia das montanhas ao usarem
os uivos como palavras para se comunicarem. Deu-se conta de que as montanhas
conversavam e guardavam os segredos e toda a história do que se passara naquele
lugar, como velhos guardiões do tempo. O tempo era aliado delas e se sentava à
mesa para falar da visão finita, sobretudo, das pessoas. Ao chegar bem próximo
do homem, tocou em seus ombros e, lentamente, virou-se para olhar quem o
tocara, era ele próprio. </span><o:p></o:p></span></p>Henrique Borralhohttp://www.blogger.com/profile/13756164647342469985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5887510198149032669.post-29965647517447952812020-10-02T03:42:00.002-07:002020-10-02T03:42:34.168-07:00DESEJO E CRIAÇÃO III<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: medium;">A latência das imagens se inicia com o nascimento, ainda que não haja
clareza e nem conduta moral para inundar o que serão as lembranças puras. Tudo,
no entanto, começa a ser registrado. O corpo absorve as imagens, matéria da vida.
As lembranças puras sofrem inflexões das lembranças-imagens até se formarem
percepções, propriamente ditas, já transformadas em representações, sentidos,
como diria Bergson. O que permanece são as percepções, não mais as imagens
puras. O corpo capta as imagens, mas o cérebro as processa. Tudo a passa a ser
fremido pela relação presença-ausência. A cada afecção que interpretamos como
ausência, é iniciado um processo inconsciente de busca por algo que
supostamente possa preencher o vazio, ainda que inominável, ainda que não
prefigurado. As dores, construções nomotéticas das memórias já elaboradas,
editadas pela percepção, passam a se relacionar com o tempo distinguindo o
ontem, passado; hoje, presente; e o amanhã, futuro, ainda que só exista o
agora. É a dor da ausência que transforma o passado numa porta sem saída, pois
só será passado, deixando de ser presente, exatamente quando a porta estiver
aberta e deixar de ser presentificado tal passado. Basta uma imagem captada
pelo corpo, ainda pura, depois transformada em lembrança por um ato simbolizado
pelos sentidos enquanto referencial, para se constituir uma memória monumental.
A vida, então, passa a ser o sentido da reatualização daquela lembrança ou do
desejo de reificá-la. Se o presente não for prenhe de seu sentido, então, a
porta do passado continuará fechada, isso constitui o que chamamos de morte: a
certeza de que aquilo vivido e interpretado enquanto referencial não se repete,
ou pelo menos da mesma forma. Começam a luta e as construções das idealizações,
sempre à procura da repetição daquilo que o corpo, depois a percepção, nominou
como referência. As outras possibilidades soam como estanques, estranhas,
alhures. Embora a vida seja um mosaico, prenhe de quaisquer significados que
possam ser atribuídos a ela, é a vocalização, a direção do olhar, obnubilados
pelos sentidos e as percepções que tangenciam e direcionam como a vida deve ou
deveria ser sorvida. É a percepção que, conotada pelos sentidos que assumem o
lugar da existência, passa a ser compreendida enquanto tal. Damos vida a tudo
que atribuímos peso, importância, força e sentido. Nada é arbitrário, tudo é
construído, tudo é referenciado. A mudança de percepção altera as
significações. Somos os deuses de nós mesmos. Somos os guias de nossas próprias
vidas. Somos os autores do que cognominamos de vida. A morte não é antitética à
vida, é a sensação de que aquilo que referenciamos enquanto primordial não pode
ser repetido. A nossa luta contra a morte se torna menos hercúlea ou mais
hercúlea se fazemos da vida um cabedal chamado de obra. A obra, então, é a
monumentalização, a lembrança-imagem congelada, o instante fugaz em que o
sentido do que fizemos se imortaliza. O balanço mnemônico da existência é
colocado na balança de Anubis. A existência não se interpõe nesse julgamento, e
sim, a percepção de que a matéria da vida, apoiada na memória, na hora da
morte, pendeu de forma menos heroica Não há ninguém lá fora nos julgando a não
ser nós mesmos. E todo esse julgamento nasce no processo de composição das
imagens puras e depois imagens-lembranças ou lembranças-imagens, depois
percepção. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: medium;">O corpo, o primeiro a captar as imagens, passa a sofrer com as
percepções dos sentidos. Os órgãos internos somatizam o que a matéria-memória
edita. A mente intensifica o que ela mesma projetou.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: medium;">Um instante perceptivo se emoldura na memória. A busca pela reedição da
matéria se constitui numa luta fremente de potência. A pulsão mobiliza. Os
sentidos elaboram e reelaboram. A mente aprisiona ou liberta. O corpo deseja. O
coração sente. O estômago distribui as sensações e comanda outros órgãos
provocando ou uma eubiose ou desbiose, dependendo de como as três mentes: uma
localizada no cérebro; outra, no coração e a outra; no estomago, as prefiguram.
Corpo e mente formam um compósito amálgama de locução de percepções.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: medium;">A memória é a edição da matéria. Os mesmos gestos são perseguidos, os
mesmos ângulos, as mesmas sensações, as mesmas palavras, interpretações, tudo
passa a ser uma condição obsequiosa de repetição. Por isso, as lembranças puras
já não importam, e sim, as sensações que elas carregam. Tudo o que não lembre
ou não se aproxime de uma situação-monumento passa a ter menos importância,
muitas vezes sequer percebida. Assim, o enredo do vivido não é a totalidade da
ação, é um filtro da ação.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: medium;">Do que é a lembrança? O que é a lembrança? Perguntou Paul Ricoeur.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O que constitui as lembranças? O que os
sentidos ritualizam? Como diria Bergson, não se trata de entender como as
sensações nascem, mas como são elaboradas. Como os sentidos são atribuídos e
por quê?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: medium;"> </span><o:p></o:p></span></p>Henrique Borralhohttp://www.blogger.com/profile/13756164647342469985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5887510198149032669.post-39298702930203978652020-06-24T05:04:00.001-07:002020-06-24T05:04:05.014-07:00Desejo e criação: PARTE II<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">PARTE
II<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">O desejo manifesto passa
a compor a existência, sendo a existência a expressão do desejo. Não que
existência e desejo sejam a mesma coisa, mas existência assume a forma do
desejo. A vida passa a ser a forma como a desejamos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Um ponto fixo. Um
pensamento ganhando forma. Aos poucos<span style="color: black; mso-themecolor: text1;">,</span> a vida se confunde com aquilo que pensamos e o que pensamos<span style="color: black; mso-themecolor: text1;">, </span>vai se materializando. O
ponto cresce e se torna feixe. O feixe se amplia criando outras conexões. As
conexões criam nexos e os nexos sentidos. A vida se confunde e passa a ser
medida pelos sentidos atribuíd<span style="color: black; mso-themecolor: text1;">o</span>s
a ela.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Um desses sentidos <span style="color: black; mso-themecolor: text1;">é </span>a noção de ego, “equivocadamente”<span style="color: black; mso-themecolor: text1;">,</span><span style="color: red;"> </span>interpretado
como o eu. É um eu, mas não o eu mais profundo. Mas esse eu interpretado como
sendo eu, é um sentido tão cheio de si<span style="color: black; mso-themecolor: text1;">, </span>que se confunde com a própria noção de existência. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">À medida que o tempo
passa<span style="color: black; mso-themecolor: text1;">,</span><span style="color: red;"> </span>esse Ego toma conta da vida. Atribui significados,
conota sentimentos, atribui valores. Como cada existência é medida por esse
Ego, a vida é um repertório de egos em disputa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Às vezes<span style="color: black; mso-themecolor: text1;">,</span> esse Ego se atrela tão
profundamente a certezas<span style="color: black; mso-themecolor: text1;">,</span>
que qualquer outra interpretação sobre a vida se torna inexequível. Ou, outras
vezes, tais certezas são a própria ideia de vida. Como qualquer outra mediação
está obnubilada por tais certezas, todas as vezes que o Ego é contrariado<span style="color: black; mso-themecolor: text1;">,</span> a vida é lida enquanto
adversária. É a vida contra o Ego. Não é a vida ampliando as possibilidades do
Ego, convidando-o <span style="color: black; mso-themecolor: text1;">a</span> abrir
mão de suas certezas, e sim, a lidima das vicissitudes<span style="color: black; mso-themecolor: text1;">,</span> “massacrando” o eu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">É uma eterna batalha
vencer o eu, que significa não encerrar a vida, mas um tipo de disputa<span style="color: black; mso-themecolor: text1;">,</span> ampliando as possibilidades
da vida e convidando o eu a aumentar a exponencia dos sentidos da vida. O Ego
encara a batalha como a morte de si pleno, quando se trata de transmutação. Não
admite “perder para si mesmo”, pois sua mudança <span style="color: black; mso-themecolor: text1;">implica</span><span style="color: red;"> </span>abandonar
os pontos fixos, os feixes, os nós que os trouxeram<span style="color: black; mso-themecolor: text1;">,</span> até onde se encontra. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Como transmutar os nós e
encarar a possibilidade de novos feixes ainda não vivenciados? Eis a questão!!
Diante do insólito, do não vivido, do inesperado, as velhas batalhas. É mais
fácil lidar com o trilhar desenhado, que galgar novos caminhos. A segurança,
ainda que não segure mais nada, que não faça mais sentido, que não apresente
mais nada, que só reforce os mesmos caminhos já trilhados<span style="color: black; mso-themecolor: text1;">,</span> é incomensuravelmente mais
confortável que o desconforto do não saber por onde caminhar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">O Ego teme a morte, não
apenas a morte física, mas a morte de si. A morte é a única certeza da vida que
se tem: a morte como recomeço, como princípio, como reinício, como vida. Tudo
morre<span style="color: black; mso-themecolor: text1;">,</span> para mais uma vez<span style="color: black; mso-themecolor: text1;">,</span> viver. Tudo morre<span style="color: black; mso-themecolor: text1;">,</span> para <span style="color: black; mso-themecolor: text1;">mais uma vez, </span>renascer<span style="color: black; mso-themecolor: text1;">.</span><span style="color: red;"> </span><span style="color: black; mso-themecolor: text1;">Tudo esvanece, para mais vezes,
florescer. </span>O Ego não deveria temer a morte, pois a única real e
verdadeira morte é o medo de viver. É quando a morte se antepõe<span style="color: black; mso-themecolor: text1;">, </span>não enquanto continuidade da
vida, mas sim<span style="color: black; mso-themecolor: text1;">, enquanto antivida</span>.
Morte e medo são silogismos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">São as mesmas faces da
mesma moeda, mas não a morte como renovação, e sim, enquanto não renovação. O
medo é libelo do <span style="color: black; mso-themecolor: text1;">antinovo</span>,
é a chave que não vira, o não bater de asas, é o voo não alçado, a lagarta que
não vira borboleta por temer o voar, pois sempre rastejou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">É preciso morrer. É
preciso deixar morrer os feixes, os pontos, os nós, os eus, dar passagem a
novos feixes, pontos, novos eus. Assim, o ciclo viver-morrer se completa, se
renova, para mais uma vez, viver-morrer. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Se os pensamentos não se
desvanecem, outros pensamentos desses mesmos pensamentos não brotam. Outras
possibilidades dessas mesmas possibilidades não se possibilitam. Nenhuma nova
variação não <span style="color: black; mso-themecolor: text1;">varia. As </span>palavras
novas não surgem<span style="color: black; mso-themecolor: text1;">. Os </span>significados
continuam significando as mesmas coisas. Os Nós não desatam.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">É preciso celebrar a
morte, pois ela entende o que é vida<span style="color: black; mso-themecolor: text1;">,</span> enquanto a vida<span style="color: black; mso-themecolor: text1;">,</span><span style="color: red;"> </span>só se compreende enquanto não<span style="color: red;">
</span>morre.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<br /></div>
Henrique Borralhohttp://www.blogger.com/profile/13756164647342469985noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-5887510198149032669.post-48774120504265439612020-05-12T04:58:00.003-07:002020-05-12T05:53:06.095-07:00DESEJO E CRIAÇÃO: PARTE 1<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: medium;">Há uma estreita ligação
entre a introspecção e a descoberta de mundos. As descobertas do que existe
fora de nós, como se fosse possível existir o fora, ou como se o fora não fosse
extensão do que há dentro enquanto projeção, enquanto vibração, ou ainda enquanto
soma das coisas que somos nós, são reencontros. Não que sejamos a medida de
todas as coisas, e sim que as coisas são mediadas, atravessadas para serem
percebidas, ainda que existam independentes de nós. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="text-align: justify;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: medium;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: medium;">Mediadas, aquilo que
media, meio, existente por ser nem começo, nem fim, processo, instante
eterno-fugidio, eterno-fugaz, eterno-volátil, presente-ausente. O que media,
conecta. O que conecta, liga, o que liga, cria pontes, ilaça. As pontes tocam
extremos, servem de passagem ao mesmo instante em que são em si passagens.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: medium;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: medium;">Somos pontes, somos
meios, somos passagens e estamos de passagem. Somos eternos, mas nem sempre
existimos. Como pode algo ser eterno mesmo sem nunca ter sempre existido? Talvez,
pela razão de que algo, depois de criado, passando a existir, para sempre <span style="color: black; mso-themecolor: text1;">exista,</span> ainda que pereça. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: medium;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: medium;">A ideia de mesmo nunca
ter sempre existido para algo existir é em si paradoxal, preexiste enquanto
força, ideia, potência, vontade, desejo. O existir é o desdobramento do que
preexiste. O que preexiste antes do existir é, então, uma potência de si, necessitando
de algo que, pelo desejo, o torne real. Desejo e potência do que preexiste,
ainda que não sejam a mesma coisa, passam a ser, pois que, depois de efetivado,
o que passa a existir é uma ação do desejo. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: medium;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: medium;">A introspeção cria
mundos, ou os mundos se revelam pela introspecção. Se aquilo que é imaginado
passa a existir, então somos cocriadores de mundos, ou os mundos <span style="color: black; mso-themecolor: text1;">se apresentam a nós</span><span style="color: red;"> </span>pelos nossos desejos de (re) <span style="color: black; mso-themecolor: text1;">encontrá-los</span>. Os desejos são as potências da
criação e, ao mesmo tempo, as vontades manifestas dos mundos <span style="color: black; mso-themecolor: text1;">de</span><span style="color: red;"> </span>continuarem
a existir em nós, por nós e em nós. <span style="mso-spacerun: yes;"></span><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: medium;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: medium;">Os nós são os laços que
nos afetam e nos atam ao desejo de sentir o que é existir. Existir, então,
passa a ser uma forma mais elaborada do preexistir, pois o existindo tem a
necessidade de se expandir, criando coisas novas, preexistentes dentro de nós,
a tal ponto <span style="color: black; mso-themecolor: text1;">de não sabermos </span>mais
o que é preexistente do existente.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: medium;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: medium;">A introspecção cria
mundos ou é criada por eles? Se os mundos são criações das introspecções, então
só existem dentro de nós, e, no entanto, existem em nós e além. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: medium;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: medium;">Por que introspectar?
Porque talvez seja a melhor forma de encontrar outros mundos para além do que
enxergamos, ou porque os mundos existem dentro de nós e só podem ser acessados
olhando para dentro. Um grande enigma, talvez, repouse <span style="color: black; mso-themecolor: text1;">nisto</span>: os mundos se escondem dentro de nós mesmos,
sendo espacialmente infinitamente maior que nós. Como pode o macro caber no
micro? Como pode aquilo que foi criado antes se esconder dentro de nós? Porque
os nós atam dois mundos: o do desejo e o da ação, sendo os mundos<span style="color: red;"> </span>ações dos desejos. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: medium;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: medium;">Pelos desejos criamos
mundos e os mundos são as nossas moradias, dentro e “fora”. Por que precisamos
de mundos para morarmos? Porque o desejo do preexistir necessita da forma
manifesta para a efetivação de suas extensões, uma vez que a ação manifesta
reverbera o desejo e porque uma vez dentro eles querem se expandir. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
Henrique Borralhohttp://www.blogger.com/profile/13756164647342469985noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-5887510198149032669.post-82946927598399641552020-01-22T02:14:00.000-08:002023-05-13T08:37:03.995-07:00MAGnífica<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<span style="font-size: large;">MAGnífica</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Há um pote com amontoados de letras</span><br />
<span style="font-size: large;">que com o toque das mãos retraídas revolvem palavras inteligíveis.</span><br />
<span style="font-size: large;">Quanto mais se misturam, mais palavras inaudíveis.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">As mãos não formam palavras concatenadas, </span><br />
<span style="font-size: large;">porque a mão que toca, </span><br />
<span style="font-size: large;">ainda que seja a que escreve, </span><br />
<span style="font-size: large;">sempre obedece a um outro que tece.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">As combinações de palavras são infinitas,</span><br />
<span style="font-size: large;">como infindo é o desejo de vê-las rodopiando.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">O pote sempre estará ali à espera não apenas de mãos intencionadas,</span><br />
<span style="font-size: large;">mas da tessitura de letras à procura de novas palavras.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Palavras são desejos encarnados em grafias de sons, de símbolos, de outros desejos.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">O pote ali, sempre ali, ecoa novas palavras. </span><br />
<span style="font-size: large;">Outrora retraída, </span><br />
<span style="font-size: large;">agora a mão revolve incessantemente à procura das que nunca foram ditas.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span><span style="font-size: large;">MAGnífica, </span><br />
<span style="font-size: large;">enfim encontrada, </span><br />
<span style="font-size: large;">forma agora sons audíveis. </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">É a matriz da qual se formam poemas. </span><br />
<span style="font-size: large;">Se o poema é o desenho da poesia,</span><br />
<span style="font-size: large;">MAGnífica é a encarnação da melhor palavra. . </span></div>
Henrique Borralhohttp://www.blogger.com/profile/13756164647342469985noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5887510198149032669.post-55219022547567849262019-02-06T10:40:00.001-08:002021-11-06T12:09:21.448-07:00Sincronicidades: da infância a Cabo Verde<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Para Rômulo e Ramon, Tatiana Reis, Alberto Antero, Cláudio Ramos, Kaká Barbosa e Vera Duarte </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Em 19 de outubro de 2012 publiquei
uma crônica sobre Cesária Évora (<span class="MsoHyperlink"><a href="https://versura.blogspot.com/2012/10/cesaria-evora-doce-voz-de-cabo-verde.html">https://versura.blogspot.com/2012/10/cesaria-evora-doce-voz-de-cabo-verde.html</a></span>).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"> A crônica versa sobre como tomei contato a
“doce voz de Cabo Verde”! Era criança, tinha entre 07 e 08 anos, quando,
embalados pelas festas alvissareiras da minha casa, minha irmã Bete, a mais
velha, sempre colocava na vitrola a música “Regresso”, cantada pela marrom
Alcione, letra de Almicar Cabral, música de José Agostinho, depois regravada
por Cesária.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Trinta e um (31) anos depois,
já morando no Rio de Janeiro por conta do doutorado, ingressei num grupo de
cultura popular por nome sugestivo de <i>Mariocas</i>:
(maranhenses e cariocas), coordenado pelos gêmeos dançarinos Rômulo e Ramon, o
mesmo que na minha adolescência assistira no Brasil Legal, programa de
televisão comandado Regina Casé, sobre o <i>reggae</i>
em São Luís.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Num dos preparativos de nossas
apresentações, a companhia ensinava percussão para crianças do morro da
Mangueira, no Centro Cultural Cartola, enquanto eu afinava o crivador no fogo,
comecei a preparar a indumentária para dançar Jongo e tocar Tambor-de-Crioula.
Ramon pediu que eu assistisse um documentário. Era exatamente sobre Cesária
Évora. As lembranças me sobressaltaram. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Semanas depois fomos
convidados a participar da celebração de convênios entre Cabo Verde e o Brasil
na área de educação com a presença do presidente daquele pais africano. O ano era 2005. O
convênio estendia a integração entre os dois países e permitia mais entradas de
estudantes do país-arquipélago no Brasil. Depois da celebração, houve uma
grande festa da Universidade Santa Úrsula, na zona do sul do Rio, e tive a
oportunidade de conversar com vários estudantes daquele país. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Eu pensei que minhas relações
com o país das dez ilhas no meio do Oceano Atlântico acabariam por aí. Ledo
engano. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Treze anos (13) depois, pela
insistência da amiga e colega de Departamento Tatiana Reis, comecei a me
interessar pela literatura cabo-verdiana. Ela estudara o movimento intelectual
conhecido por Claridosos, das décadas de 30 e 40 do século XX, que recebeu
forte influência da literatura brasileira, notadamente da geração de 30 (José
Lins do Rego, Graciliano Ramos, Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade, João
Cabral de Melo Neto, dentre outros), determinante para a ereção de um
sentimento de caboverdianidade na literatura, com repercussões na identidade
nacional e conseguinte emancipação política de Portugal na década de 60. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Lembrei-me que, no meu
doutorado, quando estudei Trajano Galvão, Francisco Dias Carneiro e Antonio
Marques, em meados do século XIX, tais autores bradaram uma ideia de um romance
“tipicamente maranhense” tendo por ilação as influências culturais africanas.
Foi o mote que encontrei para retomar algo que não havia aprofundado no
doutorado e que há muito me interessava e me incomodava por ter abandonado. Quando
a FAPEMA lançou o edital IECT (Economia Criativa), formulei uma proposta de
pesquisa sobre literatura brasileira (notadamente a maranhense), tendo como
fulcro central Trajano Galvão, Francisco Dias Carneiro e Antonio Marques
Rodrigues e os PALOPS (Países lusófonos africanos: Cabo Verde, Moçambique,
Angola e São Tomé e Príncipe; deixei de fora Guiné Bissau por questões
orçamentárias). O projeto se intitula Périplo Literário. Convidei Tatiana para
compor a equipe de pesquisadores e demos início ao projeto. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Em julho de 2018 pedi a minha
agente de viagens, Luzenir Farias, que comprasse minha passagem para Cabo Verde
exatamente para esse mês por conta das minhas férias na Universidade, não
queria que o projeto atrapalhasse as aulas. Passagens compradas, busquei um
Airbnb no bairro Central de Praia, capital de Cabo Verde, Platêau, Centro
histórico, coração da cidade. O proprietário da casa, Alberto. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Depois de três dias em
Fortaleza esperando um voo em vão para Cabo Verde, a companhia aérea TACV me comunicou
que não havia previsão de embarque e eu decidi retornar a São Luís
completamente frustrado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">De volta a São Luís, retornei
a Luzenir e solicitei a providencia de uma nova passagem antes de minha viagem
para Moçambique, em janeiro de 2019, já que pelo projeto não poderia sobrepor o
cronograma das viagens. Ela comprou para outubro de 2018. Assim foi feito. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Ao chegar em Praia, fui
recebido no aeroporto por Alberto. No trajeto, me mostrou o apartamento
que eu ficaria no Platêau, mas estava em reforma e, portanto, ficaria com ele
em Achada de Santo Antônio. Alberto é irmão de Kaká Barbosa, um dos grandes
escritores caboverdianos, membro da associação de escritores caboverdianos,
ex-integrante da frente de libertação do país perante Portugal, correligionário
do grande movimento dos PALOPS (países de língua portuguesa na África), liderado
por Amilcar Cabral. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Por indicação de Tatiana,
entrei em contato com Cláudio Ramos, funcionário do Patrimônio Histórico e
Cultural, que tem seu escritório exatamente em Cidade Velha, antiga Ribeira
Grande de Santiago. Cláudio me levou até Cidade Velha. Na chegada, fomos
recebidos por uma grande baleia jubarte, bem em frente ao antigo porto do cais.
Sentamos em um bar tendo por horizonte aquele imenso mar azul turquesa, as
ondas quebrando nas pedras negras da praia, céu límpido, as vielas da antiga
cidade por fundo, aquele cenário bucólico da cidade cinzeta, quase nunca chove,
tombada como patrimônio histórico da humanidade, a visão de onde partiam os navios
abarrotados de sujeitos escravizados além atlântico, tendo o Brasil como um dos
destinos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Peguei meu celular, coloquei
no youtube a canção <i>Regresso</i>, cantada
por Alcione. Estava ao lado de Claudio e quando chegou o trecho: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<i><span style="background: white; font-size: 13.5pt;">A chuva amiga mamãe velha</span></i><i><span style="font-size: 13.5pt;"><br />
<span style="background: white;">A chuva que há tanto tempo não batia assim</span><br />
<span style="background: white;">Ouvi dizer que a cidade velha</span></span></i><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<i><span style="background: white; font-size: 13.5pt;">A ilha toda em poucos dias já virou jardim</span></i><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<i><span style="background: white; font-size: 13.5pt;">Dizem que o campo se cobriu de verde</span></i><i><span style="font-size: 13.5pt;"><br />
<span style="background: white;">Da cor mais bela porque é a cor da esperança</span><br />
<span style="background: white;">Que a terra agora é mesmo o Cabo Verde</span><br />
<span style="background: white;">É tempestade que virou bonança</span></span></i><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">As
lágrimas correram dos meus olhos<i>. </i>Ouviu-se
um silêncio entre mim e Cláudio. A baleia seguiu sua viagem. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Depois
disso, Cláudio começou a me mostrar a cidade, a antiga construção da vila feita
pela Cia. do Comércio, que tinha como sucursais exatamente as Companhias de Comércio
do Grão-Pará e Maranhão, no século XVII, e depois da segunda Cia. do século
XVIII, já na administração de Marques de Pombal. Foi estranho ver as
imbricações entre Maranhão e Cidade Velha naquelas ruínas. O passado estava ali
presente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Tão
emocionante quanto andar por aquelas vielas, foi conversar com os moradores,
artesãos, agricultores, perceber nossas raízes, ser convidado para adentrar nas
casas e tomar grogue, pinga, produzida da mesma forma desde o século XVII. Foi
assim que meu amigo Cláudio me levou para a casa de seu amigo Francisco, o Chiquinho,
um guia de turismo, estudioso da história de Cabo Verde e das relações
transatlânticas, profundo conhecedor da região, e juntos tomamos uma garrafa
inteira de grogue. À medida que conversávamos e bebíamos, nos sentíamos como
grandes e velhos amigos e as conexões ficavam cada vez mais imbricadas.
Falávamos como se estivéssemos matando saudades de um tempo que não nos
lembramos, mas sabíamos que existiu. E quando nos despedimos, Chiquinho me
abraçou e disse: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">_
<i>É muito bom te reencontrar, velho
amigo!!! Antes de partir para o Brasil volte aqui, tem algo que eu preciso te
mostrar e vais gostar de saber!!!!</i>.... Cláudio olhou-me fixamente e não
disse sequer uma palavra. Eu não voltei... Mas as palavras de Chiquinho
engasgaram-me com o nó na garganta, como quem engole um guarda-chuva. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">No
dia seguinte, fui à Tarrafal, outra ponta da ilha de Santiago, visitar o campo
de concentração fascista onde entre as décadas de 30 e 60 foram presos
cabo-verdianos, moçambicanos, guinenses e portugueses que lutaram contra o
regime totalitário, notadamente os intelectuais, poetas, escritores. Naquela
manhã insólita de domingo, eu era o único visitante naquele mausoléu de
tortura, de paredes riscadas pelas mãos que, no passado, lutaram por liberdade,
que sentiam o cheiro do mar tão próximo e exatamente pela localização de
difícil acesso para lá foram levados. O mar que os trouxera era o mesmo que os
afastara de tudo, do mundo, isolados naquela ilha. No lugar do passado de
muitos sussurros, ais, gritos e mordaças, só o silêncio aturdia entre os muros
altos cercados de arame farpado, de agora guaritas solitárias e vazias. As
paredes desbotadas do tempo eram o painel das marcas das dores dos que por ali
passaram e hoje são o suporte para os painéis informativos da história do
lugar. Mas nenhum painel ilustrativo será capaz de narrar o espaço diminuto de
uma solitária afastada da área central hoje tomada pela relva, cubículo
claustrofóbico coberto com tela de zinco, chamado frigideira, cujo calor
ultrapassava os 50 graus, destinados aos mais rebeldes. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Ao
voltar para Praia, Alberto já havia comprado minha passagem para Mindelo,
capital da ilha de São Vicente, e reservado meu hotel para o prosseguimento da
pesquisa. Quando o avião sobrevoou a ilha de São Vicente, me deparei com a
mesma cena que vira quatro (04) anos antes durante meu processo terapêutico de
cura interior e autodescoberta numa das sessões de hipnose (terapia de regressão). Numa delas, as
últimas com o Drº Arquimedes, na clínica Eldorado, no bairro de mesmo nome em
São Luís, vi-me sozinho no alto de uma montanha cinzenta avistando a cidade lá
em baixo. As cenas são muito vívidas até hoje, sou capaz de descrever a
grafofagia das montanhas, os traços, as marcas, a posição. Quando o avião
riscou as montanhas da ilha de Santo Antão, vizinha a São Vicente, reconheci de
imediato a montanha, a posição que me encontrara na hipnose de quatro (04) anos
antes. Era o mesmo lugar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Ao
chegar ao Café Royal, centro da cidade, ao lado do centro cultural Mindelo,
vejo os retratos de cantores e cantoras cabo-verdianos que por lá passaram,
havia sido um grande salão de festas, de apresentações culturais. Dentre as
fotos, se destaca a de Cesária Évora.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Percorrendo
as cenas citadinas, participando de rodas de capoeira – Mindelo é chamada de A
Brasileirinha -, cheguei até o restaurante de Srº Luiz, antigo marinho mercante
que rodara o mundo e adorava o Brasil. É um restaurante antigo, o mais antigo
de Mindelo, com paredes salpicadas de fotografias, de reportagens e com
assinaturas das pessoas que por lá passaram, de vários lugares do mundo, sem
faltar a flâmula do Sporting Club de Lisboa, time do seu coração. Lá, conheci a
roteirista de cinema Adriana Mattos, baiana, que estava em Mindelo, dentre
outras coisas, pesquisando sobre Cesária Évora. Contou-me detalhes do que
descobrira sobre Cesaria, sua história, tragédias pessoais, onde morara, suas disputas
políticas. Era o período no Brasil entre os dois turnos das eleições
presidenciais de 2018 e não faltou na nossa conversa a questão brasileira,
nossas preocupações, acompanhado inclusive da análise de Srº Luiz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">No
Centro Cultural Mindelo, depois de uma busca desesperada por todos os órgãos de
cultura em Praia sobre a obra rara <i>Hesperitanas</i>,
de José Lopes, datada de 1929, bem como <i>Hespéridas</i>,
de Pedro Cardoso, de 1930, um funcionário foi em busca de alguém na cidade que
a possuía e pediu-me que a fotografasse ali mesmo, pois precisava devolvê-la ao
dono. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">A
obra retrata, dentre outras coisas, o imaginário caboverdiano sobre a lendária
Atlântida, cidade retratada por Platão em Timeu e também em Critias, da qual os
cabo-verdianos se dizem herdeiros. A mitologia cabo-verdiana atesta que as dez
ilhas são exatamente um dos pontos de refúgio dos atlantes que sobreviveram a
hecatombe, o afundamento, e que os gregos, milhares de anos depois, teriam transformado
nos jardins das hespérides, a morada das ninfas, situado às margens do rio
Oceano, guardado por uma serpente, que simboliza a transição entre a noite e o
dia. Ao conversar com moradores de Tarrafal, e também com os de Mindelo, muitos
conheciam o mito e comecei a me interessar pelo assunto. Passei a devorar a
obra de Pedro Cardoso e José Lopes e escrever sobre o assunto. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Quando
voltei à Praia, encontrei-me com Kaká Barbosa e o entrevistei sobre literatura Cabo-verdiana
e, em seguida, com Vera Duarte, outra grande escritora, no café Nho Eugênio.
Quando comecei a conversar com Vera sobre o que descobrira em Mindelo, ela
abriu o sorriso e disse-me que o texto que enviaria para a coletânea qual eu e
Tatiana estamos organizando e que ela é uma das convidadas é exatamente sobre a
relação entre Cabo Verde e a Atlântida. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">De
volta ao apartamento, Alberto perguntou-me a minha impressão sobre Mindelo.
Quando comecei a relatar as “coincidências”, sincronicidades com Cesária Évora
ele abriu o sorriso, levou-me até o quarto onde eu estava hospedado e disse-me
num sotaque caboverdiano:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">_
<i>“Meu caro amigo Henrique, este
apartamento que ora estais é exatamente o
mesmo que Cesária Évora ficava todas às vezes que vinha até a capital. Éramos
grandes amigos, bem como ela de Kaká, meu irmão, e ela adorava ficar aqui
hospedada". </i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Quando,
em Mindelo, Adriana Mattos me perguntou o que eu fazia ali e comecei a explicar
da pesquisa, abri o celular e comecei a ler para ela a crônica: <b>Cesária Évora: a doce voz de Cabo Verde</b>. Perguntei que dia
era aquele, Adriana respondeu: _ 19 de outubro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Exatamente a mesma
data em que, 06 anos antes, publiquei a primeira crônica sobre Cesária Évora </span></div>
Henrique Borralhohttp://www.blogger.com/profile/13756164647342469985noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-5887510198149032669.post-56392308094709956662017-08-17T17:10:00.000-07:002017-11-19T05:25:02.236-08:00Uma questão de escala<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<span style="font-size: 13.5pt;">O olhar. Um olhar. Olhares....</span><br />
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Goya, pintor espanhol dos
séculos XVIII e XIX conseguiu enxergar nuances de uma tela ainda não executada
que até os dias de hoje causam impressão súbita de espasmo. A variedade sobre a
vida repousa nas diferenças, isto porque cada um impinge com suas retinas os
matizes de um mundo ou multicolorido ou furta-cor. <o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Ao abrirmos os jornais hoje damos conta de
um mundo em caos, e está mesmo, a questão é: porque e por quanto tempo? Além
disso, pairam outras questões como se o caos fosse o horizonte a ser visto, o
que ele esconde ou que subjaz em suas entranhas. O caos possui razão em si mesmo
ou ele é o agente de transformação? É possível o nascimento de algo novo seu o
componente de mutação? O caos não se trata de um aspecto da dualidade, afinal, no seio de um processo não existe outro em seu bojo? <o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;">O que os jornais, mídia coorporativa de
modo geral relatam soam como catastróficos em pleno século XXI: o ressurgimento
de movimentos fascistas; o recrudescimento das democracias alhures; o aumento da
concentração de renda planetária; a péssima distribuição de renda; o aumento da
pobreza; a explosão da violência; aumento da poluição e devastação das
florestas, serrados; a extinção de animais; a truculência de aparelhos
repressores do estado; a inserção de golpes em democracias neófitas; ameaça de
terceira guerra mundial; a explosão de ódio e raiva revertido em ações como a
assunção da extrema direita; atentados terroristas; o controle da indústria farmo-quimica
sobre a promoção e divulgação de resultados no combate às doenças; guerras localizadas
gerando deslocamentos populacionais gigantescos com problemas como o da imigração,
refugiados, dentre tantas outras coisas que a princípio, a primeira reação é de
desânimo, de constatação de que a humanidade enquanto experiencia
civilizacional fracassou. Correto? Errado.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Esses elementos, embora não sejam novos,
são decorrentes de um longo processo de embates que a terra passa há milhares
de anos, mas que recentemente se acirram pela luta em prol da libertação
do planeta, cujas extensões estão cada vez mais evidentes. O que estes fatores
acima indicam não é o fracasso da humanidade, e sim, uma disputa ferrenha entre
grupos que sempre a controlaram, na verdade, nem sempre, e um número crescente de
pessoas que passam a tomar conhecimento do que se esconde por detrás das
lógicas de dominação e manipulação da informação. Além disso, a disputa entre "bem" e "mal" é maniqueísta, simplista, afinal, o processo dialético da superação envolve a simbiose entre as luzes e a suposta "trevas". Trevas não passam de ignorância, ou seja, desconhecimento. Só existe Luz. <o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;">A mesma mídia que tem pressa em noticiar e
alardear grandes catástrofes, crises, tensões e disputas sociais é pífia, risível
quando se trata de divulgar ações como: a plantação de 1 bilhão de árvores pelo
Paquistão em 2017, antecipando a meta em 04 meses; o fato de El Salvador ter
proibido a extração de metais de seu solo;
Costa Rica recuperou sua floresta nativa; a mata Atlântica brasileira dando sinais
de recuperação; avanços no campo cientifico aliando pesquisas neurológicas e
espirituais, energéticas (imposição de mãos, aura, desdobramento astral, reiki); aumento do número de pessoas que se recusam a usar agrotóxicos; aumento do
veganismo; vegetarianismo; de comunidades que aboliram o uso de dinheiro; aumento
do voluntarismo; aumento da crítica ao consumismo; denúncia contra a manipulação
da indústria farmacêutica; a ampliação da informação e da divulgação de
informações importantes; aumento considerável de um contingente global contestando
a ordem vigente e despertando para processos existenciais para além do materialismo; o anúncio eminente de um <i>reset</i> financeiro global,
dentre tantas outras coisas. Como se vê: tudo é uma questão de perspectiva e de
escala, de onde pretende-se olhar, o que consideramos importante e o direcionamento
de determinadas informações. <o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;">É claro que o aumento do caos é real, no
entanto, a forma como se aborda tal questão, o que se esconde e, sobretudo, os
processos de mudanças oriundos do caos não são objetos de interesses dos
controladores da informação. Mais uma vez, tudo é uma questão de perspectiva e
de escala.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Uma das questões que não são anunciadas
são as transformações astronômicas porque passa a terra, tais como: as
atividades solares, a mudança de rotação do eixo terrestre, a entrada do planeta
no centurião de fótons de Alcione, a aproximação com a andrômeda, a chegada do planeta Hercólubus e como essas questões afetam profundamente o
estado de consciência coletiva global. Sim, pois que até mesmo a relação entre
o cosmos e o estado de equilíbrio humano nos foi suprimido e até mesmo negado,
legando-se à noção de cissiparidade, divisão, desarticulação entre tudo, como
se nada tivesse interligação, como se não existisse o UM.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Como muitas dessas questões nos foram
obliteradas, negadas, suprimidas por sistemas religiosos castradores, por uma cultura
competitiva e predatória, por uma educação limitante, por um sistema econômico que nos transformou em
coisas, objetos de sua sanha acumuladora, a existência terrana se tornou por deveras
difícil, quase insuportável. Digo quase porque se fosse insuportável a lógica
da vida e, por conseguinte do amor não fariam o menor sentido, além de colocar
em suspeição o plano divino da aprendizagem, da capacidade que nós temos de
escolher as circunstâncias, lugares, pessoas e situações para o aquinhoamento da
compreensão sobre a existência, daquilo que precisamos para o nosso aperfeiçoamento,
melhoria, avanço, sabedoria e ajuda mútua. Mais uma vez o que está em questão é
a perspectiva, a escala e a forma como escolhemos o que é viver para cada um a
partir do princípio do livre-arbítrio.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Para os que acreditam que a vida não se
encerra no plano da matéria, que existe vida pós-morte, que o cosmos possui um
sentido, que o amor é a força mais esplêndida que existe e que por ele tudo foi
feito e retorna, fazendo da terra um lugar de aprendizagem, embora um dos mais difíceis
de todo o cosmo, enxergar a existência terrestre, até então imersa na densidade
da tridimensionalidade como uma experiência insuportável, ou quase, é também
uma questão de escala. <o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Por tridimensionalidade ou 3ª dimensão
entende-se o jogo da divisão, da separação de tudo como se nada fizesse
sentido, um lugar e ao mesmo tempo uma condição em que fonte e criatura seriam
unidades distintas e não interligadas, bem como tudo o que existe, a percepção
de que não somos merecedores de nada, não somos bons, somos maus, vis, a vida
se encerra no plano material, as únicas coisas que fazem sentido são aquelas
que podem ser provadas pelos cinco sentidos, só existe vida inteligente na terra,
o presente repete o passado, não há nada de novo, tudo já está estabelecido, a
ética é uma dimensão distinta da compaixão, do amor, da justiça, a vida foi benéfica
e voluntariosa para uns, injusta para outros; enfim, um complexo relacional que
nos trouxe até aqui, quer dizer, exatamente onde nos encontramos: a sensação de
que a experiência humana fracassou.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Há além disso a sensação de que todo esse
fardo foi é pesado demais para ser suportado, qual seja: o de viver na terra.
Outro equívoco. Milhares de seres de várias orbes, lugares do cosmo gostariam
de experienciar a existência terrana exatamente por saberem do seu grau de dificuldade,
bem como dos benefícios que tais dificuldades lhes proporcionariam, a saber, um
acúmulo existencial sem precedentes exatamente pelo véu da separação, a ilusão
de maya, a densidade da matéria, a benção do esquecimento, o invólucro da
matrix, que no plano da consciência e dos cinco sentidos nos impede de
enxergarmos quem realmente somos: divinos, perfeitos, como aliás, tudo o que o
criador fez e faz. <o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;">É exatamente pela existência deste véu que
somos levados pelo ego a cognominar o criador e o plano de divino de injustos,
afinal, qual é o sentido em viver num mundo caótico como esse? Qual é o sentido
da vida? O esquecimento retroalimentado pelo ego chora a vida inteira pela dor
do parto, pela perda da proteção e segurança do útero materno. Somos sabotados
por nós mesmos e levados a desconsiderar a profunda existência encoberta pela
consciência e pelo uso fragmentado entre mente e coração, guiando-nos inclusive
a recalcitrar à justiça do universo, afinal, a vida na terra sempre foi penosa.
Outro equívoco. <o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;">A vida na terra só adentrou na
tridimensionalidade há 26.000 anos atrás após as quedas de Atlântida e Lemúria.
Antes disso, vivíamos na 5ª dimensão, logo, em circunstâncias muito melhores
que as de hoje. Sendo assim, o período de existência na tridimensionalidade,
colocado em uma escala comparada com bilhões de anos, muitos inclusive antes mesmo
da existência física da terra, se torna algo não irrelevante e muito menos trivial,
muito pelo contrário, foram difíceis e quase insuportáveis, mas não fazem do cosmo uma consciência injusta. Quer dizer, além de termos
escolhido vivermos na tridimensionalidade para o nosso aperfeiçoamento, o período
vivido como dévicos, anjos, seres celestiais é muito superior se comparado ao
do afastamento na densidade da ilusão da separação. Aliás, o criador só
consentiu que vivêssemos na tridimensionalidade, primeiro pelo nosso próprio livre-arbítrio,
segundo, por saber que o acúmulo vivencial de bilhões de anos como dévicos era
suficiente enquanto suporte para a experiencia densa, trágica, pesada, penosa e
custosa do caos. Numa escala proporcional se compararmos bilhões de anos na 5ª
dimensão e alhures com 26.000 anos de tridimensionalidade, veremos que o
instante errático da terra em sua imersão da noite escura, apesar de dolorosa,
é apenas um ponto na imersão do cosmos infinito. E tal experiência na tridimensionalidade
está definitivamente se encerrando. A terra está nesse exato momento no
corredor do parto, pronta para renascer na sua condição de origem, abandonando um
período de 26.000 anos de trevas. </span><br />
<span style="font-size: 13.5pt;"><br /></span>
<span style="font-size: 13.5pt;">Quando chegarmos a essa condição vamos nos
lembrar dos tempos difíceis como aprendizagem, oportunidade e gratidão. Mas tudo é uma questão de escala e
perspectiva. <o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
</div>
Henrique Borralhohttp://www.blogger.com/profile/13756164647342469985noreply@blogger.com2