O cenário politico brasileiro
hoje está estarrecido com o trágico acidente aéreo que matou o presidenciável Eduardo
Campos, 49, ex-governador de Pernambuco, Ex-ministro da Ciência e Tecnologia do
governo Lula, terceiro colocado na disputa ao Palácio do Planalto.
Além de uma tragédia para a família
e amigos, para o cenário politico brasileiro, a morte de Eduardo Campos pode e
deverá provocar uma reviravolta nas eleições presidenciais. Tudo por conta da
sua vice: Marina Silva.
Marina Silva, ex-seringueira,
começou sua vida politica pelas lides do antigo PT, aquele que ainda lutava por
um Brasil mais justo, sério e menos corrupto. Foi Senadora, depois ministra do
Meio-Ambiente do governo Lula, quando por razões politicas e ideológicas deixou
o governo e cometeu o triste suicídio de se filiar ao PV, que conta com figuras lamentáveis como Sarney Filho. Não tardou e também se desfiliou deste partido.
Após esse tremendo erro, iniciou
uma campanha de formação de um novo partido cognominado de REDE, um emaranhado
confuso de concepção ideológica duvidosa, sem identidade e com uma conotação ingênua
sobre politica. Mesmo tendo conseguido 20 milhões de votos nas últimas
eleições, ser a grande sensação, novidade, contando com os votos crescentes dos
evangélicos (retomarei isso à frente), sequer conseguiu assinaturas suficientes
para a formação do Partido. Resultado: cometeu seu terceiro suicídio, se tornou
vice na chapa encabeçada exatamente por Eduardo Campos, morto hoje, dia 13 de
agosto de 2014.
Como pode uma candidata, cujo
passado remonta as lutas ao lado de Chico Mendes, grande expressão politica do
PT em seu estado, ministra do Meio-ambiente, sensação das eleições com um
discurso de moralidade e transparência, se tornar vice na chapa exatamente de
um ex-ministro de Lula, exatamente do seu ex-Partido, o PT? Houve uma inversão
de valores: Marina, a sensação, ficou a reboque de Eduardo Campos, sem grande expressão nacional.
Os mais afoitos correram para
falar em teoria da conspiração, ou seja, a morte de Campos consagraria a vitória
de Dilma ainda no primeiro turno, mas a verdade é exatamente o contrário. A lei
brasileira permite que em caso de morte o Partido faça uma nova convenção. Se o
PSB tiver um pouco de juízo elege Marina Silva nova candidata, com reais
chances de segundo turno e derrota da Dilma para ela.
O que Marina representa de novo? Nada, a não ser um vazio ético e moral existente no seio da sociedade
brasileira perpetrada por longos anos de corrupção do Partido dos Trabalhadores
em que supostamente sua condição ética traria ventos novos à politicagem brasileira.
Os anos de corrupção do PT, dando
continuidade aos anos de corrupção do PSDB, foi tal partido que inventou e
encetou o mensalão, inclusive a reeleição de FHC se deu nessas condições,
suscitaram um clima de desconfiança quanto à politica e uma sensação de non sense, ou seja, sem sentido viver e
lutar por e pela politica. Aliado ao crescimento vertiginoso dos evangélicos,
já são 35 milhões, cabos eleitorais da Marina, tal cabedal deu a ela uma projeção
de crescimento eleitoral e um suposto ar de renovação. Há limites.
A experiência evangélica no
Congresso Nacional tem se mostrado desastrosa. Tal bancada é apontada como a
pior pelos escândalos de corrupção, pela ausência nas sessões parlamentares e
pelo baixo número de projetos de Lei, afora os escandalosos casos à época de
legendas partidárias, tal como o PL, “vendido” a membros de igrejas evangélicas,
tal como a Universal do Reino de Deus, sem falar em governos corruptos de políticos
evangélicos, como os de Garotinho e depois, sua esposa.
Outro problema é o nível da
discussão de questões ligadas à cultura proposta pela bancada evangélica, tais
como a concepção de família, restrição a cultos afros, perseguição a
homoafetivos, dentre outros. Um evangélico chegou a presidir a Comissão de
Direitos Humanos e era declaradamente homofóbico.
O vazio ético deixado pelo PT trouxe
esse legado: ausência de politização e um baixo nível de discussão e inserção
politica. Marina cresce no esteio da decepção em relação ao Partido dos Trabalhadores, cuja legenda hoje em nada lembra seu passado.
A triste e lamentável morte de
Eduardo Campos coloca um elemento novo no cenário e corrida presidencial: a sensação
do “novo”, Marina, se contrapondo aos escândalos de corrupção do PSDB; Aécio Neves
não consegue explicar como ele enquanto governador construiu com recursos públicos
um aeroporto na fazenda de seu avô, e Dilma por seu turno não consegue dar
conta dos escândalos envolvendo a Petrobrás.
É claro que tudo ainda é muito
cedo, mas a morte de Eduardo Campos servirá de combustível politico daqui para
frente. Se Marina de fato for candidata angariará os votos de Campos, parte dos
20 milhões de votos que teve nas últimas eleições e o alto percentual de
eleitores que rejeitam Dilma. Em outras palavras: nada está decidido.
Comentário de Bira, Juiz de Fora (ele não conseguiu inserir comentário)
ResponderExcluirFeedback:
Gostei do texto, ideias claras, bem redigido, porém...
1 - você é um cientista e sabe que alicerçar-se em premissa ruim leva a resultado desastroso!! Ex: conheça melhor o programa de modernização de aeroportos de MG, estado extenso, de geografia complexa, que deles precisa e verá que foram 9 ao todo. O do Cláudio , era uma pista de pouso ja existente, numa area de aproximadamente 40 ha, da família Neves há 50 anos, que não está a venda e cujo tio-avô do candidato nada recebeu até hoje...Pleiteia do estado R$ 9 milhões e o governo Mineiro, na Gestão, seu quase neto, avaliou por 1 R$ milhão.. Se vc partir dai o enfoque vira tentativa interesseira de transformar interesseira de transformar pulga em goodzilla!!
Talvez precise até mesmo de exame in loco!!
Para termos a SUA versão!! Veja que ainda não será a verdade!!
2 - Marina Silva, vc explorou apenas o lado romântico da biografia, faltou dizer que perdeu para o Serra, no Acre, na eleição presidencial. .. Sem ir lá fazer campanha! o acriano a conhece melhor que a gente, não??
3- Chico Mendes, mesmo em Rio Branco, se diz que era um cachaceiro que de tão preguiçoso, até a sua estátua na Praça central fica à sombra!
Bem, espero, mesmo tardiamente, ter chamado à reflexão e contribuido com vc, alguém cujo conhecimento respeito e admiro...
Apenas recomendo, como referencia e figura publica que é, atentar-se às premissas na formulação do texto e elaboração do contexto...
Prezado Bira.
ExcluirObrigado pelas criticas, gostei muito, quem dera que todo leitor do blog fosse assim. Não deixe de lê-lo e criticá-lo. Tua opinião é importante
Uma das considerações mais coerentes que li na blogosfera sobre o tema. Muito gato pelo texto Henrique!
Excluir}querido Jadson. Te escrevo para te dar duas noticias: o versura vai virar livro, já virou na verdade. Será lançado em duas ocasiões: 31 de outubro, no auditório do curso de História, rua da estrela, 329, centro, e em outra ocasião na feira do livro, ainda sem data.
Excluirme encaminha teu e-mail para eu te enviar a capa.
Outra coisa, tu apareces no livro.....abraços meu querido
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirQue novidade fantástica. Espero ansiosamente pela publicação. Apesar da sua ausência no fecebook, a frontpage continua em movimento. Aguardo novidades sobre o livro, meu e-mail: jadsonfernando18@hotmail.com
ExcluirAbraços!!
Henrique,
ResponderExcluiracredito que Marina não supre este vazio político. O vazio existe e vai continuar vácuo por um tempo. Ela é mais reacionária que o próprio Aécio. Não a julgo por sua linha religiosa, mas isso configura muito sua linha ideológica. Marina não conseguiu agregar a coligação pós-morte de Eduardo Campos.
Enfim.... a corrupção de nosso país é algo que infelizmente se tornou estrutural e a mudança tem que partir também desta raiz.
tanto é verdade que os próprios correligionários do PSB, parte deles, são contra a candidatura dela. abraços
ExcluirPena que não há vazio e pelo visto está sendo ocupado de maneira um tanto desastrosa: A opção por Marina não é desespero, é a opção pelo autoritarismo, pela minimização do estado, os descaminho que a candidata trilhou desde sua saída do PT não mostra tanta perspectiva pelo novo a não ser o inovação belchioriana de MOTE GLOSA. Abraços!
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