De quatro em quatro anos os jovens atletas gregos se
reuniam para a celebração e disputa dos jogos olímpicos. Era um dos
poucos momentos de congraçamento, de união dentre os diferentes citadinos das
cidades-estados. Naquela ocasião agrupava-se o que de melhor os
gregos possuíam. Todos, sem exceção, mandavam seus melhores, os mais
fortes, vistosos, preparados e resistentes.
Depois de tal recitação, a folha de louro deixou de ser a
maior condecoração para os vencedores dos jogos olímpicos. A partir
dali uma medalha com o rosto da jovem bela passou a prantear os peitos dos
atletas. Foi assim que nasceu a medalha como condecoração.
Os vencedores eram considerados semideuses, verdadeiros
heróis. Voltavam para casa carregados nos braços do povo, eternizados pela
lembrança dos seus feitos, livres do olvido, verdadeiro exílio.
Recebiam a mais alta condecoração: a folha de louro.
Nenhuma recompensa se igualava a portar tal honraria. Carregavam nas cabeças o
símbolo do prestígio, da fortuna e do reconhecimento social.
Certa vez, na noite das dionisíacas, quando todos
celebravam as poesias do maior poeta grego, Homero, ocasião também para
condecorar os grandes heróis vencedores dos jogos, o jovem Ítaco, ao ver uma
jovem carregar a folha de louro para laurear-lhe a cabeça, se recusou a receber
tal condecoração.
A jovem deixou as folhas de louro e saiu. Perguntado pelos
demais poetas porque insultara a honra dos deuses ao não receber a
condecoração, ele respondeu:
O que são folhas de louro diante da beleza de tal jovem!!!
Ela é divina, por isso seus amplexos abarcam um mundo maior que o meu. Quando
ela anda, balança as folhas plantadas em suas costas, mexendo com os ventos
buliçosos que tocam seu rosto. Seu abdômen côncavo é mais resistente
do que qualquer homem, sustentada por suas pernas que mais lembram o Colosso de
Rhodes. Seu rosto esplêndido aturde todos que a veem passar. Sua cabeça altíssona
capta as vozes estridentes que sopram frases disformes, descontínuas,
desconexas, perpassadas por tantas bocas que não se comparam à sua. Seus olhos
são verdadeiros faróis a guiar os jovens navegantes numa noite de mar agitado.
Seus cabelos claros, a manta que cobre a deusa Ártemis. E sua beleza é de matar
de inveja o grande Apolo ou mesmo Palas Atena.
Me desculpem meus caros gregos, mas o que são folhas de
louro diante da presença daquela mulher. Depois que ela se foi nem mesmo
as poesias do grande Homero são capazes de ressoar como grande inspiração para
os que aqui ficaram. Por ela, eu venceria qualquer disputa.
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