quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O quarto elemento da genialidade brasileira

Há três grandes características que podem identificar traços culturais brasileiros: a literatura, a música e o futebol.

A literatura desde o quinhentismo, passando pelo barroco, arcadismo, pré-romantismo, romantismo,  parnasianismo, realismo, naturalismo, modernismo, regionalismo nordestino, poesia concreta e fase contemporânea, tem dado ao mundo mostras de nossa inventividade.

A literatura de um povo é um dos seus grandes patrimônios. Autores brasileiros já foram traduzidos em várias línguas e muitas nações conhecem o Brasil através da literatura.

A mesma coisa pode ser dita em relação à música. Desde a barroca, a capela, passando pela influência da polka, do semba que gerou o samba, do xote, chorinho, xaxado, maxixe, dos batuques africanos, do ritmo indígena, da influência da musica clássica gerando os gênios Heitor Villa-Lobos e Carlos Gomes, depois da mistura com ritmos populares propiciando a também genialidade de Pixinguinha, o surgimento da Bossa-Nova e de tantos ritmos brasileiros, a música brasileira expressa a alma desse povo.

O futebol por seu turno não fica de fora. Elemento de integração social, tal esporte surgido dentre as elites, foi uma forma de ingresso e ascensão social dos negros e pobres, proibidos de entrar em clubes por suas condições de cor e situação financeira, ou seja, a destreza do corpo driblou a crueldade do racismo e da pobreza.

Aliás, os brasileiros inventaram o drible. Isso mesmo!!! Os chineses, Os maias, depois os ingleses inventaram os tipos diferentes de futebol, mas os brasileiros inventaram os dribles. Os negros sofriam duras marcações e pesadas faltas dos brancos, que por sua vez, não recebiam punições pelas agressões, a única forma de se livrarem das canelas dos brancos era passando por eles, literalmente driblando-os, enganando-os, tal como Garrincha fazia com seus marcadores, os Joãos.

Além do que, até 1950 o Brasil era eminentemente um pais rural com grandes áreas, tanto no interior, quanto nas cidades, com grandes extensões de terras devolutas. Pela absoluta ausência do estado quanto ao lazer o futebol era um elemento de sociabilidade, de interação, de diversão e, depois de 1950, virou de identidade nacional, sobretudo depois da conquista da copa do mundo na Suécia em 1958.

O quarto elemento da genialidade brasileira é a arquitetura. Morreu ontem o maior arquiteto do século XX: Oscar Niemeyer, o reinventor das curvas na arquitetura.

Já disseram que ele havia se tornado repetitivo, que sua arquitetura não era mais funcional, apenas estética, pode ser verdade, mas é verdade também é que ao lado de Burle Marx, um dos maiores paisagistas e urbanistas do mundo, mudaram a concepção de espaço e redefiniram o modernismo europeu com pinceladas de brasilidade.

As obras de Niemeyer estão por toda a parte do mundo, mas o projeto urbanístico de Lúcio Costa, projetor de Brasilia, capital do Brasil, e os monumentos de Niemeyer, transformaram esta cidade num grande jardim a céu aberto, aliás, única no mundo.

Morreu aos 104 anos completamente lúcido. Certa vez ele petardou: "Projetamos Brasilia em forma de avião, mas deveríamos tê-la feita em forma de camburão", referindo-se aos políticos que fazem uso dela.

PS: Camburão no Brasil significa o carro, máquina da polícia que transporta detidos, bandidos.                  

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