quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Sobre as mentiras da blogueira cubana Yoani Sánchez

Acaba de ser publicado uma matéria no Militância Socialista desmentindo a blogueira cubana, Yoani Sánchez, vencedora de tantos prêmios, tais como: o prêmio de Jornalismo Ortega y Gasset (2008), o prêmio Bitacoras.com (2008), o prêmio The Bob’s (2008), o prêmio Maria Moors Cabot (2008) da prestigiada universidade norte-americana de Colúmbia. Do mesmo modo, a blogueira foi escolhida como uma das 100 personalidades mais influentes do mundo pela revista Time (2008), em companhia de George W.Bush, Hu Jintao e Dalai Lama. Foi desmascarada pelo jornalista francês Salim Lamranium. É estarrecedor a descoberta de tais mentiras por um lado, por outro, é apenas mais um episódio dessa Sociedade do Espetáculo, só para utilizar um termo de Guy Debord. 

Os instrumentos midiáticos se tornaram ferramentas cruciais e determinantes no jogo democrático ao longo do século XX e nesse inicio do XXI - em parte por aquilo que a Escola de Frankfurt intitulou de indústria cultural. A questão é saber se a indústria cultural é fomentadora ou consequência deste tipo de jogo midiático, ou, se trata de um processo amalgamado de ser consequência e causa ao mesmo tempo, se os agentes operadores da mídia na metade do século XX eram refratários, caudatários e proponentes de novas linguagens de comunicação à medida que percebiam o poder de comunicabilidade da imprensa, mídia em geral, vide o exemplar caso da propaganda hitlerista.

Caudatária, proponente ou as duas coisas juntas, o fato é que a mídia ganhou espaço por termos nos tornado seres midiáticos exatamente pela perda de reflexão, quer dizer, a sociedade ultramoderna cada vez se tornou dependente de um instrumento de informação, de quem processa as noticias, condensa matérias, elabora pontos de vista pela incapacidade das massas de tirarem suas próprias conclusões sobre o que se passa ao redor do mundo e também em seus próprios países. As informações via imprensa se tornaram um lugar autorizado, um capital simbólico, um instrumento quase autônomo de produção de formação de opinião.

O problema é que a noticia não se auto-reproduz, ou seja, as massas pouco se dão conta de quem se esconde atrás das noticias, quais interesses, disputas, correlações de forças, conchavos, tramas e negociações. A noticia não é a verdade, é o filtro de quem elabora a informação a partir de seus interesses. 

Um dos pilares da importância que a imprensa ganhou no século XX foi o discurso panegírico de que tal instrumento era basilar da sustentação democrática, sustentada nas teses de Tocqueville. A questão é Tocqueville não viveu suficientemente para entender a correlação entre principio politico da sustentação da ideia de liberdade de expressão e os princípios liberais "corrompendo" a mutualidade entre liberdade-interesses politico-liberalismo, quer dizer, a democracia foi se tornando cada vez mais a defesa de princípios liberais e não o jogo do somatório do bem comum, da coletividade, basta assistir ao brilhante filme de Orson Welles: Cidadão Kane. Isto implica dizer que existe sim uma democracia, democracia burguesia, distante do principio do bem comum, prevalecente da vontade da maioria.

A maioria têm se tornado cada vez a voz de uma opinião pública acéfala, cuja capacidade de formar opinião critica tem se perdido pelo jogo espúrio de como setores da imprensa manipulam informações na certeza de que pouco serão combatidos, exatamente pelo fato de que setores da imprensa estão nas mãos de grandes grupos corporativistas capitalistas, quer por sua vez controlam o aparato burocrático do estado. Ora, se o aparato burocrático é controlado por setores privados, interesses privatistas, o acesso às informações fica prejudicado e a forma de contra-argumentar, ter direito de resposta é muito difícil, pois passa pelo controle do judiciário e, claro, pelos interesses do capital. 

O caso da blogueira cubana é sui genesis. De um lado existe o uso de uma ferramenta poderosa chamada internet, que a principio está fora do controle da grande imprensa, isto implica em dizer que é um espaço mais livre, mais democrático, mais revolucionário, e por um lado é mesmo, por outro, mesmo a internet não está livre de interesses dos mais diversos, sobretudo ideológicos, por isso existe um estudo de controle do uso desse instrumento e uma forma de atrelá-la ao formato tradicional da grande mídia.

A blogueira utilizou das formas de repressão do regime cubano para divulgação de práticas que ela considera inaceitáveis, um dos princípios da democracia e da livre expressão, isso demarca seu posicionamento ideológico, nada contra, cada um tem o direito de livre opinião. A questão é que quando ela usa tal instrumento pautado em mentiras, falsidade ideológica, ao mesmo tempo denota seu alinhamento politico contra o regime, portanto, seus interesses na queda do socialismo, demarcando posição, quanto tais mentiras fazem parte daquilo que Guy Debord chamou de sociedade do espetáculo, ou seja, ela queria publicidade, notoriedade, ser noticia, estar no hall da fama, embrenhar-se nessa atmosfera sedutora chamada holofote. 

O ser midiático é alguém que se expõe sem medo das consequências, é capaz de ligar para paparazzi anunciando seus passos para ser fotografado; alfineta todos para ser noticia, estar em evidência; comete atitude anti-ética sem culpa ou remorsos, o que importa é a exposição.

Ao divulgar informações mentirosas, falsas, contraditórias, Yoani Sánchez se tornou um elemento conspiratório da pior espécie, igual a grande mídia que usa métodos espúrios para divulgação de suas informações para fins privados em nome da suposta verdade da informação. Ela quebrou o principio ético da própria liberdade, ou seja, quando a liberdade se coloca acima de quaisquer vinculação ideológica.

Eu critico as atitudes de Hugo Chavez e Cristina Kirchner de tentarem fechar A Globovision e o grupo El Clarin, respectivamente da Venezuela e Argentina, por mais sórdidos que tais grupos de comunicação sejam. A Globovision matou uma pessoa e atribuiu a morte aos aliados de Chavez, mas todas as vezes que o líder venezuelano impõe pesadas multas a tal empresa, 40% da população opositora ao regime sai às ruas arrecadando dinheiro para pagamento de tais taxas.

A imprensa, mesmo golpista, é necessária nessa falácia cognominada de democrática burguesa. Tentar fechar um órgão da imprensa que sabota informações, falseia, é sim uma atitude autoritária e anti-democrática, afinal, é necessário órgãos de fiscalização e controle de qualquer regime ou sistema quando de seus abusos. No entanto, o outro lado também é correto, quer dizer, quando tais órgãos cometem atitudes anti-éticas, são passiveis de sanções jurídicas e administrativas, o tal controle da imprensa, mas a melhor forma de punir tais órgãos não é fechando-os, isso só atiça a ira da oposição, e sim, mostrando sua falta de credibilidade.

Exemplo disso são as fotos forjadas pelo órgão espanhol El Pais mostrando Hugo Chavez em coma. Desmascarado, tal órgão recebeu multa, foi obrigado a divulgar uma nota pedindo desculpas pela mentira e agora não tem credibilidade nenhuma ao divulgar quaisquer informações sobre a Venezuela.

O mesmo raciocínio se aplica a blogueira cubana. Ela perdeu toda credibilidade e foi desmascarada não por um órgão cubano, mas pela imprensa francesa, ou seja, internacional. Se o regime tentasse impedi-la de divulgar seu blog seria tratada internacionalmente como mártir da liberdade.

O melhor de episódios como esses da blogueira, do El País, do El Clarin, da Globovision, e de tantos outros, é que por mais incrível que pareça isso vai criando uma opinião pública global que passa a desconfiar dos mecanismos de imprensa, passa a entender os interesses por detrás das noticias e que cria uma massa critica desconfiada das informações.

A imprensa ainda é o quarto poder, ainda é extremamente forte e influente, no entanto, a internet oferece-lhe um contraponto, por isso existe um estudo de unificação das mídias, mas as pessoas passam cada vez mais a buscarem outras fontes de informações.

Os blogs são instrumentos de livre expressão, são autorais, portanto, a responsabilidade do que é vinculado é totalmente dos seus autores. A blogueira cubana perdeu uma excelente oportunidade de dizer somente a verdade, ou seja, de registar e se responsabilizar unica e exclusivamente por aquilo que viu e viveu, agora, terá que prestar contas por aquilo que não aconteceu, ou seja, perdeu aquilo que é mais caro num veículo de informação: credibilidade. E esta uma mesma perdida não se recupera mais, ela se enforcou na sua própria corda.

Se esqueceu ou não entendeu como funcionam os meandros das tramas da imprensa, quando um órgão em busca de noticia, matéria, furo, é capaz de qualquer coisa, independentemente se vai atingir A ou B, grupo aliado ou inimigo, regime comunista ou capitalista. A noticia é um estratagema mercadológica, uma mercadoria cara nesse jogo de disputa chamado furo de reportagem, basta assistir ao brilhante filme espanhol: La chispa de la vida.  

Vejam que curioso: a blogueira se transformou numa celebridade internacional contando mentiras sobre o regime cubano, agora as mentiras dela são noticias internacionais.

Eis a gangorra do jogo midiático.


Segue abaixo a matéria desmascarando-a


http://militanciasocialista.org/noticias/jornalista-frances-desmascara-blogueira-cubana-yoani-sanchez-em-entrevista/

        

6 comentários:

  1. seu texto dá a entender que os regimes " tanto venezuelano,quanto cubano", são as melhores formas para se chegar a uma harmonia humana. tenho certeza que, viver no brasil além de melhor é mais fácil, o comunismo no estilo bem marxista ainda não foi posto em pratica em nenhum país, o que se viu foram formas tirânicas no poder, e mesmo se fosse praticas comunistas, acredito que não são as melhores formas para governar. Henrique perdão por debater seu ponto de vista, como vivemos em um país democrático me vi no direito.

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    1. PRezado (a) Prezado. não precisa se desculpar não por me criticar, o blog é para isso mesmo, espaço para reflexão, critica e debate. concordo contigo, o brasil é mais fácil de viver que cuba e venezuela, porém, bem mais injusto. somos a 6º economia do mundo, no entanto, possuimos piores indices sociais do planeta. considero cuba hoje melhor para se viver que antes da revolução quando o ´pais era uma lavanderia de dinheiro sujo dos EUA, as mulheres cubanas prostituindo-se para os americanos e o pais um grande cassino com drogas, corrupção e assassinatos. A venezuela idem, toda a riqueza do petroleo estava concentrada em apenas 20% da população. tais paises tem problemas, mas e o Brasil que é rico e ao mesmo tempoo de pior indices sociais da américa latina?

      eu critiquei a blogueira por ter mentido, não por ter criticado o regime cubano.

      abraços, obrigado pela participação e continuo esperando novos comentários

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    2. Henrique, em aproveitar as discussões sobre o comunismo nos países cubano e venezuelano, como tinha comentado,que viver no brasil, seria melhor, salvo a china, que é governado por um grupo comunista e está em expansão econômica.
      Como seria se o socialismo estivesse alcançado os principais países, um socialismo à da marxista, defender a igualdade e trazer o povo para o poder, será que emplacaria com o comunismo exacerbado. quais permaneceriam.

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    3. olha, esse era o sonho de Marx: que o socialismo estourasse na Inglaterra, centro economico do mundo, mas não aconteceu por força da repressão do estado, via prisões de trabalhadores e a força da burguesia, acabou estourando na rússia, um pais periferico e ainda feudal, czarista. acredito que se o socialismo tivesse acontecido na Inglaterra hoje o mundo seria socialista, mas não dá para trabalhar com essas possibilidades. A china vive um sistema dual: o estado é socialista, mas a economia é capitalismo de estado, ou seja, os lucros são divididos e controlados pelo estado, não há livre concorrência. Sinceramente prefiro os paises nórdicos: suécia, finlândia, dinamarca e noruega, vivem um modelo bem próximo do que acredito ser ideal. são capitalistas? sim, no entanto, a rede de cobertura do estado é simplesmente fantástica. não há neo-liberalismo, nem a desassistência de questões cruciais

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    4. conseguiste entender a a pergunta, suas respostas são magnificas, muito estruturadas, como conseguis

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    5. eu tento, eu tento. nem sempre consigo. risos...

      abraços

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