Imagino
tuas revolvenças,
teus
giros de mundo sem pés,
tuas
brigas com Deus em pé,
tuas
vísceras remoendo um passado sem futuro
e o
futuro construído sem passado,
tua
cabeça girando como um parangolé,
mas até a
arte não te sustém, aliás, talvez somente ela ainda te mantenha ainda que de
joelhos
olhando
pela janela a procura de um quadro, não de Dali, mas qualquer um que se
estivesse ali
te
mostraria um mundo, sem delírios, sem pirotecnia, apenas uma tela branca,
talvez cinza-cor de transparente, a mesma cor que agora sentes ao te olhares no
espelho; mais magra, não mais bolhinha,
mais
rodada, nem por isso mais preparada, para nada ou pra tudo, sabe-se lá o quê,
afinal,
foste rodar o mundo na busca das mesmas respostas que procuras agora,
e cada
vez que voltavas encontravas o mesmo quadro ausente cinza-cor transparente,
pintado por tua mente, sempre estridente, rangendo entredentes perguntando onde
mora o sossego, cadê a paz, a gata,
o suco
natural-natureba, a ausência da carne, que carne? Aquela que alimenta a sanha
de tua vontade de ferroar, primeira a ti mesma, depois quem passar, mas com
toque sutil, maneiro, quase imperceptível, que não deixa esquecer quem és,
assim mesma: inquieta-calma, tranquila-voraz, louca-santa, equilibrada-pensa,
altruísta na tua, do mundo e consigo, dos outros e de ninguém, sozinha sempre
acompanhada, musical-silenciosa, textual-imagética, tátil no touch.
Isso que
não se sabe dizer o nome não vai passar, não tem porque passar, não é para
passar, se fosse, já era, não foi, é, és, sempre foste, sempre serás.
Não
procure o quadro cinza-cor transparente. Pinte o seu, mas logo ele vai mudar de
lugar. Deixa o novo entrar.
Saudades de você! Muito obrigada pelo presente.
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