sábado, 15 de setembro de 2012

Educação inclusiva: um dos deveres da Universidade

Ontem pela manhã e a tarde no CECEN, UEMA, São Luís, houve a apresentação da culminância das práticas pedagógicas dos cursos de Química, Física, Matemática, Biologia, Letras e História, polo de Rosário, do Programa Darcy Ribeiro - programa de formação de professores da referida Universidade.

Por estar ministrando aula no turno matutino não pude assistir todas as apresentações, mas, das que vi a tarde sobre reciclagem de vidros, refrigeração, método braille e reciclagem de óleo de cozinha, fiquei impressionado com o que o conhecimento é capaz de fazer acerca da inclusão social e interação com a comunidade. 

A Universidade ocupa um papel estratégico quanto a transmissão e resignificação do saber, não apenas ela, no entanto, por ser um lugar do saber e de um saber especializado, deveria estabelecer um nexo maior com a sociedade, exatamente por ter a capacidade de decodificar uma leitura de mundo. 

Esses alunos da disciplina prática educacional, lecionado pela Profª Marilda e pelo Profº César, fizeram muito bem esse nexo. Aprofundando o assunto, pesquisando, realizando atividades práticas, mostraram quanta coisa simples possui uma dimensão complexa. 

Quanto tempo leva um vidro para se decompor? Quanto vidro é lançado no meio ambiente todo santo dia? Como funciona um sistema de refrigeração?  O que acontece com a fritura do óleo de cozinha despejado na pia? Para onde ele vai? São coisas do cotidiano que dado a devida atenção fazem a diferença no planeta.

E a experiência que mais me comoveu foi sobre a escrita Braille. Fazendo um minicurso, usando uma reglete e uma punção, com a ajuda das alunas e do estagiário Valmir da Conceição, da Universidade Estadual do Maranhão, que é cego, foi explanado como é a escrita, a sua lógica, como é possível fazer e sua importância. Foi simplesmente comovente. O auditório assistiu atentamente.

Por uns instantes tentei me colocar na condição de cego, entender como eles vivem e se comunicam e a dificuldade que a vida lhes se impõem exatamente por não ter sido pensada a partir deles, mas dos que enxergam, pelo menos visualmente.

Escrevi meu nome em braille. É muito fácil. Me dei conta de que minha Universidade não tem placas em braille, não estamos preparados para receber alunos e mesmo professores cegos. É uma vergonha.

A experiência da disciplina Prática Pedagógica do Programa Darcy Ribeiro me mostrou quanto cegos somos nos, tão autoreferenciados nos nossos saberes que esquecemos de exercer nossas sensibilidades.

Parabéns alunos e alunos, foi uma excitante experiência para abrir nossos olhos.       

2 comentários:

  1. é por isso que eu acredito que a partir da escola e da universidade que podemos transformar o mundo, e fazê-lo melhor. É significativo as aulas de LIBRAS no ensino superior. É bom evidenciar que LIBRAS é outro idioma (não é o português como muitas pessoas pensam). Porém acredito que esse outro idioma deveria ser ensinado desde do ensino fundamental. A primorado no ensino superior para entender o que os futuros alunos que são surdos, inclusive na escrita. Assim também o braille 1 abraço a tod@s

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  2. é aí que se nota a distância da Uni e da realidade, coisa que tem que mudar e é verdade Libras é outro idioma falo de cadeira por ter uma irma com essa necessidade especial e Braile tb deve ir por esse caminho

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