terça-feira, 4 de setembro de 2012

A razão em defesa da vida

Boaventura de Sousa Santos, filósofo português, em A critica da razão indolente, critica ferozmente o declino do homem público, o desperdício da experiência, o declínio da razão defensora da vida, aquela que tempos atrás não sucumbia ante ao avanço do capital e dos seus malefícios, tais como a ausência de combatividade diante dos atrasos sociais, aquela que colocava à prova a substância de uma ideia de ascensão da politica, que discutia o que era o melhor projeto de convivência social, para onde deveríamos ir, caminhar, tendo sempre em mente a própria criticidade.

Vivemos tempos sombrios. Tempos em que a irracionalidade impera em vários setores: na política, nas questões sociais, e até na esfera do pensamento, quando uma lógica de produtividade passa a ser mais importante do que o ato de refletir em si. 

Na política, prevalece o balcão de negócios, ou seja, não se vê como Platão e Hannah Arendt a política como saída ante a barbárie, e sim, como lógica fisiologista do toma lá da cá. Nas questões sociais a ética sucumbe ao desejo de "se dar bem" a qualquer custo. No pensamento, na academia especificamente, a preocupação do homus lattes é maior do que especificamente levar a criticidade ao meio, levar pessoas  efetivamente a serem emancipadas.

Ainda bem que pari passu ao declínio do homem público continuam surgindo movimentos sociais que ocupam cada vez o mais o espaço antes ocupados pelos partidos políticos, existe um ressurgir de bandeiras e lutas sociais outrora consideradas mortas. Nada está morto, a história está mais viva do que nunca, a esperança na emancipação humana é uma realidade, nada pode deter a torrente da vida.

Mas, nem tudo são flores. Existem também um desperdício de energia da vida, a banalização dos afetos, dos sentimentos, e até do poder revolucionário da comunicabilidade. Redes sociais como facebooks, por exemplo, são subutilizadas com ofensas pessoais, com gente que acha que a exposição da vida pessoal, de relações frustradas, são motivos para exposição pública, execração do outro. Essas pessoas são frutos de uma sociedade imersa numa crise ética, que efetivamente não sabe o que quer, vazia de sentido politico e pessoal.  

Contra o desperdício da vida, da energia utópica e pessoal é necessário uma discussão sobre a sociedade ultramoderna, cognominada de pós-moderna, em que tudo é esvaziado de sentido, como diria Karl Marx: "tudo que é sólido desmancha no ar". 

Enquanto defensor da razoabilidade, da criticidade, da reflexão, da vida enfim, considero importante a inserção de jovens em movimentos políticos, sociais, para que suas vidas sejam mais interessantes do que a busca frenética da popularidade, ainda que seja se expondo da forma mais vil e deletéria. 

A razão dobra sobre si mesma e reconhece o percurso humano, percebendo seus erros e dando saltos. Vamos acordar!!! A vida é mais bela e racional do que o vazio das vidas de muita gente. 



             

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