Vertigo
Ele saiu da boite nauseabundo. Tropegamente, procurava seu
carro no estacionamento. Para dar a partida levou muito tempo. Ao dirigir,
as luzes da cidade faiscavam na sua retina serpenteando com um laser o foco
esticando-se numa trajetória disforme sem fim. As buzinas, o semáforo, tudo o
aturdia, nada o apascentava. Com
muita sorte conseguiu chegar a casa. Deitado em sua cama, não reconhecia a
alcova de toda noite. Tudo rodava. Uma sensação de ânsia tomava seu corpo.
Vozes, imagens, sensações perturbavam sua alma. Tudo era estranho. Uma forte
dor no peito, uma falta de ar, um querer que seu estomago
lhe saísse pela boca na espreita de que aquela
sensação horrível parasse. Levantou-se cambaio da cama e foi até o
banheiro. Olhou fixamente no espelho. Não reconhecia seu próprio rosto. De
tanto fixar o olhar em si diante do espelho, apareceu-lhe outra face de si
mesmo, ainda que não houvesse mais ninguém ali. Queria ser um balinês que
costuma cerrar os dentes arrancando-lhe os demônios. Então como um Maori bateu
fortemente no peito deixando vermelha a pele de tanta força, arregalou
a língua, exclamando depois: – Sou eu, sou eu, sou eu!!!!!


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