terça-feira, 3 de julho de 2012

Os dois barcos

Um pescador olha o mar,
o dia não é para peixe,
o sol escondido, águas plácidas,
mãos calejadas, pés feridos, marcas da vida,
pele dourada pelo sol, ancas quase caídas,
rede no chão

Seu barco tem bolhas e batidas em pedras e na areia,
casco usado, marcas do mar,
hoje, não sai para pescar.

Ao longe seu ex-parceiro de viagem,
um jovem pescador, intrépido, audacioso, corajoso, afoito, inexperiente,
empurra seu casco, se enrola na rede, não apruma o cinzel, esquece a água,

Casco no mar, sua liberdade,
vento no rosto, velas ao vento,
sal na boca, delírio na mente,
corpo dorido, músculo em riste,

Água que bate, barco que sobe,
terra distante, mundo avante,
o horizonte por definição, a vida por fazer,
pescar e sobreviver,

De longe o experiente pescador vê os contornos do jovem barco,
sabe que esse é o seu momento de singrar o mar,
só respeita quem o desafia,
agora é a hora de navegar sozinho,

Sozinho, o céu, as estrelas, as histórias,
o medo, o calafrio, a solidão,
o coração na boca, a rede na mão,
na fronte a esperança, atrás a razão,

Na beira da praia o experiente pescador diz: vai, jovem pescador!
agora é a tua vez, lança tua rede, enfrenta o mar,
pois que de ti também aprendi,
que a vida é viver, força e vitalidade para não morrer,

Há também outros mares que não naveguei,
e com tua força e juventude continuo a desejar,
os contornos que fiz desenhando na linha do mar,
são os caminhos possíveis ainda a outros barcos navegarem,

Vai, jovem pescador, deita no barco, conta as estrelas,
imagina teus mundos, desenrola a rede, retira o anzol, monta a isca,
segura o barco, conduz calmamente, apascenta teu coração,
o mar é tua casa, teu mundo, teu chão,

Conduz teu barco de volta, deita na praia,
conta tuas histórias  















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