Um
pescador olha o mar,
o dia não
é para peixe,
o sol
escondido, águas plácidas,
mãos
calejadas, pés feridos, marcas da vida,
pele
dourada pelo sol, ancas quase caídas,
rede no
chão
Seu barco
tem bolhas e batidas em pedras e na areia,
casco
usado, marcas do mar,
hoje, não
sai para pescar.
Ao longe
seu ex-parceiro de viagem,
um jovem
pescador, intrépido, audacioso, corajoso, afoito, inexperiente,
empurra
seu casco, se enrola na rede, não apruma o cinzel, esquece a água,
Casco no
mar, sua liberdade,
vento no
rosto, velas ao vento,
sal na
boca, delírio na mente,
corpo
dorido, músculo em riste,
Água que
bate, barco que sobe,
terra
distante, mundo avante,
o
horizonte por definição, a vida por fazer,
pescar e
sobreviver,
De longe
o experiente pescador vê os contornos do jovem barco,
sabe que
esse é o seu momento de singrar o mar,
só
respeita quem o desafia,
agora é a
hora de navegar sozinho,
Sozinho,
o céu, as estrelas, as histórias,
o medo, o
calafrio, a solidão,
o coração
na boca, a rede na mão,
na fronte
a esperança, atrás a razão,
Na beira
da praia o experiente pescador diz: vai, jovem pescador!
agora é a
tua vez, lança tua rede, enfrenta o mar,
pois que
de ti também aprendi,
que a
vida é viver, força e vitalidade para não morrer,
Há também
outros mares que não naveguei,
e com tua
força e juventude continuo a desejar,
os
contornos que fiz desenhando na linha do mar,
são os
caminhos possíveis ainda a outros barcos navegarem,
Vai,
jovem pescador, deita no barco, conta as estrelas,
imagina
teus mundos, desenrola a rede, retira o anzol, monta a isca,
segura o
barco, conduz calmamente, apascenta teu coração,
o mar é
tua casa, teu mundo, teu chão,
Conduz
teu barco de volta, deita na praia,
conta
tuas histórias
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