domingo, 11 de agosto de 2013

O que é ser pai

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Em conversa superdescontraída, o professor e poeta César Borralho, primeiramente brinca com as respostas, mas depois incorpora o escritor ao falar do filho amado. Sobre a paternidade, César declara “pensei que nunca seria pai e agora já não sou apenas filho”. Pai de primeira viagem, César enfrenta os medos que envolvem esse ser pequenino. “Acompanhei o nascimento do meu filho pelo facebook”, falou César em meio a muitos risos, para depois emendar com “Sim, eu estava lá quando ele nasceu. Não chorei, não fiz nenhuma prece, só fiquei lá paradinho olhando pra ele, sentindo tudo o que acontece quando a gente se torna pai”, responde o pai emocionado. “A paternidade é uma majestosa oportunidade de doar ao seu outro o melhor de si e devolvê-lo mais pleno ao mundo”, declara, comovido, o escritor. Juliana Mello - Jornalista

JULIANA MELLO - Qual a sua reação quando descobriu que seria papai?
César Borralho - Num suspiro senti a magnitude da vida, senti a força da magia que me prospera, senti a alegria ladear qualquer tristeza como se fosse a tempestade aceitando a primavera. Nenhum grito, nenhuma palavra, só um breve silêncio de agradecimento à dádiva misteriosa do universo. Percebi que viriam os melhores dias da minha vida que eu imaginava já ter vivido. Senti o novo me esculpindo, empurrando as coisas de lugar e recriando o horizonte.

JULIANA MELLO - Acompanhou a gravidez da Lígia em todos os momentos? Participou do nascimento do Frederico?
César Borralho “... O tempo parou pra eu olhar para aquela barriga...”. Acompanhei a gestação de Frederico Almeida de Paula Borralho com imenso cuidado, certa tensão e prudente euforia. Não via a hora d’ele pular em nossos braços. Sim, eu estava lá quando ele nasceu. Filmei o parto e depois o segui sendo levado pelo hospital nos braços da enfermeira. Fiquei parado no berçário, extasiado diante de tão frágil e iluminante criatura. Não chorei, não fiz nenhuma prece, só fiquei lá paradinho olhando pra ele, sentindo tudo o que acontece quando a gente se torna pai. Só depois agradeci, tudo!

JULIANA MELLO - Como é a relação com o Frederico? Ele ainda é pequeno, você acompanha todos os passos dele? Como é o cuidado com o Frederico? Você divide com a Lígia as tarefas relacionadas ao Frederico?
César Borralho - Eu o pego nos braços e me sinto pleno e feliz. Eu lhe faço uns mimos e na maioria das vezes ele não está nem aí, mas quando sorri – eu ganhei o dia de novo! A alegria que ele me causa por existir só se explica pela alegria. Lígia é extremamente cuidadosa, atenta e tão zelosa com seus gestos e seus olhos de coruja que se eu fosse injusto diria que quase não tenho espaço, pois ela dá conta do recado tão bem que me comove. No primeiro mês de vida eu me incumbi de dar todos os banhinhos nele, o baninho gostoso do papai. Já troquei mais fraldinhas que agora, mas quase sempre eu o coloco em meu ombro para lançar para fora o excesso de ar (eructar) após a alimentação e em preciosa ocasião o coloco pra dormir em meu peito, como se eu pudesse protegê-lo para sempre de todo e qualquer perigo do mundo.

JULIANA MELLO - O que mudou na rotina com a chegada do Frederico na sua vida?
César Borralho - Qualquer coisa que eu diga será uma breve tentativa de afirmar que nossas mãos estão gratas e restritas aos cuidados com Frederico. Embora haja bastante trabalho, o cansaço adormece junto à sonolência angélica do nosso filho. As manifestações explodiram pelo Brasil à dentro e nem parecia que tinha uma guerra lá fora. Ele é a própria rotina, é nossa viola, a televisão.
JULIANA MELLO - O que espera do futuro em relação ao Frederico? Quais são os planos para a família?
César Borralho - Penso que Frederico se tornou o nosso plano de pequeno, médio e longo prazo e não concebo o amanhã sem tomá-lo como sinônimo. Tenho a impressão de que não tenho mais vida própria. Todos os meus esforços na vida serão na perspectiva de propiciar que ele seja o que quiser ser, seja lá o que ele escolher. Tenho duas sugestões bem distintas entre si que espero que lhes sirvam como balizas em seu caminho e que o ajudem a seguir:
- Cuide de suas finanças.
- Na falta de esperança siga o seu coração.
JULIANA MELLO - Em relação ao seu pai? Como era a relação entre vocês? O que você carrega consigo e pretende passar para a geração do Frederico?
César Borralho - Meu pai teve um pai bastante tradicional e eu recebi um pouco desta tradição. A gente filtra o que acredita e deixa de lado o que agora não corrobora com o que a gente pensa. Os tempos mudaram os costumes e hoje temos mais liberdade de opção. A herança mais cara que meu pai até hoje me doa é uma canoa simples e difícil de navegar: A Honestidade, a base do caráter de um homem refletida em tudo o que ele faz. Este denso espírito de integridade é a canoa que vou confiar a Frederico.

JULIANA MELLO - Em algumas palavras, o que você tem a dizer sobre a paternidade?

César Borralho - A palavra em questão me implica de imediato: pai/eternidade e Pai/Eternidade.  A imanência já não escapa à transcendência aos meus olhos. Nunca consegui ser ateu completamente e jamais consegui admitir convicto alguma religião. Contudo, pela primeira vez na vida eu acredito em Deus todo dia, todo dia, todo dia... e foi a paternidade que me aquiesceu pra essa eufonia. Exatamente no segundo domingo de agosto, Dia dos Pais, eu acumularei 34 anos de idade e a responsabilidade desta data já indaga por mim. Pensei que nunca seria pai e agora já não sou apenas filho. Eu queria ter algum dinheiro guardado para ficar em casa sossegado pelos próximos 4 anos e “brincar de vovô com meu filho no tapete da sala de estar”. É o que eu queria – no fundo. A paternidade é uma majestosa oportunidade de doar ao seu outro o melhor de si e devolvê-lo mais pleno ao mundo. 



Algumas informações:
Nome: Cesar Borralho*, 34.
* Professor por profissão, poeta por necessidade e boêmio por ocasião.

3 comentários:

  1. Ao meu querido amigo César Borralho, tenho certeza que será o GRANDE PAI!! Sua vida foi transformada,agora você tem um serzinho aqui do lado de fora para se espelhar na pessoa maravilhosa que és!! PARABÉNS!!

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  2. Não tenho palavras pra expressar de fato o que senti quando estava lendo a entrevista. Você é incrível papa!!

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  3. Nágela Gardênia, que venham as noites e os dias com mais alegrias que nunca antes. Obrigado...

    Wanessa Dias, sua alegria sempre me contagia com mais alegria. Obrigado
    Hija, chica escogida por Dios, Frederico Presentado el perfume que me faltaba.

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