Saudades
da magrela e da pimentinha,
daquelas
de doer como uma dor latejada como quem deixa escapar um tijolo de seis furos
e cai no
pé, inchando, futricando, moendo o pisante,
como quem
procura no vazio da casa a briga entre as petizes arrancando cada uma o braço
da Barbie,
como quem
acorda e mesmo sem nada nos braços, vazios pelos pesos ausentes, descreve um
colo acolhedor todas as manhãs quando carrega ainda sonolentas as mais belas
criaturas que eu fiz,
de sentir
uma dor no peito procurando o riso inocente de alguma paspalhice feita,
de quem
ainda precocemente já sabem os caminhos das diatribes ao gozar de quem as
protege,
de quem
cuida ao serem cuidadas, de quem ama ao serem amadas, de quem briga ao serem
chamadas à atenção,
das que
fazem piruetas e rodopios no banco de trás, trazendo sempre o desafio da
gravidade e a elasticidade como se estivessem num palco, num teatro absurdo de
brincadeiras e traquinagens,
Saudades
de quem ao telefone contam das aventuras no rio,
das novas
amiguinhas e amiguinhos,
de tudo
quanto é novidade,
da viagem
encantadora que só aumenta a dor latejada,
que se
preocupa com as correntezas provocadoras de aventuras,
a
distância se transforma nos nós apertados dos coletes salva-vidas,
bem apertados,
arrochados, que é pra não soltar,
pra
proteger as petizes de vozes infantes,
suaves,
doces,
e
telefone apenas ameniza, mas não estanca a vontade de apertar a magrela e
morder a pimentinha....
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