Uma mola
de corda de uma caixinha de música apertada por mãos delicadas abrem um
som singelo ecoando no espaço agudo como o címbalo retintante conjugado
com cenas telúricas de uma paisagem irreal;
são
sonhos, quimeras, imagens inenarráveis,
a razão
consciente não dá conta das cenas indecifráveis;
duas
bailarinas sobem ao pequenino palco; mãos graciosas, passos trôpegos,
cambaios,
uma luz
se projeta no espaço focando as sombras ampliadas das bailarinas,
suas imagens
sobrepostas se confundem com as cenas telúricas,
a mola já
não mais precisa de corda, ganha vida em si mesma,
as mãos
delicadas não se preocupam se o som singelo vai acabar, nasceu de sua
vontade imensa de estar num lugar que somente quem deseja e projeta um mundo
irreal é capaz de dar moto-continuo à uma mola que não precisa de corda,
a corda
que movimenta o som e projeta a imagem é a fonte inesgotável do coração de quem
possui as mãos delicadas que desenham traços contornáveis no ar, piruetando com
o vento, imitando gracejos de duas bailarinas, cujas bocas entoam o som de
um címbalo retintante, abrindo cenas telúricas de paisagens agora
reais, pois não se separam sonhos, quimeras e realidade, só existe o real:
aquele cuja caixinha de música apertada por mãos delicadas jogou imagens como
um projetor – um cinematógrapho de sonhos – exibindo cenas no espaço, nascidas
dos corações de duas bailarinas, dançando num pequenino palco e voando num
imenso cavalo alazão.
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