Para Nélson Sanches Martinez Junior, meu amigo e irmão, onde quer que estejas. Saibas que o único lugar onde não estais é no vale do esquecimento.
"A memória é uma velha louca que guarda trapos coloridos e joga comida fora" Austin O'Malley
São como
dobras do tempo,
são
vestais.
Cada
camada uma geração inteira de dor, esperanças, frustrações.
São
intermitentes, ainda que transparentes, quando sobrepostas acumulam-se os anos
de espera, aí, ficam espessas, pesadas.
As mãos
dão voltas grandes para carregar tamanho peso das vidas acumuladas em cada
cosedura.
Livrar-se
de cada folha que cobre o corpo dorido é irresoluto e necessário, mas
livrar-se também é ficar despido, transparente, como se as vestais ao
invés de cobrirem a nudez, descobrem a vergonha da vida marcada pelas dobras do
tempo.
São uma
espécie de segunda pele, a epiderme da alma. Como um corpo sobreposto ao outro,
uma dobra do espírito que necessita de tantas camadas para não se enxergar, não
se ver, cego na urdidura de tantas amarras, ilusões, decepções, frustrações de
si mesmo.
Se vestir
assim não é aprender com o tempo, é se perder nele, pois as camadas são os
labirintos por onde a vida escolhe para atingir o escopo das descobertas.
Ria do
tempo anáguas, rasgue as vestes e em cada rasgo costure com linhas de ouro,
pois quem se rasgou assim é mais bonito, já que possui uma história para
contar.
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