quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Pensando com os pés

 

Os pés pisam em areias molhadas deixando marcas.

As ondas apagam.

Marcas são feitas de caminhar.

Areias molhadas absorvem o peso do corpo, impulsionando novos passos e ondas num moto continuum apagam.

É ciclotímico o movimento de caminhar e apagar,

pisadas são afagadas pela suavidade marcada pelas águas.

Por que caminhar se as marcas são de apagar?

Caminhar é andarilhar, pensar com os pés como Sêneca.

Tudo que é deixado nas areias as águas levam, lavam, arrastam, apagam, sorvem, embebem, dissolvem, resolvem, revolvem.

As águas molham a terra beijando-a com suas finas mãos delicadas, umedecendo-a, esfriando-a do sol tórrido queimando sua tez acinzentada.

Pegadas são marcas revolvidas pela força das ondas da praia, num movimento sinuoso de ir e voltar, avançar e recuar,  não são rochas sempiternas.   

Areias não são pedras, são maleáveis, abarcam e aceitam as marcas deixadas na sua epiderme e por serem frágeis, apagam as pegadas.

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