Ashee-Tee-Ram
era um mestre versado nas ciências do pensamento e comportamento social, bem como
um profundo conhecedor do deslocamento e funcionamento dos corpos celestiais. Compunha
a Sociedade Real dos Altos conhecimentos em Pleias, planeta pertencente à Constelação
de Andrômeda.
Responsável
pelo ensinamento aos mais jovens, estava sempre atento ao desenvolvimento do
cosmos estudando a relação entre este e o comportamento dos planetas e humanoides.
Certo dia foi convocado para uma reunião do conselho planetário de Pleias
tratando do andamento das invasões de humanoides de outros orbes em planetas em
fase de desenvolvimento, como a Terra. A reunião na verdade se tratava de um
convite, uma espécie de convocação a todos aqueles que voluntariamente se dispusessem
a ajudar os planetas em perigo. Detalhou-se o processo de criação embrionária
de uma raça humanoide na Terra executada pelos Anunnaki. Aquilo mexeu e
perturbou Ashee-Tee-Ram profundamente. Fora dado um breve espaço de tempo àqueles
que se voluntariaram.
Dormindo
mal com a decisão que teria que tomar, suas aulas passaram a ser dispersas e
sempre ao final do dia subia ao monte Carmaram sozinho refletindo sobre o que
teria que deixar para trás, caso decidisse partir. Do alto do monte avistava a
tessitura de seu planeta, ruas geometricamente perfeitas, bem delineadas, as
gentes lá embaixo e a segurança de um lugar que, superado os períodos
tenebrosos de guerra, fome e divisão, teria que enfrentar situações difíceis, a
maldade e arrogância dos Anunnaki e os agouros de um planeta em gestação, cujo
processo de desenvolvimento foi entrecortado pela interferência de outros seres.
Dias
se passaram até que enfim tomou a decisão. Partira para a Terra, provavelmente
por tempo indeterminado. Em Pleias foi saudado com herói juntamente com os demais
que tomaram a mesma postura. Foi incumbido da responsabilidade de guiar a nave
até uma colônia de preparação na órbita da Terra. Vestiu seu uniforme de gala: um
vestido azul-gôndora, um elmo doirado em formato de um portal deixando apenas
os olhos descobertos e uma abertura que ia por cima do nariz até abaixo da
boca, o símbolo de Pleias bem na altura do plexo solar representando a união de
todos os povos da Constelação de Andrômeda.
Na
colônia passou por um período de preparação, estudo sobre a história da Terra,
na verdade, Gaia, a dificuldade que teria em baixar sua densidade vibracional
de 6ª para a 3ª dimensão, incluindo a perda de habilidades e memória em decorrência
da baixa densidade da Terra que ocorre no processo de encarnação. Teria que contar
apenas com sua intuição, sua bondade, e ensinar os seres humanos terráqueos o
processo de evolução e reconexão com o cosmos e desvelar as mentiras que os
Anunnki, adorados como deuses, contaram.
Iniciou
então o processo reencarnatório. Juntamente com o conselho espiritual da
Colônia, decidiu o lugar que nasceria, a família, suas provações, bem como
desafios e missão. Tudo foi meticulosamente programado até começar a decrescer
em tamanho dia após dia, a retroceder em conhecimento, a perder a memória das
coisas que aprendera até então, ficar do tamanho de um embrião e ser atraído
para o útero de uma terráquea.
Nasceu
na antiga Suméria, lugar de adoração dos Anunnaki. Como era esperado, interessou-se
pelas antigas astronomia e astrologia tornando-se um sacerdote do templo Antu,
mas não se lembrara de quem era e nem de onde viera. Ainda assim, era muito comum
ver o agora jovem Ahtar, nome que seus país lhe deram, olhando para os céus,
admirando as estrelas e procurando corpos celestiais. Seu desafio era o
desenvolvimento do conhecimento para o bem, não pendendo a fornecê-lo para
aqueles que dominavam a cidade utilizando-o para o mal. Enfrentava essa refrega
todos os dias, sobretudo à medida que seu conhecimento se avolumava, sempre com
o risco de cair em mãos erradas.
Reencarnação
após reencarnação o antigo Ashee-Tee-Ram distanciava de seu intento inicial
incorporando hábitos e costumes terráqueos, bem como as suas vicissitudes. Já
não se recordava de sua missão, mesmo após cada morte retornando para a colônia
fazendo um balanço de sua vida pretérita. No entanto, o acúmulo de práticas
terráqueas, a densidade de Gaia, cada vez mais pesada, o envolvimento com
doutrinas ilusórias, a consumação de alimentos densos e pesados, acrescentado
da chegada de outra raça humanoide, os reptilianos, executando serviços a mando
dos Anunnaki, que partiram em busca de ouro em outras galáxias, aumentando o processo
de exploração, enganação iniciada pelo Anunnaki, Ashee-Tee-Ram não era nem a
sombra de um antigo mestre ascensionado.
Assim,
o tempo foi se passando e apenas uma fulgura esperança de conhecer outros mundos
alimentava seu desejo. A emancipação de Gaia já era um projeto perdido em sua
memória. Reencarnou no Egito, Grécia, Roma, África, América, como mulher várias
vezes, como membro das altas cortes europeias, foi nobre, depois escravo,
pobre, voltou a ser rico, num ciclo vida após vida. Seu processo de retomada de
consciência começou quando reencarnou na França do século XVIII sendo um filósofo
da Revolução Francesa. Morreu na cela assassinado pelo seu colega de cárcere na
véspera de sua decapitação. Esse episódio o marcou profundamente, a tal ponto
que na colônia tomara a decisão enfim de, dali em diante, retomar seu projeto
inicial.
Pelo
que foi dito pelas altas odes celestiais, a restauração definitiva de Gaia
aconteceria no século XXI. Antes disso, tomou a decisão de reencarnar no
Brasil, o coração de Gaia restaurada, segundo a Confederação Galáctica,
responsável pela expulsão dos reptilianos e impedindo o retorno dos Anunnaki,.
Desta feita, nascera no final do século XIX e morreu em meados do século XX
sendo um grande escritor e exercendo também a função de um jornalista
denunciando conchavos, golpes, artimanhas e falando de questões espirituais.
Deu-se
um intervalo de 40 anos entre sua penúltima reencarnação e sua derradeira,
nascendo em fins do século XX. Na colônia decidiu pela resolução de todos os
seus conflitos e pendengas, sabendo do grau de dificuldade para sair definitivamente
da roda de Samsara. Optou de novo pelo jornalismo onde começou a escrever
artigos sobre política, denunciando golpes, conspirações, conchavos entremeando
com questões espiritualistas. Foi nesta última reencarnação que tomou
conhecimento de que fora Ashee-Tee-Ram e que na verdade o seu desejo de vir
para a Terra significava o seu processo evolutivo, o que ele precisava enfim
para sua emancipação. Tudo o que passou representava antes de mais nada seu encontro
consigo mesmo, oportunizado por Gaia.
As
coisas recrudesceram no Brasil, um profundo retrocesso quanto à questão
democrática e o avanço do fascismo. O povo brasileiro mostrara sua face mais
preconceituosa, raivosa, excludente. O clima de medo, paúra, torpor e incerteza
tomou conta do país. Nos bastidores, ele soubera das articulações para essa
situação e, por mais que escrevesse artigos no seu jornal pouco crédito ganhava.
Foi
então que seus antigos amigos da Constelação de Andrômeda entraram em contato
com ele e com todos os milhares de reencarnados na Terra oriundos de outros planetas
há 13.000 anos atrás avisando que o sinal da mudança dos ventos ocorreria exatamente
quando as coisas mais retrocedessem. Os
noticiários do mundo inteiro davam conta de um mundo em caos, perdido, em que
há esperança havia cedido lugar a descrença. Esse era o alerta: os reptilianos, juntamente
com os híbridos e a elite mundial, sabendo que seu período de dominação chegara
ao fim, decidiram partir para o ataque definitivo controlando, manipulando as
mídias, os judiciários, as políticas e, sobretudo, a economia global.
Que
fazer, pensou Ashee-Tee-Ram? Exatamente aquilo para o qual reencarnou 83 vezes;
viver, evoluir, informar, lutar e amar uma Terra, Gaia melhor, com uma
diferença desta vez: sabendo enfim quem era, saberia o que fazer e confiar na
vitória final, afinal, esse é o destino de todos os planetas, evoluir, assim
como todo mundo, assim como ele.
Um conto bem ambíguo meu amor...
ResponderExcluirInteressante...
Te amo!