Adonay Ramos Moreira
Apenas
por um instante, apenas, nada além disso.
Depois,
a noite,
o
medo,
a
pouca luz,
a
pouca fé,
o
pouco amor.
Depois
o corpo de outro corpo se afastando,
pondo
entre eles um vazio profundo,
uma
prece, às vezes iludindo-se,
sonhando
com a luz,
inimaginavelmente
simples,
banal.
Depois,
o suspiro prenhe dessa grande madrugada,
a
ânsia e a espera,
as
flores que morrem em nossas mãos e nada dizem.
E
é difícil essa espera,
essa
dor profunda,
essa
falta e necessidade de amor,
essa
rosa.
É
estranho esse mar que jamais se aproxima,
essa
luz que jamais cessa,
essa
pequena roda do tempo que range,
que
range, despertando, nessa longa noite pobre, a
flor
sombria,
o
sonho,
o
delírio,
a
dor.
Às
vezes, melancólico, com o olhar repleto de todas
as
distâncias e uma vaga (mas real) dor
na
alma,
às
vezes, por entre noites clandestinas, sonho,
não
vivo,
mas
sonho ser o rei de todas as terras,
o
que é feliz e canta,
o
que ama e ri,
o
soldado fardado,
o
dia em flor,
a
noite prestes a morrer,
o
sol,
sobretudo
o sol.
Talvez
porque há em nós todos os homens que
admiramos,
todas
as mulheres que possuímos,
todas
as misérias que olhamos,
todas
as mortes que morremos.
Ah,
e depois acordar. Olhar que a vida
(não
a grande vida, mas a vida)
se
encontra do outro lado da rua,
repleta
de desejos e sonhos,
plena
de suas gloriosas fraquezas,
cheia
de tumulto,
de
cantos,
de
dores,
de
lagrimas.
Afinal
(tristes de nós, que temos sentimentos!), a vida
é
feita dessas pequenas coisas,
desses
detritos,
dessas
raras imagens,
desses
silêncios,
dessas
muitas falas,
dessa
necessidade de sermos, como as coisas, perfeitos,
sóbrios,
inalteráveis,
incorruptíveis.
Contudo,
mesmo a noite vindo, é preciso viver,
sim,
é preciso,
uma
eterna necessidade, um desespero, um constante
(ah,
assaz constante) aperto de mãos ao longo dessa grande estrada.
Adonay
Ramos Moreira é
estudante do Curso de Filosofia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e
autor dos livros Sentimentos e Poemas, ambos de poesia.
profundamente simples e sensivelmente profundo! Alma de artista é diferente, realmente.
ResponderExcluire por isso deixo aqui minha angústia
Angústia (Martírio)
Sentimento urgente cadente crescente
Preso ileso . Por fora? Vomitar?
Cresce e não sai…
Cada gesto ,penso.
Por onde? Começar
O negrume da mente ou coração?
Cada ser pensante ,Na forma de canção não há de por
E dor e cor e compor e pensar que poderia…
Ah! Agonia presente como uma freio irrefreável , cor de purpura
Vermelha
Sangue
Corroendo a expressão à beira do papel
e ali se esvai se perde se desencontra e
reaparece no vazio. Vazio do tempo vazio
vazio,
fugaz lembrança retorna. Expressão outrora vem como inspiração,
mas vai e vai e não volta.
e vai
e vai
e vai
Presa num grande armazém, numa garrafa fechada . Minh’alma poética
Ex-iste
aonde ?que vão colossal reside?
Despede-se e não volta, se volta , vai e reside e reside e enterra.
Ré-enterra reenterro o sopro curvado do tempo
o medo sereno e torto
Desmedido e além. Sobre patas , ando! me perco num pensar. Irracional.
Figura abstrata do ser , universal. A sina corrobora , luta fatídica diária.
O que precisa ser? Certamente a incerteza do não ser, sabe que é.
E a poesia flui, cresce e morre refluxo
desvão esconde-se no armário velho fechado . Teias o prendem.
Como pincéis prendem a arte num centro de centros
todos juntos.
afãs
afãs
afã
desejo mútuo corpo e alma
prol
papel
poesia
música
sons
concreto.
Nada, como o sonho vão que não se acaba e se prende, une-se visceralmente. Nas entranhas
e vai e
fecha e
joga a chave
fora
Caro anônimo adorei teu poema gostaria de publica-lo no versura? Eu adoraria. Me escreva autorizando
Excluirmuito lisonjeado! Sim, afinal conheço-o, fui seu aluno semestre passado.
ResponderExcluirPorém gostaria que publicasse com o nome " De Moraes" na autoria...
ResponderExcluirhttp://dispersosetal.wordpress.com/