terça-feira, 30 de agosto de 2011

A Fisica Quântica e o desvelamento de um novo paradigma de pensamento

Desde o início do processo de humanização dos homens e das mulheres, nem sempre fomos humanos, que a luta pelo desvelamento do mundo, a criação de simbologias, mitos e ritos encampam uma espécie de descoberta do cosmos, do mundo, dos sistemas de compreensão da existência sobre a face da terra. Vieram depois as civilizações, a criação das cosmogonias, da astrologia, os pré-socráticos, os sábios, magos, as religiões, a filosofia, sacerdotes em várias culturas no intento de entender os significados das existências humanas.

As primeiras teorias interpretativas sobre a condição humana, a terra, tateavam em busca de algum sentido sobre o porquê da nossa existência. De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos? Eram alguns dos inquietantes e insolúveis debates cerrando fileiras na tentativa de monopolização de qualquer resposta, por vezes antagonizando sociedades que se julgavam superioras às outras. Em nome da verdade instituem-se religiões que passaram a ser salvaguardas dos mistérios do mundo, da mesma forma que a ciência, nascida do iluminismo como decurso distorcido dos princípios socráticos, tornou-se tão dogmática quanto as religiões.

A terra não era mais quadrada, não era mais o centro do universo, Kepler descobrira o sistema de circulação sanguínea, Descartes existira porque pensara, Maquiavel desnudava a política, a modernidade dava cabo de desencantar o mundo. No dizer de Hannah Arendt: deixávamos de ser criaturas para sermos criadores de processos naturais. O Ocidente nunca mais seria o mesmo.

Veio o século XIX como desdobramento do iluminismo e prometeu via ciência a felicidade, o progresso pela razão, pelo menos na acepção do positivismo, foi o século do darwinismo social e biológico, do nascimento da história enquanto ciência, da antropologia e sociologia. Eram os tempos da Belle Époque e da esperança de que as trevas do “obscurantismo sensista” jamais retornariam, até as trincheiras da I Guerra entulharem de sangue!!!

Na virada do XIX para o XX acreditava-se que a Física newtoniana estava morta. Era uma ciência sem grandes perspectivas, pois não havia mais nada a ser dito sobre a matéria, até aparecer Heisenberg com sua formulação da mecânica matricial mostrando que os operados dependentes do espaço e estado quântico são independentes do tempo. Ele havia chegado a essa conclusão a partir de uma experiência de deslocamento de partículas, elétrons, que, de forma acelerada, surpreendentemente não saíam do Ponto A para o B, eles saltavam. Depois vieram Max Planck e Einstein e a física nunca mais seria a mesma. Na verdade, a história do pensamento....

Decorridos 100 anos daquela descoberta de Heisenberg, o mundo mudou muito: duas guerras, nazi-fascismo, contracultura, movimento beat, rock and roll, ditaduras militares e civis mundo afora, fome, miséria aumentando em escala vertiginosa, desigualdade social, aceleração do tempo, e uma dependência alucinógena da tecnologia. O que mudou pouco foi a nossa forma de conceber a vida, a relação com a matéria, o papel da razão, embora pululem sinais de que nossa concepção ocidental de existência esteja no limiar; crise das instituições políticas; da democracia; do papel do estado; etc., até da razão.

O que a Física Quântica pode oferecer de novo? Que fique claro que existe uma parte da Física Quântica que é física pura, ou seja, detém-se sobre os quantos de energia, portanto, não se apresenta como nenhuma novidade no plano do pensamento, nem é sua pretensão. No entanto, de uma forma nada cientifica, as teorias de Heisenberg, Max Planck, Einstein e outros foram apropriadas por vários ramos do pensamento correlacionando à ideia, baseada na pergunta sobre para onde teriam idos os elétrons ou porque eles dão saltos, de que teriam ido para o mundo paralelo, ou seja, iniciava-se uma série de especulações acerca da existência de outras formas de energia para além do núcleo do átomo. Foi a porta de entrada para o surgimento de uma nova neuropsicologia, afinal, o pensamento é feito de pulsões elétricas, para o surgimento da física do impensável, para a revisão da história do pensamento ocidental, para insurgência de autores como Fritjof Capra e sua nova compreensão científica dos sistemas vivos.

Em suma, parte de teorias como as de Fritjof Capra sustentam que o grande problema se concentra na forma como concebemos a vida, o pensamento, as relações sociais dicotomizando homem-natureza, desprezando a intuição, a sensibilidade, a espiritualidade, limitando a possibilidade de mudança da realidade a partir da força da evocação de energias boas e transformadoras. Em livros como Ponto de Mutação, Capra afirma que a história da humanidade poderia e pode ser outra se concebermos o real a partir de vários ângulos e perspectivas existenciais e que o sistema cartesiano não poderia ser a matriz e a base de nossa forma de concebermos o mundo. No fundo, o paradigma ocidental tolheu a capacidade ocular de enxergarmos outros mundos pela força da cultura. Quem vê é o olho ou a cultura? A cultura baseada em uma matriz meramente materialista minimizou a própria matéria e sua zona de intercessão com os mundos paralelos.

A experiência de Masaru Emoto com as moléculas da água parece-me que explana bem esse ponto de vista. Dentro de vários recipientes com água ele colocou frases distintas que evocam sentidos diferentes: de ódio até o amor e fotografou com uma câmara especial as moléculas. Dias depois ele retirou as frases colocadas nos recipientes e voltou a fotografar a composição molecular da água. Nos vasos onde estavam as frases: ódio, raiva, desgraça, as moléculas estavam disformes, descompactas e alteradas, onde estavam as frases positivas as moléculas estavam perfeitas e integras. O princípio era o seguinte: o corpo humano é composto de 70% de liquido e, se se evocam pensamentos negativos o tempo todo a força de tal premissa altera substancialmente a saúde, o estado mental e emocional das pessoas.

Se isso vale para o corpo humano, para os indivíduos, que dirá para as sociedades!!! Se o que constitui a história é a forma como homens e mulheres concebem as relações sociais, travam suas disputas, se veem e são vistos, não está na hora de mudarmos o paradigma referencial do pensamento?                        



4 comentários:

  1. Henrique Borralho (Zeca), parabéns pela iniciativa de criação do blog. Também sou fã e adepto da Web 2.0 (tenho até uns dois bloguinhos, que não alimento há tempos).
    Seu texto, além de rico, expressa bem algo que há tempos reflito. A própria elevação do pensamento, em sua matiz coletiva.
    Ao que parece, o Brasil não possui uma referência muito consistente (posso estar bem enganado, pois não sou Sociólogo, Historiador ou Filósofo), eis que não se encontra uma diretriz exata de como se comporta o brasileiro, acho que fruto de degeneração. As próprias instituições refletem muito isso.
    Nos países nórdicos, tidos como de melhor índices de "civilidade", desenvolvimento humano etc., observa-se forte influência de pensadores existencialistas, como Kierkegaard entre outros. Acho, na minha ignorância, isso muito bom, pois cria uma identificação e um padrão comportamental positivo, pelo menos no âmbito intrínseco da comunidade, obviamente, reparando-se eventuais fundamentalismos.
    Na área que atuo, busca-se algo ideal, de modo que a influência Kantiana não deixa de preponderar. Sob meu ponto de vista (repito, não sou filósofo), creio ser um excelente padrão comportamental, em especial na esfera coletiva. A observação de imperativos, em destaque o da verdade, já seria um passo evolutivo tão importante como a própria criação da roda. Com efeito, teríamos uma resposta à altura da sua indagação: "não está na hora de mudarmos o paradigma referencial do pensamento?"
    Por não possuir formação nas áreas já citadas, posso ter expresso muita asneira. Portanto, perdão por eventuais impropriedades.
    Grande abraço e parabéns.
    Rubem Lima de Paula Filho (Rubinho)

    ResponderExcluir
  2. Meu querido Rubens, o Rubinho. Fico felicissimo com o teu comentário, e ao contrário do que disseste, tens sim muito conhecimento e propriedade sobre o que escreveste. Concordo com absolutamente tudo. Que bom que gostaste e compartilhaste tua opinião. Vou escrever a segunda parte do artigo. Não disseste nenhuma asneira e tem fluencia e propriedade sim para postar aqui teus comentários. abraços

    ResponderExcluir
  3. Otimo texto Henrique… Destaco a sua menção a Capra. Tive contato com o seu pensamento em uma espécie de filme baseado homonimamente no seu livro Ponto de Mutação. Não sei se na obra ele responde algumas questões que dizem respeito a como materializar algumas de suas ideias que, abordadas no filme, dão a entender que o problema não está em delimitação do caos, mas em não conhecermos as interdependências ou as conexões entre os problemas. A questão ecológica colocada por ele é urgente e creio que o caminho indicado pela sua teoria é correto. Ele mesmo atesta que há uma falência do paradgma cartesiano e esse seria o viés responsável pela insustentabilidade do pseudo-desenvolvimento que é capitaneado pelas grandes corporações, tão criticadas pelos usos indefinidos dos recursos. Não percebo claramente como que esta atestada “mundança de como vemos o mundo” poderia ser efetivada se o próprio sistema (aqui começa o meu medo do sistemismo) se organiza para que suas extruturas se renovem e não sucubam as crises. Aqui questiono: o proprio pensamento contemporâneo, que as vezes critica a forma como a ciencia avança ( ou não), não serve para a permanência dessas estruturas que tanto criticamos? Ou seria um certo romantismo em pensar que uma simples mudança de concepções em duas ou três gerações seriam suficientes para imprimir mudanças em uma rede de interesses tão complexa?...ficam ai as questões… :)

    ResponderExcluir
  4. Querido Romário,
    Adorei seu comentário, mas penso que não se trata de uma simples questão de mudar o pensamento de duas ou três gerações. Se assim pensássemos, descartaríamos as mudanças ocorridas nas gerações passadas. Seriam meros eventos que no fundo não transformaram efetivamente nenhum ponto de toda esta rede de interesses, inclusive o próprio homem.
    Na realidade, esta questão se encontra no cerne do que é ser humano! Algumas transformações de fato mexem com toda a matriz humana lhe obrigando a determinadas mudanças. Quem sabe se a física quântica de fato atrelada a espiritualidade e uma consequente visão de mundo em que tudo esta interligado, não significaria esta mudança ? Quem sabe esta não será intelectualmente " a era glacial" da humanidade que possibilitará posteriormente sua renovação e florescimento?
    Existem no cosmos elementos que estão bem acima de nossos sistemas...

    ResponderExcluir

Entrevista com Arton, de Sirius. Parte II

  Entrevista realizada no dia 14 de fevereiro de 2024, às 20:00, com duração de 1': 32'', gravada em um aparelho Motorola one zo...