quarta-feira, 21 de maio de 2014

A destruição da natureza e a transformação humana



A relação homem-natureza nem sempre foi de estranhamento. Houve época e em determinadas sociedades, como as africanas, as aborígenes, as pré-colombianas, as indígenas brasileiras, por exemplo, que os sujeitos pertencentes a tais conjunções sociais se sentiam extensões da natureza, derivados dela, pertencentes, unos, integrados.

À medida que o avanço urbano, fruto da expansão do deslocamento humano, das condições econômicas, das relações político-sociais, seguiu seu curso de controle sobre a natureza, fomos incorporando hábitos e motes de pensamento abastardando habitat natural e artificial, como se o meio-ambiente servisse única e exclusivamente aos interesses da produção de consumo humano, e não agente integrado do espaço.

A ruptura mais radical deu-se com o advento da modernidade europeia. A concepção de ciência oriunda desse período priorizou uma razão instrumental colocando a natureza como objeto de investigação científica, e a reverberação econômica, extensão desse modelo de percepção e sensibilidade, tomou-a como matéria-prima para o desenvolvimento da conturbada, atomística, segregadora concepção de progresso. Estávamos inventando uma segunda natureza humana.

As cidades se tornaram por excelência o espaço da reprodução do capital em larga escala. O capital, ainda que fruto das relações sociais e invenção humana, perverteu o sentido de integração e interação homem-mulher-natureza. Aceleramos tudo: o tempo, os sentimentos, a percepção sobre as sociabilidades. Os corpos foram afetados. Os corpos, cada vez mais robustos e alterados, adaptaram-se à lógica da dinâmica econômica, coadunada pelo frenesi da informação e da tecnologia.

O planeta adoeceu. Dantes, e é preciso deixar claro que sempre houve exploração da natureza, a sobrevivência humana é fruto de tal relação, a destruição dos recursos naturais era menor que sua capacidade de recuperação. Neste aspecto podemos falar em “equilíbrio”. Agora não, a capacidade de retirar e destruir o planeta atingiu patamares estratosféricos. Homens e mulheres também adoeceram.

A destruição de Gaya (planeta) alterou sensivelmente a condição humana. A alma humana adoeceu, vive imersa em ilusões e quimeras de que a modificação, a substituição e o deslocamento do controle econômico mundial de um país para outro, de uma região da terra para outra, levará à melhor qualidade de vida de seus habitantes no plano global. Mera ilusão!!! O que tem que ser substituído é a concepção predadora de exploração, de modelo econômico, da noção de acumulação. Natureza e condição humana são elementos da mesma face, um depende do outro. Quando ocorre este tipo de disfunção, todo o sistema de vida na terra entra em perigo.   













Entrevista com Arton, de Sirius. Parte II

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