A
vida é uma invenção, não biologicamente falando, mas discursivamente. Nem
sempre existiu a compreensão de respeito à integridade física em
relação ao outro, ou mesmo quanto a concepção de que a vida deveria ser
respeitada.
Entretanto,
à medida que a humanidade foi se constituindo enquanto um amálgama de
significados ilativos, tais como: união, solidariedade, amizade, liberdade,
dentre outros, estes sentidos foram se corporificando enquanto projetos de
humanismo, característica pletora da existência da condição humana. A partir
destes sentidos fomos moldando os conceitos de cultura, sociabilidade,
comunicabilidade, interação.
Vivemos
tempos de derrocada das metanarrativas, dos projetos e sonhos de igualdade, das
utopias. O século XX constitui-se enquanto laboratório de grandes experimentos
e esperanças, também de frustrações. O século XXI já se inicia com propaladas
pitadas de desesperança, niilismo, ceticismo.
É
certo que o discurso otimista, travestido na literatura de auto-ajuda,
constitui-se enquanto uma ferramenta do mercado, um instrumento de arrecadação
de vultosos capitais a partir da publicidade e promessa de vida melhor ante o
caos social, ou seja, a "onda do otimismo" se transformou num
fetiche, numa lógica de consumo.
Por
outro lado, o discurso pessimista também segue a mesma lógica, quer dizer, se
transformou numa percepção auto-referenciada, um instrumento de
consumo, afinal, também virou moda ser pessimista, considerar que não há saída,
além do caráter ideológico e do favorecimento do capital não oferecer
alternativas ao capitalismo. Virou um habitus, no sentido de
Bourdieu.
Ainda
assim, o niilismo e o ceticismo enquanto críticas ao que está posto, ao que não
serve, são melhores que o otimismo alienado, sem reflexão e criticidade social,
mas existem limites.
Precisamos
enxergar movimentos ao redor do mundo que sinalizam mudanças, tais como: o
movimento ambientalista, o slow food, slow science, slow
travel, a crise econômica europeia que faz emergir uma nova juventude que
repensa o lugar do consumismo, a primavera árabe, o avanço da esquerda na
América Latina (esquerda na América Latina não é a mesma coisa que na Europa),
a democratização da informação via internet, a revolução da produção
cinematográfica, a ampliação do mercado editorial, os limites da sociedade
ultramoderna, altamente decetiva e que não consegue se sentir bem apesar da
esfera e circulação de mercadorias, o surgimento de espaços alternativos de
discussão, de movimentos sociais, tais como hip hop, a música de
protesto na América Latina, a emergência de novos países enquanto atores
econômicos, dentre tantas outras questões.
A
esperança precisa ser uma utopia constante porque o tempo não para, a história
é dinâmica e somos capazes de superar essa fase hiperindividualista.
Bobo e alienado para mim, é o cara ver tudo que vem acontecendo ao seu redor e não parar para pensar e refletir sobre tudo isso...
ResponderExcluirPensar num mundo melhor e principalmente em como faze-lo ser assim não é ser bobo, muito menos alienado, mas sim uma grandiosa peça chave para o início ou crescimento de um pensamento que deveria ser mundial!
Vejo todos os dias oque descreves em texto, dentro do próprio meio acadêmico, um individualismo sem fim, onde uns passam por cima de outros, sem almenos se importar se aquilo será bom ou ruim, é como meu pai sempre diz, hoje as pessoas vivem no discurso: "O que importa sou eu, o resto que se dane"!
Que se dane os amigos e os inimigos...
Que se dane essa droga de democracia disfarçada que vivemos...
Que se dane a fome no mundo, minha barriguinha está cheia, isso que importa...
Que se dane o pobre,que não tem dinheiro para gastar em nossas lojas...
Que se dane a vida, pois em breve o mundo capitalista encontrará a formula da imortalidade!!!
E é assim que hoje vivemos... e enquanto assim for, tadinho desse mundo...
prefiro viver uma utopia da esperança do que morrer sem sonhar, lutar, acreditar... e espero verdadeiramente que a sociedade um dia acorde e perceba isso também...
Abrir tal discussão na internet é um começo, e um bom começo, esse é o caminho!
obrigado por sua indignação, bem-aventurados os que tem fome e sede de justiça, eles serão saciados.
Excluirabraços