segunda-feira, 10 de setembro de 2012

uma força suave e frágil

Um corpo franzino, esguio e esquálido,
frágil, contorcente, pálido e quebrável,
da força da desmesura de não ser o que é,
brota um desejo reprimido de não ser o que pensam,
quanta dor escondida no peito, peito que não aparece,
o corpo é de menino, mas na verdade é de mulher
de mulher não, de menina,
que joga bola, seu peso é de pluma,
suas canelas são compridas,
sua força é natural, sua dor é humana!
Quanta incompreensão, quanto fingimento, quanta vergonha,
por baixo desse corpo andrógino existe uma alma, alma que chora
sente, pensa e estremece,
como qualquer outra pessoa cujos membros estão sobressaltados,
mas que nela a pele que esconde sua identidade é proporcional à vontade de ser vista
como de fato é,
é só uma menina, é só uma criança, mas já carrega a dor do mundo,
a dor de não ser vista como de fato é,
sua força é proporcional a sua docilidade,
sua ternura é mais forte do que qualquer força bruta.


  

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