Todorov, no livro de crítica A
beleza salvará o mundo, analisando as obras de Wilde, Rilke e Tsvetaeva, mostra-nos
por que a arte é imprescindível.
Nascida
como aspiração ascética, encapsulada pela religião, que ocupou o espaço e ainda
ocupa de sublimação, a arte foi ganhando ares específicos de um tipo de
manifestação pungente da condição humana: a vontade de existir e de expressão
das variantes da percepção da existência.
A
obra e sua forma narrativa de contar a história transporta para o universo de
Wilde, Rilke e Tsvetaeva, identificando os sentidos que os levaram a
manifestação da vida, sem olvidar, é claro, das contrariedades e contradições
do existir. Nisso reside a beleza da vida e para isso existe a arte; o artista consegue desdobrar a dor da vida como
poucas pessoas, ele a transforma em arte.
Por
que a beleza salvará o mundo? Porque a magia da vida se esconde na adversidade,
na dor, na exceção, na falta, na tristeza, na ausência, exatamente para mostrar
que a vontade de transformar a dor em tristeza é a chave da descoberta do não
revelado. “Para passar pelo Cabo
Bojador, é preciso passar além da dor”, já disse Pessoa.
A
literatura possui essa imensa capacidade de traduzir em palavras o lugar comum
de nossa existência, portanto, ao falar do que é compungido para eles, Wilde,
Rilke e Tsvetaeva falam daquilo que é nosso, a arena e o palco onde a vida sem
arte precisa ser transfigurada na arte da vida e da vida que existe na arte e,
também, da vida da arte. Sim. Quantas pessoas já se debruçaram sobre a
trajetória da arte e correlacionaram com o movimento histórico da busca do
homem pela felicidade? Portanto, arte e vida se misturam, e aqui eu tomo a
literatura como expressão da arte, aliás, como arte em si mesmo.
Por
que a beleza salvará o mundo? Porque não inventamos a arte para suportar o peso
da vida; foi a arte que nos convidou para
adentrarmos nas suas sendas e mostrar que,
apesar de tudo, existe beleza.
Belíssima reflexão, professor.
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