sábado, 24 de setembro de 2011

A lamentável distancia no Brasil entre ensino básico e superior

Participei nos dias 21 e 22 deste corrente na cidade de Brasilia, do I Encontro Nacional do PARFOR (Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica) do governo federal, na condição de professor bolsista do PARFOR, da qual o Programa Darcy Ribeiro está inserido com 20 turmas em 11 municípios do Maranhão, tem a mesma natureza que o plano nacional, aliás, é anterior, representando a UEMA, juntamente com a Coordenadora Acadêmica Ligia Almeida, e a aluna do programa da cidade de Rosário, Joicimary Lima Rego. Na abertura do evento a Profª Drª Carmen Moreira Castro Neves, Diretora de Educação Básica - DEB/CAPES, mostrou e citou o material didático produzido pelo Programa Darcy Ribeiro da UEMA como sinônimo de qualidade e beleza. 

Como política de governo e demostrando a importância de tal programa, participou da solenidade de abertura o ministro da educação, Fernando Haddad, relatando os esforços do governo federal no plano educacional. Também estavam presentes representantes de todas as universidades brasileiras, na condição de professores, ou coordenadores do PARFOR, ou até mesmo aluno. Comecei a ter dimensão do que estava ocorrendo, afinal, a CAPES, que sempre se ocupou da Pós-Graduação, finalmente entendeu a importância da educação básica no país e vai passar a financiar projetos e custear bolsas de estudos para esse segmento.   

O encontro tinha por objetivo discutir os principais problemas e encaminhar sugestões para o bom encaminhamento do programa, além é claro, de ser também uma propaganda do governo federal para a educação. Não demorou muito para os ânimos se exaltarem e para aqueles que eram críticos do governo federal e do programa destilarem seus argumentos, todos válidos. 

Ficava cada vez mais acentuado os problemas educacionais do país. No entanto, acredito que um olhar mais arguto pode ter passado em brancas nuvens para um grande parte dos participantes, também passaria por mim se eu fosse um profundo conhecedor das politicas do PARFOR, mas na condição de professor e não de coordenador, restava-me atentamente entender os meandros dessa política, logo, meu envolvimento era diferente de quase todos que estavam ali. Foi ai que começei a perceber meu profundo desconhecimento sobre o que seja educação básica, os seus reais problemas e o quanto existe uma dissociabilidade entre educação básica e superior, e o quanto as universidades brasileiras ensinam, capacitam e preparam mal seus alunos, graduandos. 

Uma parte das críticas recaiu sobre os problemas operacionais do programa (só explicando: as universidades  são as responsáveis pela formação de professores leigos e/ou que cursam uma segunda licenciatura, mas não em sua área), mas o restante, embora tivessem a intenção de atacar o governo, estavam na verdade esgarçando as contradições da relação ensino-aprendizagem no pais. Ou seja, miraram no que queriam, acertaram em outra coisa, em si mesmos. Eu explico. 

Era necessário, penso eu, separar o que são os problemas de fundo operacional do programa (repasse de bolsas, cadastramento de professores, aplicação de recursos, visitas técnicas, avaliação e acompanhamento pedagógico) dos problemas que dizem respeito à concepção pedagógica que as universidades, digo, dos professores, acerca do que seja licenciatura, ensinar, preparar e capacitar professores que estão há anos em sala de aula sem recursos ou preparação adequada, além da exposição de problemas políticos, tais como: a falta de articulação de secretárias estaduais, municipais com o PARFOR e o desconforto das universidades com a educação básica nesse pais. Como no Brasil não existe política de Estado e sim de governo, não há nenhuma garantia da perpetuação desse programa, afora a oposição sistemática que governos não petistas fazem à política educacional dos governos Lula e Dilma. O PT, outrora oposição, era ardil nessa prática, hoje é governo. Ou seja, a expor as contradições do programa, e tem que expor mesmo, sem se darem conta, muito professores estavam fazendo verdadeiros atos de confissão de incompetência sobre o que seja ensinar nesse país, a começar pela separação entre o trinômio: ensino, pesquisa, extensão. Os problemas ficaram visíveis: embora a política seja nacional, de governo, a aplicabilidade do programa fica a cargo de cada universidade. Nesse contexto as diferenças entre as diferentes instituições de ensino superior nesse país saltaram aos olhos. Marilda da Silva, professora da UNESP de Araraquara foi taxativa: na sua universidade distribuição de disciplina, atribuição, não segrega o que é curso regular do PARFOR e, pelas condições de qualificação do seu estado, São Paulo, os professores do Departamento de Pedagogia que por ventura não podem ministrar aulas no PARFOR são substituídos por professores contratados que estejam no minimo cursando disciplinas do doutorado. Isso implica dizer que a forma de inserção de cada Universidade no programa é muito diferente, sem salientar, já mencionado, a falta de comprometimento das secretárias de educação e sua desarticulação e a falta de compromisso de muitos professores com o Programa. Há casos até da falta de compromisso de pró-reitorias com o programa, pasmem!!!!!

A questão central é que muitos professores ao reclamarem das politicas publicas referentes à educação expunham a deficiência da nossa formação e consequentemente da formação de nossos alunos. Muitas das reclamações eram provas cabais da falta de comprometimento de professores, da ausência de concepções teóricas e metodológicas sobre educação, da total incompreensão sobre avaliação, do improviso, da segregação entre o que é ensinar para alunos regulares da graduação e alunos-professores da rede básica de ensino, muito deles sem estudar há anos. Portanto, perderam a excelente oportunidade de, diante do ministro, expor os problemas das políticas públicas apontando as falhas operacionais do programa e expuseram o processo histórico brasileiro equivocado sobre o que é ensinar, que no fundo se reveste como crítica aos sucessivos governos brasileiros que passaram pelo Palácio do Planalto sem darem importância à matéria, em especial à educação básica.

Como guisa de exemplificação de nossas deficiências, fomos brindados com a excelente conferencia ministrada pelo Profº Drº Diogo Onofre Gomes de Sousa, da UFRGS, sobre o tema: "A importância da Neurociencia na sala de aula". O que um neurocentista faz ministrando uma conferencia para professores sobre sala de aula? Mostrar que a negligencia sobre o comportamento do cérebro humano é o primeiro erro que professores cometem todos os santos dias no Brasil. Para ele, a formação básica é fundamental no desenvolvimento do conhecimento e da pesquisa. Evidenciou como a complexidade coletiva não está acima da individual na sala de aula, e que portanto o cérebro é que torna os indivíduos únicos no universo, ou seja, a memória individualiza a existencia de cada ser. Aprender uma coisa nova é mais fácil que desaprender uma coisa velha, nós só aprendemos coisas novas porque todos os dias jogamos fora tantas outras informações que não nos são mais úteis. O Professor Diogo estava expondo nossas contradições, deficiências e o quanto todos os dias "matamos" as capacidades reflexivas nos alunos em sala de aula. Ele afirmou categoricamente que no Brasil professores ensinam mais por ideologia do que por conhecimento científico, ensina-se muito mais por convicções pessoais. Que fique claro que ele assumiu que tem posições ideológicas, todos nós as temos, é impossível separar o sujeito de sua condição histórica, o problema é quando essas convicções atropelam o próprio mecanismo do conhecimento. E conclui trazendo dados estatísticos de estudos realizados na Inglaterra comprovando a relação entre Educação Física e aprendizagem. Quanto maior a capacidade, a atividade física, melhor o desenvolvimento do raciocínio e da aprendizagem. A partir desse estudo a prefeitura de Farroupilha levará em consideração o ritmo biológico dos alunos na efetuação da matrícula em 2012, ou seja, alunos que tem melhor desempenho no turno matutino estudaram pela manhã, no turno vespertino, estudaram a tarde. Senti vontade de chorar quando me lembrei do meu Maranhão.

Chorar porque existe sim uma intrínseca relação entre políticas governamentais e o perfil, quadro da educação no nosso estado. O Profº Drº Antonio Carlos Caruso Ronca, Presidente do Conselho Nacional de Educação - CNE, trouxe dados estarrecedores sobre a nossa realidade. Alguns deles: apenas 50% dos jovens brasileiros em idade de conclusão do ensino médio frequentam escolas no país; as piores escolas brasileiras estão exatamente nas grandes metrópoles e nas cidades com até 10.000 hab; os estados que apresentam melhores resultados na educação básica nesse país são: Amapá, Ceará, e o nosso vizinho Piaui. O Maranhão, como sempre, apresenta os piores resultados.

Esse artigo é um desabafo, um grito, uma sensação de incompetência e desânimo de minha parte por constatar tal grave situação no estado do Maranhão. Estou fazendo mea culpa, repensando minha prática em sala de aula concebendo a educação apenas para um certo nível de conhecimento, como se meus alunos na graduação não estivessem sendo capacitados para também serem professores da rede básica de ensino.

Para concluir, gostaria de citar Ariano Suassuna. Quando entrevistado pelo excelente entrevistador Roberto D"Avila se ele era otimista ou pessimista, petardou: "_ não posso ser otimista ao longo dos meus quase 90 anos, seria uma prova de minha incapacidade de enxergar a realidade brasileira e não perceber as descontinuidades nesses país, os sonhos frustrados. Também não sou pessimista, caso contrário, daria cabo da minha vida. Sou um otimista esperançoso.

Foi com essa sensação que voltei de Brasilia.            

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

As raias da insanidade humana: máquina de guerra, controle da natureza, destruição do planeta



Uma reportagem exibida em 11 de setembro de 2011 no programa Domingo Espetacular, da Record, mostrou máquinas usadas supostamente para comunicação de rádio na ionosfera e com fortes indícios de que foram e estão sendo usadas para fins militares, pois possuem a capacidade de alterar fortemente o clima do planeta.

Desde a Segunda Guerra Mundial, também travada no âmbito das disputas científicas, vide as experiências nazistas de um lado, e as da tríplice aliança de outro, que se suspeita da manipulação das condições climáticas para fins bélicos. A reportagem mostrou fotos e arquivos documentais de uma grande tempestade 225 vezes maior que o normal e completamente atípica para a região de Lynmouth, interior da Inglaterra, possivelmente causada por experiências cientificas. Moradores da região relataram que horas antes da grande tempestade aviões da força área britânica faziam manobras nada convencionais no perímetro. Horas depois veio o dilúvio.

Durante a guerra do Vietnã há provas cabais de que os Estados Unidos utilizaram do mesmo recurso que a Inglaterra, só que dessa vez para provocar inundações nas imediações onde estavam as tropas vietcongs com intuito de dificultar sua mobilização. Esse mesmo recurso é utilizado hoje nas lavouras agricultáveis. 
   
A reportagem seguiu mostrando a possibilidade de manipulação de raios, de elevadíssima carga elétrica com o fim de derrubar aviões, tanques de guerra. Um raio é disparado ao ar tendo como conexão um longuíssimo cabo de energia preso ao solo. Uma vez disparado contra nuvens de tempestades e atingindo o cabo elétrico o raio acerta o alvo demarcado.

Agora vem o pior. No Alaska existe um aparelho por nome HAARP (sigla que significa Programa de Investigação de Aurora Ativa de Alta Frequência). Tal aparelho, construído pelo acordo entre Força Área, Marinha e Universidade do Alaska em 1993, tem como objetivo o estudo de transmissão de rádio de baixa frequência na ionosfera. O princípio é o seguinte: o HAARP emite ondas magnéticas de baixa frequência em sequencias intervaladas iguais. Como essas ondas emitem calor, ao atingir aquela zona elas facilitam o estudo de interações de temperatura e condições de pressão. O problema é que há fortes indícios de que tal experiência também afete drasticamente a temperatura do planeta, e que, muito provavelmente, esteja também associada às grandes catástrofes naturais, como terremotos no Irã, Afeganistão, Haiti, além de furações, curiosamente, o Katrina. Por que terremotos? O HAARP emite ondas sonoras afetando as placas tectônicas, além do fato, já sobejamente comprovado, de que esse fenômeno acontece pós-desastres e alterações climáticas.

O HAARP pode ser consequência direta da existência similar de um aparelho como esse na ex-União Soviética e que o governo dos Estados Unidos acusou de responsabilidade pela grande seca que devastou a Flórida em 1982, com 3 meses de forte estiagem, uma zona de calor inexplicável matando gado, destruindo plantações e causando fortes prejuízos à economia da região, impedindo a entrada de correntes marítimas resfriadoras do clima. É claro que o governo da União Soviética negou veemente à época. 
  
O estranho é que o HAARP é construído pós-Guerra Fria, quando assistíamos à disputa entre Gog e Magog, USA X CCCP, pelo predomínio militar e tecnológico do mundo; a União Soviética foi o primeiro país a lançar o homem em órbita terrestre, os E.U.A, o primeiro a pousar na lua; a União Soviética possuía o melhor avião de defesa, o Mig 28, os E.U.A o melhor de ataque, o F-14 Tom & Cat da Marinha; a União Soviética o melhor submarino, os E.U.A o melhor porta-aviões; a União Soviética os misseis Scud’s, os E.U.A, os Patriots, e assim por diante.

Essa disputa beirou às raias de uma guerra nuclear no episódio da crise dos misseis na Baía dos Porcos em 1962, quando misseis soviéticos instalados na ilha de Fidel foram apontados para a Flórida, levando John Kennedy a declarar que se qualquer um fosse disparado os E.U.A. contra-atacaria com armas nucleares. Faltou muito pouco para a 3.ª e última Guerra da humanidade.

Agora, finda a Guerra Fria, a existência do HAARP se volta possivelmente contra novos inimigos. Mas o que de fato se coloca em questão é a tentativa de manipulação da natureza para fins militares e/ou econômicos. Não há limites para a insanidade humana.

De um lado os ambientalistas afirmam que o modelo de desenvolvimento econômico predatório levará a exaustão do planeta, de outro, os que afirmam que o planeta passa por transformações endógenas, portanto, o aquecimento aconteceria com ou sem interferência humana. Há uma terceira vertente. Como os países emergentes pautam seu modelo de desenvolvimento na exploração de commodities, casos de Brasil, China, Rússia, Índia, levantam a lebre que os países ricos já esgotaram seus recursos naturais e querem impedir o desenvolvimento de emergentes com “discurso ambientalista”, pois sabem da modificação das relações econômicas no mundo. Enquanto isso, Gaya, a mãe natureza, o principio vital, agoniza e sofre com a ambição humana sem limites.

Estudos mostram que em apenas algumas décadas toda a calota polar do Ártico desaparecerá completamente. Ótimo! Bradam os desenvolvimentistas, assim haverá passagem natural entre os mares e condições de exploração do petróleo adormecido embaixo de grossas camadas de gelo!

Nietzsche e Marx em plena euforia desenvolvimentista do XIX disseram não ser essa a saída para a humanidade, mas nossa destruição. Eles anteviram o que acontece hoje. O planeta sucumbirá ou por máquinas de guerra que controlam a natureza, ou por esse modelo econômico insano, feroz, essa praga que consome a tudo.       



                         

sábado, 10 de setembro de 2011

Assim se passaram 10 anos. Uma tentativa de balanço sobre os ataques às torres gêmeas do world trade center

Daqui há algumas horas far-se-ão 10 anos do famigerado ataque com os aviões às duas torres gêmeas do World Trade Center. Posso, sem medo de errar, garantir que assisti quase todos os documentários sobre a matéria em canal fechado de televisão.

É impressionante como o viés, o enfoque é quase o mesmo: a dor, como ficou o mundo pós-ataque. O que me motivou a escrever esse artigo é uma certa irritação minha com a vertente e análise que se têm dado sobre o assunto, e claro que a questão do enfoque não é falta de criatividade, mas sim, político, já que atacar de frente a questão é colocar os Estados Unidos não como vítima, mas como co-participe desse processo. 

Que fique claro que sou compadecido e solidário com as mais de 3.000 pessoas que morreram no ataque, quer no avião, quer nas duas torres, quer os bombeiros. Aquilo foi sim um ato de covardia, já que as pessoas foram tomadas de surpresas e, a rigor, não estavam em uma guerra declarada nos sentidos considerados clássicos desta, volto a falar nisso mais abaixo. 

Assisti um documentário da National Geografic sobre as famílias das pessoas que foram mortas nas torres, grosso modo, estrangeiras. É que as torres eram escritórios das grandes corporações do mundo inteiro, uma torre de babel. O documentário retrata como ficaram depois dos ataques, desolador o quadro. Imaginem paquistaneses, indianos, chineses que levaram suas famílias para New York cujas mulheres não falavam inglês e nem trabalhavam, como ficaram pós-morte de seus cônjuges???!!! Muitos contemplavam a baia de Hudson através das janelas do mundo (nome do restaurante que ficava nos últimos andares da torre sul, onde as pessoas se encontravam para almoçar, fechar negócios e de onde saltaram para a morte). De fato terrível.

Eu estava no 11 de setembro de 2001 no meu quarto, casa dos meus pais, quando liguei a televisão e a CNN mostrava as imagens da torre norte em chamas quando o segundo avião se chocou com a sul. Eu não entendi nada e achava que se tratava de um jogo de video-game. Os letreiros diziam: America Under Attack. Estava acordando, levou tempo para entender o que se passava. 

Definitivamente a definição de guerra, de inimigo, mudou radicalmente. Demorou horas para que a Al-Qaeda assumisse os ataques, portanto, ninguém sabia ao certo quem era o inimigo e de onde vinha. Estava no próprio território estadosunideneses. Aquela ação alterava substancialmente a noção de terrorismo, embora vários outros exemplos já haviam acontecido, o problema era a escala e o local: solo americano e no coração do sistema financeiro do mundo. Havia também uma outra mudança: o inimigo necessariamente não era o Estado ou um Estado, mas uma organização ultrafanática que lutava em nome de Alá, a jihad, a luta contra os infiéis. Problema. Os muculmanos são 6% da população estadosunidense e são o contingente religioso que mais cresce no mundo. Não vou adentrar sobre as várias facções dentro do islamismo, mas é bom frisar que a Al-Qaeda não representa a concepção de guerra ou de religião dos muçulmanos. 

À época eu era professor de História da Faculdade São Luis e dias depois do ataque foi organizado uma mesa-redonda sob a responsabilidade do Profº Marcos Fábio para toda a faculdade analisando o ataque. Ficaram encarregados os professores Dilma Salustiano, tratando a questão do Direito Internacional, Augustinho Marques sobre o caráter pscicanálitico da violência. A sugestão do meu nome foi dado pela coordenadora do Curso de Direito, Angélica.

Eu abordei o caráter do histórico das violências praticada pelos Estados Unidos. Confesso que foi muita pretensão minha; em meio ao sentimento compadecido e consternado pelas mortes e uma profunda raiva a Osama Bin Laden, o patio lotado de alunos, professores e funcionários ouviram eu atacar os Estados Unidos, ao invés de me solidarizar com o país. Eu explico.

Eu havia estudado todas as ideologias de dominação e coesão nacional estudosunidenses; desde o corolário Polk, Destino Manifesto, passando pelo Big Stick, América para os americanos, Doutrina Monroe, New Deal, America way of life, etc, até as intervenções ao longo da história; México e a anexação da Flórida, Novo México, Texas, passando por Cuba, Panamá, ditaduras na América Latina, bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, Camboja, Vietnã, criação do Estado de Israel, bases militares em várias partes do mundo, apoio as guerrilhas na África, como em Angola, pós-emancipação de Portugal contra Agostinho Neto, até chegar no Talebã e Osama Bin Laden, quando os USA apoiaram tal movimento contra a presença soviética no Afeganistão. Só lembrando: foram os USA quem equiparam os Talebãs na guerra contra a presença soviética e fizeram de Bin Laden sua grande referencia. Aliás, a multimilionária família Bin Laden sempre teve negócios nos EUA e sempre foi aliada política da família Bush, sobretudo, o pai, George Bush. Basta assistir o documentário Farenheit 11 de setembro, de Michael Moore, ou ler seu livro Stuped White Man para ver as correlações econômicas, sem falar na teoria conspiratória que ele suscita ao proclamar que o ataque às torres teve a participação direta do governo estadosunidense por uma razões  simples: dinheiro, petróleo, instalação de um clima de teor no ar para o favorecimento de uma política armamentista que favorecesse empresas fornecedoras de alimento, armas para o governo dos USA. A empresa do vice-presidente na era George W. Bush foi a principal beneficiada com a guerra do Iraque, guerra não, massacre, afora a mentira: cadê as armas de destruição em massa que Saddam Hussein tinha?

Onde eu quero chegar? Eu não sou a favor de terrorismo, mas ele é um sintoma do modelo de dominação política, econômica e militar no mundo impetrada e dominada pelos EUA. Era óbvio que um dia a corda ia arrebentar. Toda ação provoca reação, nenhum pais em sua formação clássica de Estado iria enfrentar os EUA, então, somente com novas táticas de guerrilha para sangrar o grande império. Al-Qaeda usou a mesma tática para vencer os soviéticos: sangrar pelo dinheiro. Dez anos após os ataques Osama Bin Laden está morto, aliás, covardemente assassinado, afinal, seu paradeiro já era sabido há 6 meses atrás, mas Obama esperou o momento certo para utilizar a morte em beneficio de sua reeleição, seu grupo está enfraquecido, mas quem foi mesmo que venceu a guerra??? Os USA estão de joelhos com uma terrível crise financeira provocada pela China, pela crise cambial de 2008 e pelos vultosos recursos que utilizaram para fomentar a guerra contra o terrorismo. A tática da Al-Qaeda deu certo. 

O que é mais covarde ou tão covarde, matar 3.000 pessoas num atentado terrorista ou jogar duas bombas atômicas em duas cidades indefesas? Quantas pessoas morreram em Hiroshima e Nagasaki? Não foi usar de força descomunal? Por um acaso, quando foi mesmo que pediram perdão aos japoneses? Se querem saber, somente no ano passado mandaram um representante do governo americano para participar das solenidades sobre os ataques das duas bombas atômicas ... Alguém por obséquio pode calcular o mal que os USA já causaram ao mundo com suas intervenções, ataques, guerras, etc? Eles achavam que um dia isso não iriam se voltar contra eles? Vejam bem, não apoio o atentado às duas torres gêmeas, que fique bem claro, estou sinalizando que o ataque é consequência direta da política imperialista daquele país.

Pais belicista, belicoso, que ama a guerra, colhe sangue!!!!! Se ao menos o ataque às duas torres servisse para uma reflexão sobre as práticas de guerra que eles fizeram ao longo do século XX... Mas não, preferem se colocar como guardiães da democracia, dos direitos humanos, da verdade.... Enquanto torturam presos em Guantánamo, Cuba.

Daqui há algumas horas vai começar as comemorações dos dez anos do ataque e vamos assistir ao espetáculo midiático de como uma superpotência foi covardemente atacada por uns fanáticos loucos....Me compadeço pelas famílias que morreram no ataque, mas pensem também 

nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa, sem nada

das tantas vidas que os Estados Unidos tiraram ao longo de sua existência de outros povos...

Letra de Vincius de Morais, Rosa de Hiroshima 

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O 7 de setembro como festa anti-civica

Hoje pela manhã acordei, liguei a televisão e lá estava a esquadrilha da fumaça fazendo pirotecnia numa esplanada dos ministérios, ainda que lotada, dando a sensação de vazio de gente. É sempre assim nos 07 de setembro: a festa que deveria ser cívica, com pessoas comemorando a independência, é antes de tudo uma parada militar é não é difícil entender porque. E olha que esse ano a Dilma cortou em R$ 100.000,00 (cem mil reais) os gastos com o desfile em relação ao ano passado, custando ao erário a desse ano uma bagatela de R$ 900.000,00 (Novecentos mil reais).

Por que o dia da independência do Brasil não é uma festa cívica como nos Estados Unidos com os 04 de julho ou na França com as comemorações da Queda da Bastilha, nos 14 de julho? Porque aqui diferentemente desses países citados, a participação popular no processo de independência precisa ser relativizado e, pós-emancipação política de Portugal, frações de classes e setores populares se sentiram traídos pela elite política braziliense, que desejam tão somente a libertação do jugo metropolitano, já fissurado pela quebra do "pacto colonial" com a abertura dos portos em 1808, ditar suas condições econômicas na nova nação e a manutenção de elementos com a escravidão, pilar de sustentação da agroexportação brasileira. Resultado: escravos haviam desejado a independência do Brasil na esperança da abolição da escravatura; pobres militaram em alguns lugares nas lutas de independência no desiderato de mudarem suas condições econômicas; brazilienses bradaram independência ou morte com o fito de verem expulsos os portugueses que controlavam o aparato burocrático do estado, ocupavam posições importantes, controlavam o comércio. Ou seja, qual de fato era a perspectiva de criação de uma nação pautada em ideais de fato populares, ou que ao menos chamasse para a composição política diversos setores sociais? Vide o combate incisivo contra a Confederação do Equador e o que aconteceu anos mais tarde com a outorgação da Constituição de 1824, a ditadura de D. Pedro I criando o poder moderador, e a forma sanguinolenta como se combateu as revoltas civis como Balaiada, Cabanagem, Sabinada e Farroupilha. 

O resultado disso se sabe muito bem. Na montagem do aparato burocrático do estado brasileiro, já emancipado, prevaleceu os interesses classistas, controlado por famílias ricas e donas de centenas de hectares de terras, os latifúndios, o familismo político que comungava proprietários ricos e burocratas do estado, o voto censitário, o voto de cabresto, o coronelismo, a exploração social, a indissociabilidade entre entre o público e o privado do estado, os favorecimentos, clientelismo, a partidarização judiciária e um percepção nítida dos brasileiros de que no Brasil o estado não era uma entidade fenomenológica que estava acima do bem e do mal, a serviço do bem comum, mas antes, uma estância de favorecimentos de quem ocupava o Estado. Consequência: comemorar o que? Decorridos 189 anos do grito do Ipiranga o povo brasileiro assistiu bestializado a corrupção deslavada e cínica, o descaso, a não aplicação de recursos em educação, saúde, transporte, habitação. Viramos piada internacional, só sentíamos orgulho de sermos brasileiros em época de copa do mundo ou quando Ayrton Senna vencia na fórmula 01 aos domingos. 

Mas acho que as coisas estão mudando. Pela internet mobilizou-se o país inteiro contra a corrupção nos desfiles de 07 de setembro Brasil afora, tal como o movimento O Grito da Terra faz já há muitos anos. Houve indignação contra os sucessivos casos de corrupção, o brasileiro se pintou de preto e protestou dando novas cores ao verdeamarelismo meio forçado dessa data, um patriotismo meio envergonhado. 

Espero que esse movimento ganhe força e que o jornalista espanhol que publicou no jornal madrilenho El Pais afirmando: "Que pais é esse que reúne milhares na parada gay, outros milhares em marchas evangélicas, centenas na marcha da maconha mas não protesta contra a corrupção?", veja mudanças significativas no nosso país e que efetivamente tenhamos orgulho não só de nossa independência, bem como de nossa emancipação em todos os sentidos.

Parabéns ao movimento NAS RUAS. E viva a força da mobilização, nossa única saída.        





               

domingo, 4 de setembro de 2011

Uma triste cena: o fechamento da livraria Athenas, do Arteiro!

Ontem de manhã bem cedo me dirigi até o centro da cidade para três tarefas de cunho pessoal: repor o estoque de meu livro e apresentar o mais novo nas livrarias Vozes, Athenas e gravar um documentário sobre museus, série Conhecendo Museus, para um produtora de São Paulo, a FJPN.

Cheguei cedo demais, o Museu Artístico e Histórico ainda estava fechado, e a Vozes começava a abrir as portas, nem eram 8:00 da matina. Levei mais 5 livros para consignação, Uma Athenas Equinocial, e estava munido de mais cinco de Terra e Céu de Nostalgia. Mesmo fechada, fui recebido na Vozes e apresentei meu novo rebento; de pronto receberam e registraram. De lá, tinha a intenção de visitar a Athenas, mas estava de portas fechadas e com um placa dizendo: FECHADO PARA BALANÇO. Como eu não tinha para onde ir, entrei no carro que estava estacionado em frente à livraria Athenas, liguei o som e esperei a produtora chegar. De repente, vejo um rosto sair de dentro da livraria: era meu amigo Arteiro, que, de súbito, meteu a cara na rua e se trancou de novo. Não me contive, fui até a porta e comecei a chamar: – Arteiro!! Arteiro!!! Um olho me entreolhava pela fresta da porta. A voz respondeu: – Entra, Henrique. Entrei. Cena desoladora: paredes nuas e brancas, sem prateleiras, caixas no chão, livros empilhados. Sem saber o que dizer, emendei: – Vais te mudar para onde? Ele retrucou: – Para lugar nenhum, eu fechei. Silêncio. Ele pegou um caixote e me serviu como um banquinho, apertou e minha mão e disse: – Eh, meu amigo, depois de 13 anos minha história com os livros e com esta livraria se encerra, e começou a me contar o porquê.  

Eu senti um nó na garganta vendo meu amigo Arteiro cabisbaixo, triste, discorrer sobre os percalços que levaram ao fechamento daquele importantíssimo estabelecimento. Passou um filme na minha frente à medida que a história seguia.

Fui apresentado à livraria Athenas e ao Arteiro pelas vias de meu grande amigo e colega de trabalho Alan Kardec, um compulsivo comprador de livros. Sua biblioteca e de sua esposa, minha também amiga Helidacy e igualmente colega de trabalho, tem um acervo invejável, parte dele adquirido na Athenas

Eram os tempos da tenra graduação, das incertezas, dos sonhos do futuro, quando depois das aulas de História da UFMA descíamos a Rua do Sol direto para o Arteiro; eu, para olhar os novos títulos, Alan para comprar. O que não havia de novos títulos ou daquilo que os professores nos recomendavam, encomendávamos imediatamente. Assim começou minha amizade com Arteiro. Foi a partir dele que conheci seu outro irmão, também livreiro e meu amigo Armando, dono da Prazer de Ler, sediada no CCH da UFMA, foi quem me levou para uma noite de autógrafos na feira do livro no Shopping São Luís e que me apresentou o Murilo, da Vozes.

A crise financeira que levou ao fechamento da livraria Athenas é decorrente das compras via internet que reduziram brutalmente o fluxo de compradores de livros, aliado à localização: Centro da cidade, Rua do Sol, e seu substantivo esvaziamento para a parte nova da cidade além ponte. As pessoas não saem mais de casa para ter problemas de estacionamento no Centro de São Luis, os shopping são a bola da vez. 

Por outro lado, é inevitável não se pasmar com o fato de uma das livrarias mais importantes e conhecidas da cidade ter cerrado sua portas. Numa pesquisa de telemarketing realizada durante o biênio 2004-2005, válida para os anos de 2005-2006, pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa de Opinião Publica, INBRAP, num  universo de 9364 entrevistados, 81% se lembravam da marca Livraria Athenas espontaneamente. 83% reconheciam a marca da empresa, 75% gostavam do atendimento, 67% reconheciam com boa a estrutura, 91% admiravam a qualidade e ela se encontrava num patamar de 79,4% Top of Mind. Foi a vencedora do Prêmio Top of Mind na categoria comércio varejista de livros, jornais, revistas e papelaria.     

Como pode uma cidade assistir ao fechamento de uma livraria desse quilate? Que cidade é essa? Lembrei-me automaticamente das discussões no século XIX acerca da qualidade, nível e quantidade de leitores nas instituições de cultura da província, como bibliotecas e o importante Gabinete Português de Leitura; fechou por falta de leitores. Seria cômico se não fosse trágico: na propalada e mítica Athenas brasileira a livraria Athenas fecha suas portas por falta de compradores, quer dizer, leitores !!!  

Perguntei ao Arteiro o que eu podia fazer para ajudá-lo. Ele mencionou que vai vender todo o estoque por preços módicos durante a V Feira do Livro. Então conclamo a todos os leitores, amantes da cultura, que espalhem a notícia e que comprem livros na livraria Athenas durante a Feira!!!  

Arteiro, que Deus te abençoe na tua nova empreitada e obrigado por deixar parte da cidade de São Luis aquinhoada por informação e cultura durante os 13 anos de vida da tua livraria. 





Coisa que Nunca Disse


Coisa que Nunca Disse

Por Cesar Borralho


Poesia é a parte exuberante da vida, tão exuberante que quase sempre parece não fazer parte dela. É uma atmosfera da arte ou a arte de uma atmosfera íntima. Poesia é o vento que leva o barco quando barco não há. É uma caravela dentro da gente. Poesia é a ilusão de que há uma beleza maior na vida ou a certeza dela. É uma coisa bela que dá na gente quando a gente tá contente e uma coisa boa que dá quando uma coisa ruim tá corroendo tudo por dentro, impacientemente, como quem quer nos matar.
Eu queria saber pintar. Eu queria saber compor música, cantar. Isso só sei tentar fazer com a palavra. Mas é tão difícil conseguir. Há um sopro que passa por dentro e precisa pousar ali no papel para continuar dançando. É como se não houvesse opção. Ocorre que preciso escrever! De todas as coisas importantes que já desisti na vida, esta é a única que não está entre elas. Quando algo dá certo, ela está ali por perto. Quando a gente fracassa, ela mesma cansada está lá. Quando não há nada, ela ali parada não deixa a gente cessar. A poesia nunca se cala em alguma palavra e nunca se farta. O poeta é o homem que não concreta a leveza do que ela não precisa, cai em sua asa, voa, desliza com as coisas. Um dia eu serei poeta, talvez!
Há alguns anos atrás, participei de um concurso literário chamado Festival de Poesia Falada, do Departamento de Assuntos Culturais (DAC) da UFMA. Penso que se tratava do mais importante festival de poesia do Maranhão na categoria de um único poema – tamanha é a escassez de eventos desta natureza. Eu era uns 10 anos mais jovem e para minha alegria, venci-o. Festival a gente não ganha, vence. O prêmio conferido ao 1º lugar era de uma importância pecuniária de R$ 600,00. Quem vence colhe certo louro e a vaidade mesmo que minimamente agradece. Drummond aconselha a quem participa de festivais de poesia: “Participe, o máximo que pode acontecer é receber um prêmio de um júri que sua consciência crítica não premiaria.” Ou quase isto. Tratei de criar um poema para o ano seguinte. Deixei na gaveta e o lapidava de tempos em tempos, com paciência, cuidado, cinzel e nuvem. Um dia não consegui mais mexer nele, fiquei satisfeito com o poema e o que consegui fazer estava feito. O festival chegou novamente e tratei de me inscrever, certo de que por se tratar de um trabalho que julguei melhor que o anterior, abocanharia pelo menos o 3º lugar. O festival era composto por várias eliminatórias. A queda veio antes do fim ou o fim veio antes da guerra. A primeira eliminatória foi fulminante: Desclassificado. Fiquei sem entender aquilo, achei injusto e por fim acatei, pois nada se pode fazer face ao resultado. Porém, não mais participei. Embora não tenha desacreditado de mim, desacreditei do festival. 
O tempo passou e morando em outro Estado, de posse do jornal local verifiquei um festival de poesia cujo prêmio era Francisco Igreja. Por achar que se tratava de algo paroquial, ignorei. Ano seguinte novamente a notícia veio ter comigo sobre o festival. Superei minha ignorância e li com atenção. O nome do prêmio se tratava de um nome próprio, uma homenagem póstuma e vitalícia ao idealizador da associação de poetas, o poeta luso-brasileiro Francisco Igreja. Inscrevi-me. O regulamento rezava que haveria apenas uma eliminatória selecionando os 20 melhores poemas e uma final na Biblioteca Nacional. Os dias passaram e de repente estava eu na final.
O dia chegara e quando abri a porta do salão percebi o quanto estava mal vestido O ambiente era suntuoso, o frio que fazia escondia as mulheres sobre belos casacos comprados para momentos como aquele e os homens vestiam ternos impecáveis ou charmosas jaquetas de couro. Saí imediatamente, fumei um cigarro, tentei administrar o súbito constrangimento e retornei. Afinal, não havia espaço para covardia.
Os poemas foram defendidos e um curto e aflito intervalo precedia o resultado. É sempre muito tenso o momento dos resultados, os nervos ficam agitados, a boca seca, um silêncio interior se confunde com um medo que não dá para controlar, até que o júri anuncia finalmente a decisão e não há mais nada há fazer. Em 3º lugar: Renata Paccola: Paulista, autora dos livros de poemas De Vulto A Volta (Ed. Mirante, 1983), Tempo (Ed. Scortecci, 2003) e Grilhões de Vidro (Ed. Scortecci, 2003). Renata Paccola é Presidente Estadual da Sociedade de Cultura Latina do Brasil (SP) e 1ª Secretária da União Brasileira de Trovadores (UBT), seção São Paulo. Premiada em centenas de concursos literários no Brasil e em Portugal. Com o auxílio da web é fácil verificar, tá lá.
Em 2º lugar foi premiado Aníbal Albuquerque. Mineiro, pertencente à União Brasileira de Escritores, a Arcádia Brasílica de Artes e Ciências Estéticas, do Rio de Janeiro, a Academia Tricordiana de Letras e Artes, a Academia Varginhense de Letras, Artes e Ciências e a Academia de Letras do Brasil — Mariana. Embaixador Universal da Paz do Cercle Universel des Ambasseurs de la Paix (Genebra – Suíça). Condecorado com a “Medalha Olavo Bilac”, concedida pelo Cenáculo Brasileiro de Letras e Artes (1998). Foi eleito “Príncipe dos Escritores Brasileiros”, em Concurso Nacional promovido pela ALECI-SL.
A esta altura a expectativa está ao lado da derrota. Quando só falta o 1º lugar e não se está em 3º ou 2º, só resta tudo ou nada. A tensão chegava ao ponto máximo. Eu não tinha a menor chance, pensei, mas não dei crédito ao pensamento. E o júri anuncia o poema O Carteiro, de César Borralho em 1º lugar. Demorei alguns segundos para acreditar. Maranhense, natural de Codó, nada nunca publicado, não tem nem currículo Lattes online. A vida tem maneiras estranhas de nos convocar a auto-estima. Fiquei muito feliz e isto me sublimou. Em pouquíssimo grau e de curtíssima duração senti um desgosto, amargor, decepção com a ingrata(?) Ilha de São Luís e seus mentores da cultura. Explico imediatamente. O poema premiado, O Carteiro, foi exatamente o mesmo que fora antes em São Luís d-e-s-c-l-a-s-s-i-f-i-c-a-d-o. Não modifiquei, oclui, ou acrescentei uma só vírgula. Do jeito que estava ficou. Como disse antes, na web a gente pode constatar mais rápido as coisas: http://www.apperj.com.br/festival_poesia_faladarj.htm. O site da APPERJ – Associação Profissional de Poetas no Estado do Rio de Janeiro é referendado no Diretório Mundial de Poesia da UNESCO. Este acontecimento me fez seriamente repensar minha cidade neste quesito, mas tratei de ficar em silêncio até agora.
Algumas coisas em São Luís pecam contra a sensibilidade, mas a sensibilidade é um dom que a gente descobre quando ela nos beija a boca como quem ama ou com quem morde. Para guiá-la é necessário ser conduzido por ela e para tanto, é preciso mais que técnica, é obrigatório uma vontade gratuita. A técnica é um acidente da razão, a última a ser convidada para a festa, é tão modesta que não sabe dançar, tem nada a ver com isso mas faz questãozinha imensa de estar lá.
Eu nunca sei se insistir é a coisa certa a fazer ou burrice mesmo. Com muitos conflitos internos decidi que pior do que reclamar dos espaços conquistados é não tentar conquistá-los. Ano passado encontrei um amigo no bar e me falou que no dia seguinte se encerrariam as inscrições do Festival de Poesia do DAC. O prêmio havia melhorado consideravelmente. 1º Lugar R$ 1.600,00. 2º R$ Mil e alguma coisa, 3º Mil reais. O resultado chegou rápido pra mim, desta vez fiquei em 3º lugar. Bom, isto já vai fazer aniversário de um ano, mas não há bolo nem vela, pois o DAC ainda não pagou o prêmio. Por vários motivos é difícil ser poeta em São Luís, além de tudo, agora precisa de advogado também?

 César Borralho

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