Desde
o início do processo de humanização dos homens e das mulheres, nem sempre fomos
humanos, que a luta pelo desvelamento do mundo, a criação de simbologias, mitos
e ritos encampam uma espécie de descoberta do cosmos, do mundo, dos sistemas de
compreensão da existência sobre a face da terra. Vieram depois as
civilizações, a criação das cosmogonias, da astrologia, os pré-socráticos, os
sábios, magos, as religiões, a filosofia, sacerdotes em várias culturas no
intento de entender os significados das existências humanas.
As
primeiras teorias interpretativas sobre a condição humana, a terra, tateavam em
busca de algum sentido sobre o porquê da nossa existência. De onde viemos?
Quem somos? Para onde vamos? Eram alguns dos inquietantes
e insolúveis debates cerrando fileiras na tentativa de monopolização
de qualquer resposta, por vezes antagonizando sociedades que se julgavam
superioras às outras. Em nome da verdade instituem-se religiões que passaram a ser salvaguardas dos
mistérios do mundo, da mesma forma que a ciência, nascida do
iluminismo como decurso distorcido dos princípios socráticos,
tornou-se tão dogmática quanto as religiões.
A
terra não era mais quadrada, não era mais o centro do universo, Kepler
descobrira o sistema de circulação sanguínea, Descartes existira porque
pensara, Maquiavel desnudava a política, a modernidade dava cabo de desencantar
o mundo. No dizer de Hannah Arendt: deixávamos de ser criaturas para
sermos criadores de processos naturais. O Ocidente nunca mais seria o mesmo.
Veio
o século XIX como desdobramento do iluminismo e prometeu via ciência a
felicidade, o progresso pela razão, pelo menos na acepção do positivismo, foi o
século do darwinismo social e biológico, do nascimento da história
enquanto ciência, da antropologia e sociologia. Eram os tempos da Belle
Époque e da esperança de que as trevas do “obscurantismo sensista”
jamais retornariam, até as trincheiras da I Guerra entulharem de sangue!!!
Na
virada do XIX para o XX acreditava-se que a Física newtoniana estava morta. Era
uma ciência sem grandes perspectivas, pois não havia mais nada a ser dito
sobre a matéria, até aparecer Heisenberg com sua formulação
da mecânica matricial mostrando que os operados dependentes do espaço
e estado quântico são independentes do tempo. Ele havia chegado a
essa conclusão a partir de uma experiência de deslocamento de partículas, elétrons,
que, de forma acelerada, surpreendentemente não
saíam do Ponto A para o
B, eles saltavam. Depois vieram Max Planck e Einstein e a física nunca
mais seria a mesma. Na verdade, a história do pensamento....
Decorridos
100 anos daquela descoberta de Heisenberg, o
mundo mudou muito: duas guerras, nazi-fascismo, contracultura, movimento beat,
rock and roll, ditaduras militares e
civis mundo afora, fome, miséria aumentando em escala vertiginosa, desigualdade
social, aceleração do tempo, e uma dependência alucinógena da
tecnologia. O que mudou pouco foi a nossa forma de conceber a vida, a relação
com a matéria, o papel da razão, embora pululem sinais de que nossa concepção
ocidental de existência esteja no limiar; crise das instituições
políticas; da democracia; do papel do estado; etc.,
até da razão.
O
que a Física Quântica pode oferecer de novo? Que fique claro que existe
uma parte da Física Quântica que é física pura, ou seja, detém-se
sobre os quantos de energia, portanto, não se apresenta como nenhuma
novidade no plano do pensamento, nem é sua pretensão. No entanto, de uma forma
nada cientifica, as teorias de Heisenberg, Max Planck, Einstein e outros foram
apropriadas por vários ramos do pensamento correlacionando à ideia,
baseada na pergunta sobre para onde teriam idos os elétrons ou porque eles dão
saltos, de que teriam ido para o mundo paralelo, ou seja, iniciava-se uma série
de especulações acerca da existência de outras formas de energia para
além do núcleo do átomo. Foi a porta de entrada para o surgimento de uma
nova neuropsicologia, afinal, o pensamento é feito de pulsões elétricas,
para o surgimento da física do impensável, para a revisão da história do
pensamento ocidental, para insurgência de autores como Fritjof Capra
e sua nova compreensão científica dos sistemas vivos.
Em
suma, parte de teorias como as de Fritjof Capra sustentam que o grande problema
se concentra na forma como concebemos a vida, o pensamento, as relações sociais
dicotomizando homem-natureza, desprezando a intuição, a sensibilidade, a
espiritualidade, limitando a possibilidade de mudança da realidade a partir da
força da evocação de energias boas
e transformadoras. Em livros como Ponto de Mutação, Capra afirma
que a história da humanidade poderia e pode ser outra se concebermos o real a
partir de vários ângulos e perspectivas existenciais e que o sistema
cartesiano não poderia ser a matriz e a base de nossa forma de concebermos o
mundo. No fundo, o paradigma ocidental tolheu a capacidade ocular de enxergarmos outros mundos pela
força da cultura. Quem vê é o olho ou a cultura? A cultura baseada em uma
matriz meramente materialista minimizou a própria matéria e sua zona de
intercessão com os mundos paralelos.
A
experiência de Masaru Emoto com as moléculas da água parece-me que explana bem
esse ponto de vista. Dentro de vários recipientes com água ele
colocou frases distintas que evocam sentidos diferentes: de ódio até o amor e
fotografou com uma câmara especial as moléculas. Dias depois ele retirou as
frases colocadas nos recipientes e voltou a fotografar a
composição molecular da água. Nos vasos onde estavam as frases: ódio,
raiva, desgraça, as moléculas estavam disformes, descompactas e alteradas, onde
estavam as frases positivas as moléculas estavam perfeitas e
integras. O princípio era o seguinte: o corpo humano é composto de 70% de
liquido e, se se evocam pensamentos
negativos o tempo todo a força de tal premissa altera substancialmente
a saúde, o estado mental e emocional das pessoas.
Se
isso vale para o corpo humano, para os indivíduos, que dirá para as
sociedades!!! Se o que constitui a história é a forma como
homens e mulheres concebem as relações sociais, travam suas disputas, se veem e
são vistos, não está na hora de mudarmos o paradigma referencial do pensamento?