terça-feira, 16 de agosto de 2011

O jeito Dilma de trumbicar

Quando a então ministra da Casa Civil apontava como possível sucessora de Lula, setores do fragmentadíssimo Partido dos Trabalhadores em suas tantas correntes, torceu o nariz por não ser ela uma "petista histórica", e ter "passado" a frente de tantas presidenciáveis que almejavam sentar na cadeira de presidente do Palácio do Planalto. O jeito "durão" da presidenciável Dilma, herança da militância de esquerda e do radicalismo dos movimentos revolucionários, por um lado apontava a possibilidade de resgaste de um PT desgastado pela busca insana pelo poder e pelo abandono de velhas bandeiras, como a ética na política, que o bom e velho Lula não enxergava em alguns dos seus colegas correligionários. Sob essa ótica Dilma representava uma mudança, uma novidade no jeito petista de governar, já desgastado por escândalos, como o Mensalão, o caso Celso Daniel, a morte suspeita e nunca revelada de Toninho do PT em Campinas, entre tantos outros.

Dilma inexoravelmente simbolizava uma tática, uma possibilidade de "resgaste" da alma do Lula, vendida ao diabo por ter como parceiro e articulador politico principal José Dirceu, rifado das lides políticas por ter enfrentado uma cobra pior do que ele, Roberto Jefferson. Há quem pense que a escolha de Dilma deveu-se somente pela proximidade entre Lula e ela, ledo engano. Dilma era a simbolização de que Lula tinha sido "traido" por antigos companheiros que enlamearam-se de corrupção, a companheira Dilma não se permitiria isso.

Quando agora assiste-se pela televisão os sucessivos casos de demissão de Ministros, assessores, etc, às vezes de forma quase sumária, exceto Palocci, minando a base do governo, criando um problema político entre o PT e a base aliada, entre o Palácio do Planalto e o congresso, há quem pense no quanto o jeito Dilma de trumbicar é diferente da parcimônia, conivência de Lula com a corrupção. Devagar com a dor, não há tanta diferença assim.

As diferenças ficam por conta da falta de carisma de Dilma, ao contrário de Lula, da falta de articulação e capacidade de negociação dela, por vezes recorrendo ao velho barbudo para composição política, do momento econômico e político que o país vive, mas as diferenças não passam disso. Dilma está fazendo o que Lula em parte gostaria de fazer se não estourasse o escândalo do mensalão que quase lhe custou a presidência,  portanto, não restava a Lula outra coisa senão negociar, negociar, negociar e vender a alma ao oligarca Sarney, dono de parte considerável do PMDB e fiel da balança na tal governabilidade.

Ao mostrar uma suposta austeridade Dilma nesses primeiros 8 meses de mandato tentar evidenciar uma característica dística de Lula, conotando que não é tutelada pelo seu mestre e que irá impor moralidade na máquina pública. No entanto, nas ações de demissões quase sumárias dos casos de corrupção do governo há uma estratégia política por detrás disso. Ela tenta denotar que se faz isso, faz por que tem respaldo ao assumir o cargo deixado por um presidente que deixou a presidência com 80% de aprovação, faz porque assim é supostamente a forma petista de governar, ambicionando a perpetuação do projeto de poder desse partido para 40 anos, faz por que assim prepara terreno para um suposta retorno de Lula, desobrigado da função que remediar situação esdrúxulas, ou, cria lastro para se legitimar como candidata à reeleição.

Qualquer que seja o motivo das demissões quase sumárias o que se esconde é uma estratégia de alijamento de parte da base aliada do governo, ávida por cargo e que no governo Dilma está claro que não goza das mesmas condições que no governo anterior, portanto, nesse aspecto, não há diferença entre Dilma e Lula, Dilma está fazendo o que Lula gostaria de ter feito mas não pode, apesar de sua imensa popularidade. Tanto para Lula quanto para Dilma o que está em xeque é o projeto de poder do PT... foi por isso que Lula a escolheu...

Quer seriedade da máquina pública? Diminui a quantidade de cargos comissionados na estrutura de governo, muito deles ocupados por correligionários do PT, diminui a quantidade de ministérios, fiscaliza as obras da copa de 2014 sem a cretinice do caráter de urgência nas obras, cria critérios técnicos e não políticos para escolhas de determinados políticos... Quero ver!!   
         

4 comentários:

  1. Cara teu texto ta muito bom.Creio que a Dilma realmente se sente segura em promover inúmeras demissões causadas por escândalos de corrupção,devido ao largo índice de aprovação do governo anterior(Lula).Alem disso,pelo que sei ela também rompeu com o Ricardo Teixeira,presidente da CBF,um dos oligarcas desse nosso Brasil.Em contra mão ainda continua aliada do Sarney,visto que o Maranhão é um dos maiores colégios eleitorais petistas(não se pode ter Sarney como inimigo político),apesar de achar que hoje que esse desvencilhamento não abalaria os votos do partido dos trabalhadores aqui.
    Sobre o Lula,acho que ele foi frouxo.Em nenhum momento ele falou abertamente sobre os escândalos de corrupção.De incendiário dos tempos de militância onde insuflava a "massa" o Lula se tornou um bombeiro que apaga as chamas ou pelo menos as coloca debaixo do tapete.

    Creio que são estilos diferentes de governar,mas nada mudou na política do PT.Aliais,a política brasileira é feita de contradições isso já esta comprovado.O Lula fala que é do povo em contra partida apóia uma das maiores oligarquias desse pais.A Dilma combate com punho de ferro da corrupção,mas tinha Antonio Palocci como ministro.

    Concordo contigo o estilo de governar mudou, mas o projeto é o mesmo.Ainda querem fazer um filme sobre ela,vem ai outra bomba assim como foi Lula- o filho do Brasil...

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  2. obrigado wendell. é mais ou menos isso que penso. vamos ver se a gente cria um espaço para debate sobre esse e outros governos

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  3. Como diz Marilena Chauí, "Sindicalista nunca é radical, gosta de negociar".
    De fato o governo de lula foi um governo de concessões que se projetou como um enorme "consenso forjado" de boa política!

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  4. Sabe aki do outro lado do mundo a visao q as pessoas tem do Brasil melhorou, nao é mais só o país da alegria, das festas, carnaval e futebol. O Brasil tem sido visto como uma grande economia agora e para mais além, mas nós brasileiros q nos conhecemos culturalmente falando, "herdeiros" de uma"escória" lusa dos tempos coloniais carregamos um cetismo ou uma "utopia" da esperanca de tempos dignos, pense no q é digno, pq o maior germe nao é nome desse ou daquele político, Dilma, Lula, Sarney e nem de partidos, PT, PMDB... e ou sei lá o que, o que há é um germe e esse chama-se corrupcao do ser humano q vai além, alcancando a psique q mais uma vez vai além da Ciência, alcanca valores q vao além dos limites da razao...

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